Já passou por aquele momento de comer mesmo quando sente que a fome já acabou? Algumas pessoas chamam isso de gula, mas é muito importante estarmos atentos aos sinais do nosso corpo. Será que a gulodice não pode se transformar em um transtorno?
Um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde revelou que 77% das jovens em São Paulo apresentam propensão a desenvolver algum tipo de distúrbio alimentar. Entre as garotas abordadas pela pesquisa, 39% estavam acima do peso. O estudo envolveu 150 pacientes de 10 a 24 anos. Os principais fatores que levam a esse distúrbio são: depressão, ansiedade, preocupação constante com o peso e cardápios restritivos.
O Dia da Gula (26 de janeiro) serve de alerta para um distúrbio alimentar que desenvolve em pessoas que comem em quantidades maiores do que necessitam, seja para suprir um vazio ou uma frustração. É um problema que precisa ser dado à devida atenção, pois pode afetar a saúde de muitos homens e mulheres, desencadeando doenças graves, como obesidade e diabetes.
“A gula é um dos sete pecados capitais e, como qualquer pecado, muitas pessoas acabam cometendo este deslize. Mas ela não necessariamente precisa ser suprida com alimentos mais calóricos e que contêm ingredientes cheios de açúcares, corantes, conservantes e aditivos”, afirma a nutricionista Carina Müller, professora do Namu Cursos.
Segundo ela, é possível priorizar opções mais nutritivas e de qualidade para este momento. Por isso, a dica é estar sempre consciente do que está fazendo e escolher melhor os alimentos.
Existe uma grande diferença quando se extrapola de forma adequada. O ideal é selecionar alimentos do bem. Eles contêm nutrientes, fibras, vitaminas, minerais, que ajudam na digestão, fazendo com que o corpo consiga metabolizar os excessos muito melhor do que os outros alimentos”, ressalta.
Outra dica é se exagerar um dia, tente compensar no dia seguinte. Faça uma restrição alimentar, coma menos e de forma mais saudável. Percebeu que excedeu? Tenha consciência e maneire depois. “Comer é um dos atos mais gostosos da vida e que nos permite prazeres imediatos. É natural cometer excessos de vez em quando. Mas é preciso saber administrar isso. Não perder o autocontrole depois é fundamental”, diz Carina.
A nutricionista recomenda também colocar metas e balancear os prazos para cometer a gula. É muito importante saber a frequência com que se alimenta com exagero. “É por semana? Por dia? O ideal é que seja uma refeição de gula na semana, já que o organismo precisa de um descanso para digerir todo o excesso que foi consumido”.
É preciso respeitar os sinais
De acordo com Vanderli Marchiori, consultora em nutrição da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) é preciso respeitar os sinais de fome e saciedade que o corpo “emite”. “Passar da medida em uma refeição um dia ou outro é normal, mas quando isso se torna recorrente e a pessoa sente a necessidade de comer, mesmo quando não está com fome ou quando já está satisfeita pode ser um alerta de compulsão alimentar”, explica.
Para Vanderli, na maior parte dos casos de compulsão, a pessoa começa a comer com culpa e arrependimento quando está fissurada em cumprir à risca alguma dieta restritiva. Além disso, saber diferenciar sensações como a fome, apetite e saciedade é crucial na hora de manter o autocontrole. “O primeiro passo é comer com atenção plena. Ou seja, durante as refeições é essencial estarmos atentos aos sabores, cores, texturas e aromas dos alimentos”, pontua.
É válido lembrar que dentro de um cardápio balanceado e variado todos os alimentos e grupos podem e devem fazer parte das refeições: legumes, verduras, frutas, pães, massas e carnes. Outro ponto importante é pensar que a alimentação não é apenas o consumo de nutrientes, e sim um ato social e um prazer que sempre acompanhou os seres humanos. Portanto, aproveite este momento sabendo equilibrar frequência e quantidade, sem recorrer à gula.
Da Redação, com assessorias