“Quando a gente trata de acesso a direitos, espero que essa cultura seja cada vez menos bélica, para ela ser uma cultura de direitos, e que a gente possa circular plenamente pela cidade” (Marielle Franco)

Ela era mulher, mãe, negra, da favela. Era a voz dos excluídos. Era ex-excluída, que ousou alçar voos altos. Saiu da favela para estudar. Para militar. Para legislar. Voou longe. Voou alto. Tão alto que incomodou grandes e poderosos inimigos. Sim, ela criticou policiais corruptos e violentos, criticou militares que tomaram a cidade, criticou governos que não cuidam das minorias.

Marielle Franco é exemplo de superação, como tantas outras mulheres das periferias das grandes cidades. E dos asfaltos também. Sim, estamos todas em busca do tão falado ‘empoderamento’, matando muitos leões ferozes por dia, quase sempre para sobreviver e sustentar nossas crias. Muitas vezes suprimindo até mesmo nossa necessidade de saúde, bem-estar e qualidade de vida.

Contrariando aqueles que dizem – “ela é só mais uma vítima dos bandidos que defendia” -, o Brasil e o mundo se curvaram à grandeza do seu trabalho e sua história. Marielle foi tombada pela barbárie que domina o Rio. Um crime que repercutiu internacionalmente e ainda ecoa dentro de muitos de nós. Por que? Por quem? Para que?

Marielle foi uma extraordinária defensora de direitos humanos. Ela defendeu os direitos dos negros, das populações LGBTI, das mulheres e dos jovens das favelas mais pobres do Rio. Marielle será lembrada como um símbolo de resistência para comunidades marginalizadas historicamente no Brasil”, concluíram relatores da ONU.

Hoje a pracinha por onde sempre caminho amanheceu assim… cheia de balões coloridos e bandeirinhas com fotos da moça bonita, de cabelo assumidamente black, combativa e corajosa, que ficará para sempre em nossas lembranças e nos corações dos muitos que a seguiam e admiravam.

Essas imagens e as vozes de tantos que se comoveram e se indignaram nas ruas nos convidam a refletir sobre um mês de sua morte. Que esta brutalidade sem tamanho não fique impune. E que as muitas marielles por aí não sejam covardemente silenciadas pelo medo e pela opressão.

Marielle presente. E também todas as Marielles que habitam dentro de nós.

‘Toda vez que um justo grita / Um carrasco o vem calar / Quem não presta fica vivo / Quem é bom, mandam matar’ (Cecília Meirelles)

Leia também: “Marielle vive! Viva Marielle”, por Cristina Nunes de Sant´Anna, colunista do Ler Faz Bem

 

 

 

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