Setembro é o Mês Nacional de Conscientização sobre a Fibrose Cística. Conhecida como doença do beijo salgado ou mucoviscidose, a condição rara atinge mais de 6 mil brasileiros. Em todo o mundo, há registros de cerca de 105 mil casos. A fibrose cística causa sintomas como tosse crônica, pneumonia de repetição, suor mais salgado que o normal, baqueteamento digital, diarreia e dificuldade para ganhar peso e estatura.
Uma das formas de identificar a doença é pelo do Teste do Pezinho, que precisa ser realizado entre o terceiro e sétimo dia de vida do bebê. A confirmação do diagnóstico pode ser feita pelo Teste do Suor ou por exames genéticos, sendo que estes dois últimos também podem ser realizados a qualquer idade, quando há suspeita diagnóstica.
Embora ainda não exista cura para a doença, os pacientes contam com tratamento geralmente composto por inalações, fisioterapia respiratória, além da ingestão de medicamentos diversos, como enzimas pancreáticas para absorção de gorduras e nutrientes, antibióticos, corticoides, moduladores da proteína CFTR e suplementos vitamínicos.
Suporte nutricional e atividade física regular também são recomendados, sempre acompanhados por uma equipe interdisciplinar que envolve: pediatra em casos de crianças, nutricionistas, pneumologistas, fisioterapeutas, educadores físicos, assistentes sociais, psicólogos e geneticistas.
Avanços no tratamento
Nos últimos anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a disponibilizar dois tratamentos específicos para pessoas com fibrose cística e que apresentam algumas mutações genéticas específicas a partir dos 6 anos de idade, os moduladores da proteína CFTR, e que têm transformado significativamente a qualidade de vida das pessoas que utilizam, por serem os únicos medicamentos que tratam a causa base da doença.
Agora, o Instituto Unidos pela Vida, organização que atua na defesa de pessoas com fibrose cística, doenças raras e respiratórias, luta para a ampliação da elegibilidade de um desses medicamentos, o elexacaftor/tezacaftor/
O Setembro Roxo é uma oportunidade estratégica para ampliar o conhecimento sobre a doença e fortalecer a mobilização por políticas públicas que garantam o acesso equitativo aos avanços terapêuticos. Em 2025, direcionamos nossos esforços para a ampliação da bula do medicamento no Brasil. Essa é uma etapa fundamental para que, futuramente, essas crianças menores de 6 anos também possam se beneficiar do tratamento no SUS. O Instituto seguirá atuando com base em evidências, pressão, diálogo e mobilização social para assegurar que nenhuma faixa etária seja deixada para trás”.
Leia mais
Mãe de adolescente com fibrose cística luta por tratamento no SUS
Volta ao mundo para conscientizar sobre a fibrose cística
Campanha alerta sobre fibrose cística
Setembro Roxo 2025
Para chamar a atenção da sociedade para a fibrose cística, há 12 anos, o Instituto Unidos pela Vida promove, em parceria com voluntários, associações e apoiadores de todo o Brasil, o Setembro Roxo.
Este ano, a campanha tem como mote: “A vida inspira a gente: seja o fôlego na vida de alguém”. Para Verônica Stasiak Bednarczuk, fundadora do Unidos pela Vida e diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos, o objetivo é transmitir uma mensagem de leveza e esperança.
Pessoas com fibrose cística e familiares precisam ser resilientes e lutar todos os dias por seus direitos, por mais saúde e qualidade de vida. Por isso, este ano convidamos todos a dizerem em que ou em quem se inspiram para seguirem suas jornadas com muita determinação.”
Este ano, três famílias de pessoas com fibrose cística de Sergipe estrelam o videoclipe da campanha. Os gêmeos Tetê e João, as gêmeas Maryna e Maryana, e a Andrezza de Oliveira, todos diagnosticados com a doença. Já a música do filme foi escrita pela pernambucana Flávia Ferrario, mãe de uma criança que também tem fibrose cística e liderança de uma associação de pacientes de fibrose cística em seu estado.
Ano passado os protagonistas foram uma família de Porto Alegre. Foi muito simbólico por conta do momento que o estado vivia. Já este ano houve essa conexão orgânica com o Nordeste. A música, feita especialmente para o projeto, é linda e chegou para a gente de forma muito natural. É uma alegria sermos o ponto de referência e contato dessas histórias de todos os cantos do Brasil”, celebra Verônica.
Iluminação de monumentos
Além das peças publicitárias e do videoclipe especial, outras ações marcam o Setembro Roxo. Durante todo o mês, ao menos 22 monumentos, em diferentes pontos do país, como o Congresso Nacional, a Justiça Federal do Estado do Ceará, em Fortaleza, o Teatro Amazonas, em Manaus, e o Jardim Botânico, em Curitiba, vão ganhar uma iluminação roxa especial.
Essa ação já se tornou uma tradição e a iluminação desses pontos é importante para chamar atenção da população e democratizar a informação sobre a doença, contribuindo para o diagnóstico precoce, acesso ao tratamento adequado e qualidade de vida”, defende Veronica.
Também estão programadas caminhadas, entrega de material informativo e outros eventos sobre a doença em diferentes cidades. Para saber mais sobre o Setembro Roxo e a fibrose cística, acesse setembroroxo.org.br.