A solidão sempre foi um tema muito complexo. Uma condição mal compreendida e estigmatizada. No entanto, dada sua frequência e suas repercussões na saúde, é preciso mais informação a respeito, acolhimento para identificá-la e abordá-la, com empatia e carinho.
Claro que, todos precisamos de momentos de reflexão interna e afastamentos momentâneos. Mas o alerta precisa ser acionado se essa prática acontece com frequência, intensamente e em detrimento das relações interpessoais. Pois, do contrário, pode afetar a mente e o corpo, de forma irreversível.
Frases do tipo “Me sinto tão sozinho, que chega a doer” são comuns entre os solitários e podem revelar a cruel realidade de muitas pessoas. Alguns relatos dão conta de que, a dor é tão intensa e insustentável que quase chega a ser física.
Uma verdadeira incoerência em meio ao crescimento populacional e a vida atribulada que vivemos. Porém, a verdade é que o ser humano está cada vez mais solitário e fechado em seu mundo particular. Um cenário que preocupa, pois, pode agravar diversos problemas de saúde, desencadeamento síndromes, transtornos e outras questões de cunho psicológico e fisiológico.
Viver rodeado de pessoas, agitado por inúmeras tarefas, não é sinônimo de que a pessoa não se sente, no fim das contas, solitária. Essa é, inclusive, a principal queixa de muitos: “Mesmo me relacionando com muitas pessoas, tenho sempre a sensação de estar só”.
Demência é causada por falta de interação
Isso ocorre, pois os sentimentos de angústia e depressão tendem a acompanhar e alimentar a sensação de solidão. Quando a solidão se torna crônica, as pessoas tendem a se resignar. Podem ter família, amigos, mas não se sentem verdadeiramente em sintonia com ninguém. E é neste momento que transtornos ou síndromes oportunistas podem avançar, como por exemplo, a demência. A principal forma de demência é o Alzheimer, considerado o ‘mal do século’.
Essa condição se caracteriza por um declínio cognitivo ou alterações comportamentais que interferem na capacidade funcional e independência do indivíduo, manifestando sintomas, como perda de memória; desorientação; confusão mental; alterações de humor; dificuldades na assimilação de tarefas; mudança de personalidade; regressão da linguagem; perda da autonomia; agressividade e incapacidade de resolução de problemas cotidianos.
O motivo é que, quando o cérebro entende o seu entorno social como algo hostil e pouco seguro, permanece constantemente em alerta. E as respostas do cérebro solitário podem funcionar para a sobrevivência imediata. Os familiares e amigos geralmente são os primeiros a detectarem os sintomas de solidão crônica.
Quando uma pessoa está triste e irritável, talvez esteja pedindo, em silêncio, que alguém a ajude e se conecte com ela. Por isso, a importância em acolher e integrar esse idoso no ciclo familiar e social, a fim de evitar tanto a solidão quanto a demência por falta de interação.
Enfim, infelizmente, muitos vivem a dor da solidão e precisamos voltar o olhar para essas pessoas que necessitam da reintegração ao meio social e familiar para se sentirem úteis e vivas. Com isso, é possível evitar o surgimento de doenças emocionais ou cognitivas, como a solidão crônica ou a demência. Isolar-se só fará com que o indivíduo esteja mais propenso a desenvolver sintomas e patologias psicológicas que irão contribuir para o prejuízo psíquico de sua saúde mental.