É uma situação inconveniente que muitas vezes impede o paciente de ter uma vida independente e realizar tarefas simples, como comer, se vestir ou tomar banho. A espasticidade também aumenta as chances de quedas e fraturas e causa muita dor em razão da própria contratura muscular, o que prejudica a qualidade de vida”, esclarece a neurologista Carla Moro, presidente do Conselho Fiscal e Consultivo da Associação Brasil AVC (ABAVC).
Infelizmente a espasticidade é imprevisível: enquanto alguns pacientes desenvolvem a condição logo após o derrame, muitos demoram meses ou até anos para apresentá-la. Entre os sintomas mais comuns do quadro estão a paralisia, a falta de força, a hiperatividade muscular, a perda funcional ou lentidão dos movimentos e até a deformidade postural.
Mas existem formas de contornar a espasticidade e quanto mais rápido implementadas, melhores serão os benefícios para o paciente. A abordagem, inclusive, deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar, envolvendo prioritariamente um fisioterapeuta neurofuncional, um terapeuta ocupacional, um neurologista e/ou um fisiatra.
A opção injetável é a toxina botulínica disponível, inclusive, no Sistema Único de Saúde, a qual proporciona melhora no controle do padrão espástico, possibilitando um posicionamento adequado, melhora na mobilidade e redução da dor. Outras opções, porém, com indicações mais restritas, seriam as bombas de infusão ou tratamento cirúrgico”, destaca.
Fibrilação atrial: um dos fatores de risco
Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao AVC (29 de outubro), um evento realizado no Fórum Regional da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, colocará holofotes em um dos principais fatores de risco para a doença, mas que ainda é pouco conhecido no Brasil: a fibrilação atrial. Esta arritmia é importante causadora de Acidente Vascular Cerebral isquêmico, já que o fluxo sanguíneo irregular facilita a formação de coágulos dentro do coração. Se eles se desprendem, podem entupir artérias, impedindo que o sangue chegue ao cérebro.
“A Fibrilação Atrial é, muitas vezes, assintomática, mas extremamente perigosa”, explica Dr. Alexandre Chieppe, diretor médico da MedLevensohn. Ela aumenta em até cinco vezes o risco de AVC e se estima que dois milhões de brasileiros convivam com a arritmia, mesmo sem saber. “O AVC causado pela FA pode ser bastante grave, causando sequelas, como paralisia, alteração da fala e memória, ou até mesmo levando ao óbito. Por isso, acreditamos que, por meio da prevenção, temos a possibilidade de reduzir a quantidade de casos de AVC na população”, afirma o médico.
A distribuidora de produtos de saúde, em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (CAARJ) e a Ordem dos Advogados do Brasil – Rio de Janeiro, realiza nesta quarta-feira, 30, ação com o aferidor de pressão arterial Microlife Afib, um pequeno aparelho identifica, em poucos minutos, a presença da FA em um paciente. “Com um método simples e não-invasivo, um dos principais fatores de risco do AVC pode ser detectado com elevada acurácia e precisão. Os ganhos propiciados são imensuráveis pois, além de reduzir custos, ele salva vidas”, destaca o CEO da MedLevensohn, José Marcos Szuster.
Os principais sinais e sintomas dos AVC são dor de cabeça muito forte, de início súbito, paralisias de membros, perda súbita da fala, dormência na face, nos braços ou nas pernas, perda da visão ou dificuldade para enxergar. “Outros efeitos bastante comuns são as alterações na memória, no caso do AVC isquêmico, e náuseas, vômito e confusão mental, no caso do hemorrágico”, afirma o Dr. Chieppe.
Como fatores de risco, além da Fibrilação Atrial, estão tabagismo, diabetes, consumo de álcool e drogas, estresse, colesterol elevado, sedentarismo e hipertensão. O especialista orienta que, ao se suspeitar da ocorrência de AVC em uma pessoa, deve-se chamar ajuda médica com urgência para diagnóstico e início do tratamento o mais rápido possível. Mas, tão importante quanto o diagnóstico precoce, é identificar e controlar de forma efetiva seus fatores de risco. Prevenção ainda é o melhor remédio!
Estudo aprova inclusão de nova cirurgia no SUS
Durante décadas, a trombólise tem sido o método mais usado para tratar o AVC. Trata-se de um procedimento, que utiliza a medicação para busca dissolver o coágulo que interrompe a circulação cerebral. Esses medicamentos são chamados de trombolíticos. No entanto, a oclusão de grandes vasos no AVC isquêmico agudo está associada a baixas taxas de recanalização sob trombólise intravenosa.
Neste cenário, a trombectomia mecânica representa uma nova alternativa terapêutica. O procedimento, indicado para reduzir a incapacidade relacionada ao AVC, usa um dispositivo para trombectomia que, ao se expandir para a artéria, prende e remove o coágulo, restabelecendo a circulação.
Recentemente a Rede Brasil AVC, em parceria com o Ministério da Saúde, concluiu um estudo de viabilidade para incluir a trombectomia no SUS. Chamada de Resilient, a pesquisa foi realizada de 2017 a 2019 em 12 centros de saúde nacionais e contou com a participação de 609 pacientes. Os neurointervencionistas concluíram que, quando comparada aos tratamentos medicamentosos – que estão no SUS – a cirurgia aumenta de 21% a 35% a independência funcional do indivíduo, além de reduzir em 16% a mortalidade ou o risco de dependência intensa.
Países discutem saídas para o AVC
A gravidade da situação fez 12 países da América Latina, incluindo o Brasil, se reunirem na cidade de Gramado (RS), para discutir estratégias e políticas públicas que amenizem os prejuízos causados pelo AVC. Na Declaração de Gramado, documento com 16 medidas práticas estabelecidas no encontro, grande parte dos tópicos são voltados exclusivamente à prevenção. Atentar-se a fatores como hipertensão, sedentarismo, colesterol alto, dieta desregulada, estresse e tabagismo é essencial para manter evitar o AVC.
Neste ano, será feito um estudo comparativo simultâneo, com as condições de Buenos Aires (em conjunto com a Universidade de Buenos Aires), com o objetivo de averiguar a realidade paulistana com a buenairense e ampliar a percepção sobre a epidemia de AVC que atinge a América Latina. Para especialistas, é imprescindível a união entre autoridades e gestores de saúde, a comunidade médica e a população para combater a doença. “Só seremos capazes de mudar este trágico panorama, com o esforço conjunto de profissionais da saúde, pacientes e políticas adequadas”, afirma Dr Rubens.
Ainda que no cenário brasileiro a situação esteja melhorando com a criação de mais unidades específicas de atendimento, clínicas de reabilitação e reintegração social dos pacientes, há muito trabalho pela frente. É preciso que as pessoas se atentem mais a fatores desencadeantes, como pressão arterial elevada, tabagismo, altos níveis de colesterol, excesso de peso, sedentarismo, alcoolismo e cardiopatias (principalmente as arritmias).
Com Assessorias