Monja Coen recebe monjas beneditinas
Ela posa para fotos com monjas beneditinas que foram prestigiá-la no lançamento do livro (Fotos: Rosayne Macedo)

Eram duas estrelas. Duas estrelas muito brilhantes aqueles olhos da monja zen budista Coen, a confortar e iluminar profundamente todos e cada um.  Seu riso parecia vibrar acordes de uma música que eu nunca ouvira antes, mas que me causava uma imensa e inexplicável alegria.  Sua voz era igual à que imagino ser de uma fada boa, quando, em criança, minha mãe e meu pai me contavam histórias da carochinha e havia sempre uma fada que fazia a felicidade acontecer com plenitude e sabedoria.

Monja Coen
Monja Coen esbanja bom humor e simpatia durante mais de duas horas de palestras e autógrafos no Rio (Foto: Rosayne Macedo)

Aos 71 anos, com muita disposição e sempre bem-humorada, Monja Coen falou por pouco mais de 20 minutos em cada palestra, já que foi preciso mudar a programação e fazer as duas apresentações. Pois neste curto espaço de tempo, ela conseguiu nos hipnotizar, criando a nossa volta um círculo de paz, ternura e amor, mexeu com nosso eixo, deixando-nos zen.

Asseguro a vocês: aquela mulher calçando meias brancas e chinelinhos de dedo, vestida com uma túnica cinza-escura, sem um fio de cabelo na cabeça, tornou-se a mulher mais linda, plena e encantadora do mundo para mim, ao  mesmo tempo em que ela me fazia reconhecer a preciosidade e o privilégio da vida e de estar viva, dentro daquele auditório lotado do Espaço de Cinema Itaú, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro.

Monja Coen ministrava uma de suas palestras, para depois autografar seu livro ‘Zen para Distraídos’produzido em coautoria com seu genro, o radialista Nilo Cruz, pela Editora Planeta – a mesma que responde por outras obras da religiosa, como ‘108 contos e parábolas orientais’ e ‘A Sabedoria da Transformação – Reflexões e Experiências’. 

Simplicidade: líder budista calça chinelos de dedo com meia branca (Foto: Rosayne Macedo)

Mas ela teve de ministrar duas porque havia gente que não acabava mais e não coube todo mundo no auditório. E era um dia de semana: uma quinta-feira, 19 de abril. Praticou conosco, com serenidade, os ensinamentos de seu livro, que aborda princípios para viver o presente com harmonia. É o chamado princípio da atenção plena, um conceito de meditação do budismo, que recomenda total atenção em cada momento da vida.

Zen significa meditar sentado. Então observe como você está, como acordou. Observe esta conversa entre você e sua mente”, explicou-nos Monja Coen.

 

Por que este título Zen para Distraídos?

Monja Coen lança Zen para Distraídos no Rio
Monja Coen recebeu flores no lançamento do livro e conduziu uma meditação coletiva (Foto: Rosayne Macedo)

Distraídos somos nós. A gente cai, machuca, fere o outro, ofende. Então é preciso sair deste estado de distração e prestar atenção a nosso corpo, mente, ao outro. Para não nos distrairmos deles”, disse.

Com aquele riso de fada boa, a monja nos contou que, também ela, por vezes, distraía-se e que, por isto, considerava provável ter contraído herpes zóster*, doença bastante dolorosa, há alguns anos. Segundo Coen, a doença viera porque não havia respeitado e, muito menos, ouvido o próprio corpo e a mente: “Eu não parava. Trabalhava sem parar. Fazia muitas palestras. Não descansava”.

E completou, rindo, sem qualquer resquício de lamento no rosto: “Doía, viu! Mas é preciso olhar cada tratamento, cada doença como experiência porque se está vivo. A dificuldade também precisa ser apreciada. Mostra que há vida em nós. São Bento dizia ‘é probido resmungar’”, pontificou. E prosseguiu com seus ensinamentos: “Vivam a vida com plenitude na saúde e na doença, na alegria e na tristeza”, exortou.

Ah, já ia me esquecendo de contar pra vocês: Nós meditamos também um pouquinho e foi ótimo.  Esperta e inteligente como ela só, a monja nos convidou a meditar por alguns minutos, para aproveitar e nos ensinar  mais um pouco. Com paciência, esclareceu: “A meditação serve para nos transformar num átomo de paz. O livro é uma cultura da paz. Partilhar uns com outros esta cultura do universo. Não excluamos ninguém por pensar diferente. Cultivem a paz. Esta é a mensagem do meu livro”.

Praticamente levitei. Até domingo que vem.

Sobre a autora

Monja Coen autografa Zen para Distraídos
Uma grande fila se formou para receber o autógrafo de Monja Coen em seu novo livro (Foto: Rosayne Macedo)

A Monja Coen é a primaz fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, com sede em São Paulo. Morou oito anos no mosteiro budista de Nagóia, no Japão, onde se habilitou a ministrar aulas de Budismo para monges e leigos.

Desde 1983, a ex-jornalista apresenta o programa ‘Momento Zen’ na Rádio Mundial de São Paulo (FM 95,7), às segundas-feiras, às 19h30. Foi a partir de ensinamentos passados aos ouvintes no programa que surgiu ‘Zen para Distraídos’.

 Estima-se que haja 500 milhões de seguidores do Budismo no mundo, considerado a quinta religião com maior número de adeptos no planeta.

*O herpes zóster é uma doença causada pelo vírus da catapora, o varicela-zoster. Só contrai a doença quem já teve catapora e ficou com o vírus latente no organismo. O zóster pode provocar bolhas na pela e dores fortes no corpo. Uma de suas causas possíveis seria a redução da imunidade.

Serviço:  

Zen para Distraídos
Zen para Distraídos é a nova obra de Monja Coen, a partir de ensinamentos passados em seu programa de rádio (Foto: Divulgação)

Zen para Distraídos

Autores: Monja Coen e Nilo Cruz

Editora: Planeta

Preço estimado: R$ 30, 93

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