A colonoscopia é, de longe, o exame mais chato que já fiz até hoje, mais por conta da preparo prévio – que exige o total esvaziamento do intestino – do que na hora mesmo, já que não se sente nada. Supera até mesmo a incômoda, porém necessária endoscopia. Graças a Deus não deu nada. Mas era importante investigar sintomas que podiam indicar ou algo mais grave. Como o câncer colorretal, tipo que representa 10% de todos os casos diagnosticados no país, mas que ainda é desconhecido pela grande maioria das mulheres.

Muita gente não sabe, mas este é segundo tipo de câncer mais incidente entre as mulheres no Brasil – atrás apenas do de mama –, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer  (Inca). Apesar da alta incidência, a doença continua sendo desconhecida para uma em cada cinco brasileiras (18%). É o que alerta pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), que destacamos na matéria de hoje da série que marca a Semana Mundial de Combate ao Câncer no ViDA & Ação.

No ano passado, surgiram mais de 34 mil novos casos de câncer colorretal no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença é responsável pela morte de mais de 15 mil brasileiros por ano. Alguns fatores aumentam o risco de desenvolvimento da doença, como ter mais de 50 anos, história familiar de câncer colorretal, história pessoal de câncer (já ter tido câncer de ovário, útero ou mama), além de obesidade e sedentarismo.

Diagnóstico precoce é importante

Também são fatores de risco as doenças inflamatórias do intestino e determinadas doenças hereditárias. Por isso, é bom evitar o consumo de bebidas alcoólicas, carnes processadas e embutidos, principalmente. De acordo com especialista,  o câncer colorretal pode ser tratado e curado quando identificado logo no início. Daí a importância cada vez maior do diagnóstico precoce, que costuma ser realizado através da colonoscopia

O exame é extremamente recomendado para mulheres (e homens) a partir dos 50 anos, mesmo na ausência de sintomas. No meu caso, fiz o exame antes da faixa etária recomendada porque apresentava sintomas e a proctologista queria afastar qualquer risco – outro exame agora, só daqui a 10 anos, me garantiu ela.

A falta de adesão aos meios de prevenção e aos exames de detecção precoce é um dos principais problemas no Brasil como um todo. No caso do câncer colorretal, a situação é muito grave, pois a colonoscopia é praticamente ignorada. Em alguns estados, como o Acre, Sergipe, Rondônia e Roraima, nenhuma das entrevistadas da pesquisa havia realizado o exame”, diz Anelisa Coutinho, diretora da SBOC.

Sedentarismo contribui para o problema

Entre outros fatores de risco no desenvolvimento dos tumores colorretais estão a obesidade e a inatividade física – ambos problemas sérios entre as mulheres. Segundo o estudo da SBOC, 56% das mulheres do país não praticam quaisquer atividades físicas. Um quinto delas sequer imagina que praticar exercícios pode diminuir o risco de desenvolver câncer. Esse quadro fica ainda mais grave quando se considera a alimentação pouco balanceada das brasileiras.

Um dos achados do estudo é que mais de um quarto das mulheres (27%) discordam, em maior ou menor grau, que o seu sobrepeso possa causar câncer. Essa percepção falha tem um efeito grave tanto em seus hábitos alimentares quanto no grau de sedentarismo”, comenta a Dra Anelisa.

Metade das mulheres não come saladas e só um terço, frutas

Entre as entrevistadas, cerca de metade não havia incluído saladas em suas últimas refeições, apenas um terço havia comido frutas e aproximadamente metade havia consumido bolos, doces e biscoitos. Quando aliamos esses dados de hábitos alimentares à falta de atividade física de mais da metade da população feminina, deixamos de atuar de maneira positiva com a prevenção e contribuímos para o possível aumento dos casos de câncer colorretal.

Ainda de acordo com a especialista, os dados mostram a necessidade de criar campanhas de conscientização abrangentes para que a população feminina entenda a importância de adotar, no seu dia a dia, medidas preventivas para evitar o desenvolvimento do colorretal e demais tumores.

É importante que as mulheres entendam que há fatores genéticos e gênicos predisponentes ao câncer nos quais não podemos interferir. Por isso a importância de colaborar com hábitos saudáveis no dia a dia, realizando exercícios físicos e praticando alimentação de qualidade, além de fazer exames preventivos capazes de detectar precocemente a doença. Só assim pode-se contribuir para que os números de incidência da doença diminuam”, finaliza a médica.

Entenda a colonoscopia

Até bem pouco tempo atrás, a eficácia da colonoscopia em homens e mulheres de médio risco para câncer colorretal era desconhecida. Hoje já se sabe que esse exame – que pode ser explicado como uma ‘endoscopia do intestino’ – permite identificar anormalidades no ânus, reto, cólon sigmoide e porção distal do cólon descendente. Estudos realizados na Universidade de Pensilvânia (Estados Unidos) mostram que a colonoscopia pode reduzir em até 70% o risco de câncer colorretal avançado quando indicada a pacientes de médio risco.

De acordo com Edson Ide, médico endoscopista do CDB Medicina Diagnóstica, em São Paulo, a colonoscopia permite a visibilidade de todo o intestino grosso, sendo o método de escolha para o diagnóstico e a prevenção do câncer colorretal avançado, reduzindo drasticamente a taxa de mortalidade nos pacientes. Deve ser feito a partir dos 50 anos anualmente e se houver histórico familiar, melhor fazer antes. Outro exame chamado pesquisa de sangue oculto de fezes, também é indicado para casos suspeitos de câncer colorretal.

Descoberta de pólipos, tumores e sangramentos

colonoscopia é responsável por detectar o aparecimento de câncer no intestino. Também onhecido como uma endoscopia feita pelo ânus, esse exame permite o diagnóstico de pólipos, as verrugas  que podem ser pré-cancerosas. Também identifica, tumores benignos, focos de sangramento, câncer na fase inicial, além de uma série de doenças benignas como, por exemplo, a doença inflamatória intestinal.

Esse exame é um meio muito eficaz de detectar e tratar, removendo tumores benignos com potencial maligno ou mesmo o câncer em sua fase mais precoce. É realizado por um médico especialista, com o paciente sedado. Trata-se de um procedimento muito seguro e indolor. É muito melhor do que a cirurgia que abre o abdômen até atingir o intestino grosso – usada até a década de 1970, quando a colonoscopia chegou ao Brasil”, diz o Dr Edson Ide.

O exame é obrigatório para quem tem mais de 50 anos, e a partir dos 30 anos para pessoas com casos de câncer na família. Se nada for encontrado, sugere-se que a conoloscopia seja repetida a cada dez anos, já que a evolução do pólipo para o câncer pode demorar até uma década. Muitos médicos, porém, preferem indicar um novo exame a cada cinco.

Chances de cura com diagnóstico precoce

Ainda de acordo com o Inca, há uma grande chance de cura quando o câncer colorretal é diagnosticado precocemente – sendo que a remoção dos pólipos antes que se tornem malignos é de fundamental importância. Na presença de alguns sintomas, como diarreia, cólicas ou gases persistentes, presença de sangue ou pus nas fezes, mudança na coloração e textura das fezes, perda de peso sem razão aparente (principalmente seguida de cansaço, náuseas e vômitos), é importante procurar orientação médica. Dores, diarreias alternadas com constipações e sangramentos costumam aparecer na fase avançada da doença.

Fonte: SBOC e CDB, com Redação

 

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