Estudos apontam que sete em cada 10 reações alérgicas graves ocorrem quando pessoas se alimentam fora de casa. No Brasil não há estatísticas oficiais, porém a prevalência parece se assemelhar com a literatura internacional, que mostra cerca de até 8% das crianças, com até dois anos de idade, e 2% dos adultos com algum tipo de alergia alimentar.
Os alimentos mais envolvidos nas alergias alimentares são: leite de vaca, ovo, amendoim, castanhas, peixes, camarão e crustáceos, soja, trigo e gergelim. Entretanto, qualquer alimento pode causar alergia, mas nem sempre os estabelecimentos do ramo alimentício estão preparados para atender clientes com alergia alimentar.
“Alergia alimentar: Conhecer para Prevenir” é o tema da Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar instituída pela Lei nº 14.731, de 2023, que acontecerá de 11 a 18 de maio. AAssociação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) aproveita a ocasião para lançar o “Guia Prático para Restaurantes: Como Lidar com Alergia Alimentar”, que visa apoiar restaurantes a oferecer um atendimento mais seguro, consciente e acolhedor a pacientes com alergia alimentar.
Idealizado pelos membros do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI, coordenado por Jackeline Motta Franco, o Guia, explica como restaurantes podem lidar com a alergia alimentar:
Acolher uma pessoa com alergia alimentar é muito mais do que evitar um ingrediente; é um ato de respeito, inclusão e responsabilidade. Durante a Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar, convidamos restaurantes, bares, cafés e toda a cadeia de alimentação a participarem de uma transformação cultural, tornando-se aliados da segurança alimentar”, comenta Dra. Jackeline.
No e-book serão abordados diversos tópicos, como perguntas e respostas sobre:
· O que são alergias alimentares e por que exigem atenção;
· Como treinar sua equipe para prevenir reações alérgicas;
· Como evitar o contato cruzado na cozinha;
· Como se comunicar com clareza com os clientes;
· O que fazer em caso de emergência;
· Aspectos legais e de responsabilidade civil.
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O e-book também traz dicas para o preparo seguro do alimento para a pessoa com alergia:
- Utensílios exclusivos: Use tábuas, facas, panelas e outros utensílios exclusivos para o preparo do prato do cliente alérgico.
- Ingredientes seguros: Verifique os rótulos dos ingredientes para garantir que não contenham traços do alérgeno informado.
- Área separada: Monte o prato em uma área separada da cozinha para evitar contato com outros alimentos.
- Verificação final: Antes de servir, revise o prato para garantir que está livre de alérgenos. Confirme com o chefe ou responsável pela cozinha. Identifique o prato adequadamente para evitar confusões ao servir.
Adotar práticas seguras e inclusivas é um passo importante para garantir refeições seguras e agradáveis para todos”, comenta a especialista da Asbai.
O Guia Prático para Restaurantes: Como Lidar com Alergia Alimentar estará disponível em breve e com download gratuito no site da ASBAI.
Sociedades médicas atualizam dados sobre alergia alimentar
Entre os destaques, está a importância do acompanhamento psicológico
Em 2023, a Lei 14.371, sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu que – anualmente – a terceira semana do mês de maio é dedicada à celebração da Semana Nacional de Conscientização sobre Alergia Alimentar. Este ano, ela acontece de 11 a 18 de maio. A iniciativa chama atenção das autoridades e de toda população para a importância da alergia alimentar, seu diagnóstico correto e as formas de tratamento.
Nesta Semana, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgam documento escrito em conjunto denominado Atualização em Alergia Alimentar 2025. Entre os destaques estão a alergia alimentar na escola, a importância do acompanhamento psicológico de pacientes com alergia alimentar e abordagens mais ativas para garantir melhor qualidade de vida.
Nos últimos 50 anos, a prevalência da alergia alimentar (AA) vem crescendo de forma acelerada. A interação entre fatores ambientais e genéticos é mediada por mecanismos epigenéticos, e pode promover modificações químicas no DNA e nas proteínas associadas.
Diversos fatores ambientais merecem atenção como fatores de risco, incluindo o tipo de parto, aleitamento materno, exposição a alérgenos alimentares, hábitos dietéticos, ingestão de vitamina D, poluição, higiene, contato com animais de estimação e uso de medicamentos (como antibióticos), compondo o chamado “expossoma” – a soma das influências ambientais e biológicas ao longo da vida”, explica Fátima Rodrigues Fernandes, presidente da Asbai.
O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, reforçou a importância de uma abordagem integral no cuidado às crianças afetadas por essa condição. Além do acompanhamento médico especializado, ele diz ser imprescindível integrar o apoio psicológico e a educação alimentar para a melhor adesão ao tratamento.
Juntos, pediatras, alergistas, psicólogos, nutricionistas e família podem otimizar o cuidado e garantir que as crianças e adolescentes com alergia alimentar levem uma vida saudável e equilibrada”.
Em geral, o tratamento é baseado na retirada do alimento causador, e no caso de alimentos essenciais, como o leite e ovo em crianças pequenas, é necessário a sua substituição por outro que preencha as necessidades nutricionais do paciente, o que frequentemente causa um forte impacto socioeconômico negativo sobre o paciente e seus familiares.
Com informações da Asbai