
A pesquisa ouviu pessoas adultas de todas as faixas etárias entre 18 e maiores de 65 anos e que vivem nas 27 unidades da Federação. O estudo abrange diferentes níveis variados de escolaridade e condições profissionais diversas, incluindo trabalhadores formais e informais, empreendedores, estudantes, servidores públicos, desempregados e aposentados.
Esses dados reforçam a importância de pensar em ações para cuidar destas pessoas levando em consideração aspectos sociais e demográficos e combater o estigma que ainda impede muitos de buscarem tratamento médico”, destaca a ABP.
Metade já buscou atendimento com profissional de saúde mental
A pesquisa mediu também a disposição das pessoas em procurar ajuda. Do total de pessoas consultadas, 54,1% informaram que sabiam onde buscar auxílio especializado diante de uma crise intensa.
Outros 33,2% relataram que conversariam com alguém próximo. Ainda assim, menos de 10% das pessoas disseram nunca ter buscado ajuda ou não acreditarem na necessidade de procurar.
Um dado considerado positivo pela ABP é que 50,9% das pessoas já procuraram atendimento com psiquiatras ou psicólogos pelo menos uma vez e estão sendo acompanhadas por profissionais especializados.
Para a ABP, isso indica uma crescente conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e diminuição do estigma, relacionado a essas condições.
Esse resultado mostra que há uma crescente conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde mental e prevenção da doença, embora ainda haja muitos desafios a serem enfrentados. Esse resultado também aponta a diminuição do estigma com os temas relacionados à doença mental, algo que a ABP tem trabalhado intensamente desde 2011″, diz a entidade.
No entanto, o cenário é ainda mais desafiador quando se observa o acesso ao atendimento especializado. Sobre o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa mostrou que 31,6% dos consultados responderam que, caso necessário, buscariam o SUS para o tratamento.
Por outro lado, 50,9% disseram que procurariam atendimento particular e 33,8% considerariam algum serviço oferecido pelo plano de saúde. Já 9,8% mencionaram a possibilidade de recorrer ao apoio de instituições como ONGs ou universidades.
Esses dados indicam que há uma consciência da população sobre a necessidade de cuidados e quais são os canais de acesso disponíveis, mas também revelam disparidades. A realidade de um sistema público de saúde insuficiente, com longas filas e recursos limitados, é uma uma barreira. Já o atendimento privado amplamente citado é uma opção restrita a uma parte da população“, afirma a associação.
O principal objetivo da pesquisa é compreender os principais desafios enfrentados pela população adulta brasileira em relação às doenças mentais e como as pessoas reagem diante da necessidade de ajuda, se elas sabem onde e como buscar suporte.
As informações coletadas serão utilizadas para traçar um panorama nacional e orientar a criação de materiais informativos sobre as doenças mentais e ações de prevenção ao suicídio mais alinhados com a realidade dos brasileiros.
No dia 8 de setembro, foi sancionada a Lei nº 15.199, que estabelece o dia 10 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção do Suicídio e o dia 17 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção da Automutilação no Brasil.
A ABP acredita que a responsabilidade de prevenir doenças mentais e consequentemente prevenir o suicídio é um plano coletivo que envolve ações de conscientização, educação e cuidado o ano inteiro. As doenças mentais devem ser tratadas como qualquer outra doença física que necessita de atendimento especializado, exames clínicos e tratamento. A saúde mental deve ser uma prioridade nas políticas de saúde pública.
Os dados completos da pesquisa estarão disponíveis em breve no site da Campanha Setembro Amarelo .
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Se precisar, peça ajuda
Qualquer pessoa com pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida deve buscar acolhimento em sua rede de apoio, como familiares, amigos e educadores, e também em serviços de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, é muito importante conversar com alguém de confiança e não hesitar em pedir ajuda, inclusive para buscar serviços de saúde.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (188), e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.
Serviços de saúde que podem ser procurados para atendimento:
Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde);
UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais;
Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita).
Da Agência Brasil com ABP