Não existe bronzeado saudável obtido através da exposição solar desprotegida. Quando a pele muda de cor, é um sinal de que já houve dano causado pelos raios ultravioleta”, explica a dermatologista Fátima Tubini. Esse processo, além de acelerar o envelhecimento da pele, eleva significativamente o risco de câncer de pele, uma das condições mais prevalentes no Brasil.
A especialista reforça que métodos como obronzeamento artificialnão são apenas arriscados, mas extremamente prejudiciais. “A Organização Mundial da Saúde classifica essas câmaras como agentes carcinogênicos, ou seja, que causam câncer. Mesmo uma única sessão pode representar um perigo real à saúde da pele”. Esse alerta visa desestimular o uso dessa prática, que continua sendo utilizada por muitas pessoas desinformadas.
Para quem deseja manter a pele saudável sem abrir mão de um bronzeado, os autobronzeadores são a melhor solução. “Esses produtos atuam na camada superficial da pele, oferecendo um tom dourado uniforme e seguro, sem qualquer impacto prejudicial às células cutâneas”, diz a especialista Fátima. Além disso, a dermatologista reforça que a proteção solar deve ser mantida, mesmo com o uso de autobronzeadores,
A dermatologista Carolina Labigalini Sampaio, do Eco Medical Center, também alerta para os riscos do bronzeamento: “Não existe bronzeamento saudável. Ele traz danos ao DNA das células da pele, aumentando o risco de câncer, especialmente o melanoma, o tipo mais letal”. Ela reforça que o mesmo vale para o bronzeamento artificial, em câmaras de luz, que está proibido no Brasil pela Anvisa. E que a única forma de deixar a pele bronzeada com segurança é o uso de autobronzeadores.
Outro alerta da dermatologista é para os “torrões” que muita gente toma no sol, inclusive na infância. Essas áreas afetadas pela queimadura excessiva de sol tornam maior o risco de ter câncer de pele. Mesmo que a pele se recupere da queimadura e volte ao normal, o risco permanece para toda a vida.
Nunca queimar ao ponto de descascar
A dermatologista Fátima Tubini ressalta que manter a pele saudável exige uma rotina de cuidados.
- Uso de protetor solar com FPS adequado para o seu tipo de pele, reaplicado a cada duas horas.
- Evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h, quando a radiação UV é mais intensa.
- Apostar em barreiras físicas como chapéus, roupas com proteção UV e óculos de sol.
“Cuidados simples podem prevenir doenças graves e preservar a juventude e saúde da sua pele”, finaliza a dermatologista.
Tire suas dúvidas sobre bronzeamento saudável
A nossa pele é como se fosse a película do celular, a linha de frente recebendo os impactos. Os raios ultravioletas agem exatamente na pele, na camada externa do nosso corpo, provocando efeitos nocivos. Eles vão oxidar a pele através dos radicais livres, causando uma série de alterações na pele, embaralhando o DNA, causando mutações que podem gerar o câncer de pele”, diz Thais Helena Bello Di Giacomo, dermatologista pela USP especializada em câncer de pele, que começa a conversa com os pacientes dessa forma.
No dia a dia de atendimentos, Dra. Thaís recebe muitas dúvidas sobre como tomar sol, uso de protetor solar e câncer de pele. Por isso, a médica reuniu os principais mitos que envolvem o assunto. Confira:
O sol diminuiu a imunidade da pele.
Sim, diminui a imunidade da pele. A herpes, que costuma aparecer na boca após um dia de sol, é um ótimo exemplo de queda de imunidade da pele.
Bronzeado na medida certa, pode.
Todo bronzeado significa que o sol chegou aonde não deveria. Se você bronzeou é porque o sol chegou no DNA da sua célula e começa a ter potencial de causar o câncer. Não existe bronzeado bom.
Posso usar o bronzeamento artificial para garantir o bronzeado e não me expor ao sol.
Depende! Se for aquele de cama, de jeito nenhum! Antigamente, achávamos que apenas os raios UVB podiam causar câncer. Mas hoje sabemos que os raios UVA também são perigosos e o bronzeamento artificial ajudou a demonstrar isso.
Essas câmaras bronzeiam apenas com os raios UVA. Nos locais em que são largamente utilizadas, surgiram muitos casos de melanoma, o tipo de câncer de pele mais agressivo. Os raios UVA são responsáveis pela piora e evolução do melanoma. Já se o bronzeamento com o uso de autobronzeadores em jato, spray, cremes ou mousses está liberado. O único cuidado que eu recomendo é hidratar bem a pele!
O sol prejudica o colágeno?
Sim, o sol causa o estresse oxidativo e os radicais livres se grudam nas moléculas de colágeno, causando sua destruição. Quando o paciente se expõe muito ao sol, a textura e até a cor do colágeno quando visto ao microscópio sofrem alteração.
