O leite materno é o alimento mais completo que se pode oferecer para recém-nascidos até os seis meses de vida. Entretanto, crianças que nascem prematuramente nem sempre conseguem mamar e, para esses bebês, a doação de leite humano pode ser crucial para o seu desenvolvimento durante a passagem pela UTI-Neonatal.
Nem todos sabem, mas por trás de um único potinho de leite materno doado existe toda uma logística que envolve a coleta, o transporte e o seu armazenamento adequado. E tudo começa com frascos de vidro. Aquelas embalagens de café solúvel e de conservas são ideais para isso e muito bem-vindas nos bancos de leite.
Estima-se que são necessários mais de 160 mil potes de vidro para dar conta da demanda dos bancos de leite. Para contribuir que mais doações de leite sejam feitas, a Central Nacional Unimed promove uma campanha para estimular os seus funcionários a doarem frascos de vidro. Todas as unidades de negócio da cooperativa são postos de coleta. Os potes são esterilizados, recebem tampas de plástico e são doados para bancos de leite públicos em São Paulo, Brasília, Salvador e São Luís.
As mulheres interessadas em doar leite materno devem entrar em contato com o Banco de Leite Humano mais próximo de sua residência e o estabelecimento oferece toda a orientação desde como efetuar a coleta, fornece os frascos esterilizados vazios e envia transporte apropriado para retirá-los. O leite coletado é analisado, pasteurizado e submetido a um controle de qualidade antes de ser ofertado a uma criança.
Dentro de casa
Além de atividades externas, a Central Nacional Unimed promove o aleitamento materno prolongado dentro de casa. A operadora disponibiliza em suas unidades de negócio uma sala para amamentação às colaboradoras que retornam da licença maternidade para ordenha de leite durante o horário de expediente.
“É possível voltar ao trabalho e continuar oferecendo leite materno para o filho, mas para isso é preciso contar com uma estrutura que atenda as exigências da Anvisa e da Coordenação-Geral de Saúde e Aleitamento Materno do departamento de Ações Programáticas Estratégicas, SAS, do Ministério da Saúde. Um ambiente que tenha um local privativo e limpo para ordenhar, além de uma geladeira para armazenar o leite da maneira adequada, até o horário de volta para casa”, destaca Rodrigues.
“A sala de amamentação na empresa me possibilitou continuar com o aleitamento exclusivo, mesmo tendo retornado ao trabalho quando minha filha tinha somente quatro meses e meio. Me senti muito mais tranquila em voltar ao trabalho sabendo que eu tinha o apoio da minha gestão e sem temer que a produção de leite reduzisse. Hoje, minha filha tem 1 ano e ainda amamento”, conta Marcela Leite, colaboradora da Central Nacional Unimed.
Inverno reduz estoques no Banco de Leite da Maternidade de Campinas
A Maternidade de Campinas está em campanha para a coleta de leite materno. Durante o inverno, há uma queda entre 30% e 50% nas doações, o que obriga o seu Centro de Lactação – o Banco de Leite Humano da Maternidade – a incentivar as mães de recém-nascidos a contribuírem para garantir o estoque. A média mensal tem sido de 133 litros, o que representa apenas 66,5% da quantidade necessária para o atendimento aos bebês prematuros.
O estoque médio ideal para suprir com tranquilidade os 40 leitos da UTI Neonatal é de 200 litros mensais. Cada litro de leite materno doado pode alimentar até dez recém-nascidos por dia. Preocupada com a queda do estoque, a Maternidade de Campinas lança a campanha para estimular as doações.
Como doar
Para ser doadora é necessário que a mãe seja saudável, que esteja amamentando o próprio filho e que tenha uma produção excedente de leite após a mamada. O contato pode ser feito diretamente com o Banco de Leite pelo telefone (19) 3306-6039 para o preenchimento do cadastro.
O leite doado é transportado pelo Banco de Leite em caixas isotérmicas com gelo (geloc) e com controle de temperatura feito por termômetro digital. Para ampliar essa coleta na região, o ideal seria que o hospital também tivesse um veículo exclusivo para isso. “O hospital precisa da ajuda da sociedade e da iniciativa privada para conseguir recursos para a compra de um novo veículo para esse fim”, explica o presidente da Maternidade de Campinas, Dr. Carlos Ferraz.
Exames
Para a utilização do leite doado, são solicitados exames de sangue, provavelmente já realizados no pré-natal. Sem os resultados dos exames, o leite, obrigatoriamente, é descartado. Caso a doadora não os tenha, eles são agendados na própria Maternidade de Campinas.
O hospital oferece às mães os exames de sorologia necessários para atestar a qualidade das doações. Os testes podem ser feitos às segundas-feiras, das 13h às 15h, no ambulatório do hospital. É necessário apenas fazer o agendamento prévio.
A realização do exame no hospital foi facilitada para melhor atender às doadoras. Antes, as mães tinham que providenciar por conta própria os exames. Muitas mulheres usavam o sistema público de saúde, mas a estrutura dos centros de saúde nem sempre possibilitava agilidade na realização dos testes, o que resultava em um índice elevado de descarte de leite. A meta é zerar o descarte.
O Ministério da Saúde preconiza que é necessário realizar as sorologias de sífilis, hepatites B e C, doença de Chagas, HTLV (Vírus Linfotrópico da Célula Humana) e HIV (Aids). As crianças internadas na UTI Neonatal têm um peso extremamente baixo e precisam de cuidados especiais. Por isso, é preciso garantir a qualidade do leite – sem qualquer contaminação.
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O PODER DO LEITE MATERNO
O leite materno salva vidas. Pode parecer uma afirmação clichê, mas quando olhamos para recém-nascidos prematuros, ela é ainda mais verdadeira, pois as propriedades do leite humano fazem com que o bebê prematuro ganhe peso mais rápido, se desenvolva com mais saúde e fique protegido de infecções”, explica Valdmário Rodrigues Júnior, obstetra e especialista em amamentação.
Um litro de leite materno doado pode alimentar, por dia, até 10 recém-nascidos prematuros, pois dependendo do peso que a criança possui, apenas 1 ml de leite é suficiente para nutri-lo cada vez que é alimentado. “As pessoas nem imaginam que aquele frasco de café solúvel que colocam para reciclar pode salvar dezenas de vidas de recém-nascidos internados em situações críticas”, complementa o especialista, que é assessor da presidência da Central Nacional Unimed.
O Brasil possui a maior rede de banco de leite humano do mundo, com mais de 220 postos de coleta distribuídos em todo o país. O modelo adotado é referência internacional e, desde 2005, o país exporta técnicas de baixo custo para implementar bancos de leite materno em 25 países da América Latina, Caribe Hispânico, África Portuguesa e Península Ibérica. De acordo com o Ministério da Saúde, Uruguai, Venezuela e Equador receberam as primeiras tecnologias transferidas, e Portugal e Espanha receberam os primeiros bancos no modelo brasileiro.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam amamentados exclusivamente por no mínimo seis meses. A organização aponta ainda que a amamentação nos primeiros dois anos pode salvar a vida de mais de 820 mil crianças com menos de cinco anos todos os anos, isso porque quanto mais prolongada é a amamentação, menores as probabilidades daquela criança desenvolver doenças como infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. O aleitamento materno também é associado a outros benefícios como a formação do sistema imunológico, o desenvolvimento da arcada dentária pela sucção e a reparação do intestino pela presença da molécula PSTI no leite materno.
Da Redação, com Assessorias