Se não houver histórico familiar, não há risco de câncer de pele.
Embora o histórico familiar possa aumentar o risco, muitas pessoas desenvolvem câncer de pele sem precedentes genéticos. A exposição ao sol e outros fatores ambientais também desempenham um papel significativo.
Rosácea pode se transformar em câncer de pele?
A rosácea, embora seja uma doença de pele e mais frequente em pessoas de pele clara (assim como o câncer de pele), não é um fator de risco. No momento do mapeamento para lesões cancerígenas, a rosácea às vezes pode dar um pouco de dúvidas, pois lesões iniciais de carcinoma podem estar camufladas entre as lesões de rosácea.
Protetor solar é tudo igual?
Não! O filtro 15 bloqueia 93% dos raios UVB. O filtro 30, por exemplo, já bloqueia 97%, e o filtro 50 mais de 98% de proteção de raios UVB.
Mas, mais importante que essa diferença na quantidade de raios UVB bloqueados, um filtro mais alto traz a vantagem de proteger dos raios UVA, responsáveis pelo envelhecimento da pele e pela piora do tipo de câncer mais agressivo, o melanoma.
Apenas pintas e manchas devem ser monitoradas para câncer de pele.
O câncer de pele pode se manifestar de várias formas, incluindo feridas que não cicatrizam, protuberâncias ou mudanças na textura da pele. Qualquer alteração incomum persistente deve ser avaliada.
Passar protetor solar uma vez ao dia é suficiente.
O protetor solar deve ser reaplicado a cada duas horas e após nadar ou suar, para garantir proteção contínua. O uso inadequado pode deixar a pele vulnerável à radiação ultravioleta. O ideal também é não contar apenas com o filtro solar para se proteger, mas também lançar mão de outras medidas de barreira física, como sombras, roupas, chapéus, óculos de sol e guarda-sol.
Apenas pessoas de pele clara podem ter câncer de pele.
Embora o risco seja maior em pessoas de pele clara, indivíduos de todas as tonalidades de pele podem desenvolver câncer de pele. Pessoas com pele mais escura também precisam de proteção solar e exames regulares.
Preciso passar muito tempo no sol para produzir vitamina D.
MITO! Precisamos ter níveis adequados de vitamina D para uma boa saúde, principalmente a saúde óssea, e o sol é um grande aliado, pois ele ativa a produção desse hormônio. Mas isso não quer dizer que é preciso ficar estatelado ao sol.
No Brasil, estudos mostram que uma vida ativa já garante exposição solar involuntária suficiente para a síntese de vitamina D, não sendo necessário que as pessoas se exponham ao sol com essa finalidade.
Prevenção
A dermatologista Ana Paula Fucci, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) e Academia Européia de Dermatologia (EADV), explica que os tipos de pele são classificados em quatro, de acordo com a capacidade de resposta à radiação ultravioleta (UV).
O chamado fototipo I é aquele que sempre se queima e nunca se bronzeia, até o VI, pele negra, totalmente pigmentada, com grande resistência à radiação UV. A pigmentação constitutiva – cor natural da pele – é definida geneticamente. A cor facultativa – bronzeado – é induzida pela exposição solar e é reversível quando cessa a exposição”, explica a especialista.
Além do uso de protetor solar com FPS 30 ou superior, algumas práticas são recomendadas como, por exemplo: evitar exposição solar entre 10h e 16h (quando a radiação UV é mais intensa), utilizar chapéus, bonés e óculos de sol com proteção adequada, manter-se hidratado, e evitar o uso de produtos caseiros ou receitas sem comprovação científica para proteção solar ou bronzeamento.
Três dicas para uma proteção solar eficaz
A pele saudável é hidratada, uniforme e sem sinais como descamação, ressecamento, ardência ou danos solares. Para protegê-la, o filtro solar deve ser usado adequadamente, aplicando-se uma camada generosa – o equivalente a três dedos para rosto e pescoço – e reaplicado a cada duas horas, principalmente quando há exposição ao sol, sempre com FPS acima de 30”, explica a médica. Para pessoas com manchas na pele, é indicado o uso de filtro solar com cor, em fatores de proteção mais altos, que promove uma camada de proteção extra à pele.
Franklin Veríssimo, especialista e pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP, explica quando se deve aplicar e reforçar a aplicação do protetor solar.
Não deixe para aplicar o filtro quando chegar na praia ou piscina, por exemplo. O ideal é aplicá-lo cerca de 20 minutos antes de se expor ao sol, para dar tempo de ser absorvido e começar a agir. Também devemos reaplicar o filtro solar a cada 2 horas ou após se molhar ou suar muito”, destaca