Uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (21) revelou que a circulação defake news, principalmente, em redes sociais, representa impacto direto nas decisões sobre a vacinação em geral no Brasil. Entre os 2 mil participantes da pesquisa conduzida pelo instituto Ipsos, 41% relataram ter recebido informações falsas sobre vacinas neste tipo de meio de comunicação.
Além disso, quase 30% já deixaram de se vacinar ou recomendaram que outros não se vacinassem devido a dúvidas sobre segurança e eficácia. Ainda conforme o estudo, 10% decidiram não se vacinar por causa de informações recebidas online ou de amigos e parentes.
Embora não tenham mudado de opinião, 17% ficaram em dúvida por causa das informações recebidas. Quase um quarto dos entrevistados (23%) se sentiram negativamente impactados e relataram ansiedade (16%), desconfiança (15%), medo (10%) e confusão (9%).
O estudo da Ipsos apontou também que cerca de 10% dos pesquisados são descrentes em relação às vacinas em geral, sendo mais propensos a acreditar em falsas notícias. Nesse grupo, mais da metade tem idade acima de 55 anos, leve predominância masculina e maior presença nas classes C, D e E.
A pesquisa foi encomendada pela biofarmacêutica Takeda – fabricante da vacina contra a dengue que está disponível para crianças pelo SUS – com a colaboração da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Foram entrevistadas 2 mil pessoas para entender as percepções sobre a dengue, a vacinação em geral e sobre a doença.
Resultados favoráveis à vacinação
Como resultados mais favoráveis da vacinação, 91% prestam atenção nas campanhas, 90% acreditam que as vacinas em geral trazem benefícios e 95% dizem verificar a veracidade das informações sobre vacinas.
Na avaliação dos sentimentos despertados pelas informações nas redes sociais sobre vacinas em geral, 77% falaram que elas trouxeram sensações positivas, como confiança (42%), tranquilidade (38%) e otimismo (33%). Pelo menos metade (50%) dos entrevistados se interessou pelo tema.
Outro fato positivo no estudo é que mesmo diante da epidemia da doença no Brasil neste ano, 88% dos entrevistados disseram que veem a vacina contra a dengue uma medida eficaz de prevenção.
A pesquisa demonstra que, apesar do aumento da conscientização sobre os riscos da dengue, muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras para se vacinar devido ao impacto das fake news, que atingem 41% dos entrevistados relatando o recebimento de informações falsas sobre vacinas em geral pelas redes sociais”, afirma Juliana Siegmann, pesquisadora do Ipsos. “Esse dado ressalta a importância de um acesso qualificado à informação.”
As principais fontes de informação sobre vacinas e dengue são a TV (59%), as redes sociais (49%) e os postos de saúde (47%). As Fake News mais comuns em relação à dengue são sobre a eficácia da vacina, a gravidade da doença, as curas milagrosas e as informações incorretas sobre formas de contágio. Embora 77% tenham tido contato com a doença, 27% não consideram a dengue grave ou não sabem.
Hesitação causada por desinformação
Para a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o conhecimento sobre a gravidade da dengue é reconhecido pela população, mas a circulação de fake news, especialmente nas redes sociais, representa um desafio significativo para o controle da doença.
Para a SBI, “a alta taxa de confiança na vacina é um passo importante na luta contra a dengue, mas precisamos combater a desinformação que ainda desencoraja uma parcela significativa da população a levar o público elegível para receber a vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS).”
A consulta foi feita entre os dias 30 de outubro e 6 de novembro com 2 mil pessoas acima de 18 anos de todas as classes sociais. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
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Os céticos da vacinação
A pesquisa revelou que cerca de 10% dos entrevistados são descrentes em relação às vacinas em geral, sendo mais propensos a acreditar em fake news. Mais da metade desse grupo é composto por pessoas acima de 55 anos, com leve predominância masculina e maior presença nas classes CDE.
- 45% raramente ou nunca são impactados por informações sobre vacinas em geral.
- Menos propensos a buscar informações ativamente.
- 56% têm medo em relação às vacinas em geral
- 47% não acreditam ou têm dúvidas sobre a efetividade da vacinação contra a dengue
- 19% ouviram que a vacina contra a dengue foi desenvolvida muito rapidamente, o que é uma fake news.
Além disso, 50% desses entrevistados desconhecem a existência da vacina contra a dengue e 53% indicam que não a tomariam, mesmo que gratuita. Embora 77% tenham tido contato com a doença, 27% não consideram a dengue grave ou não sabem.
Pais estão mais cautelosos
43% dos participantes da pesquisa são pais com filhos entre 4 e 17 anos. Embora cautelosos, eles têm atitudes mais positivas em relação à vacinação em geral, buscando informações e prestando atenção às campanhas. No entanto, esse grupo está mais exposto a fake news, principalmente em redes sociais e canais pessoais como WhatsApp.
- 91% prestam atenção nas campanhas de vacinação.
- 90% acreditam que as vacinas em geral trazem benefícios.
- 95% dizem verificar a veracidade das informações sobre vacinas.
Impacto emocional das informações nas redes sociais
A pesquisa também avaliou os sentimentos despertados pelas informações sobre vacinas em geral nas redes sociais:
- 77% afirmam que as informações trouxeram sentimentos positivos, como confiança (42%), tranquilidade (38%) e otimismo (33%). Além disso, pelo menos metade (50%) ficou interessada no tema.
- No entanto, 23% sentiram-se negativamente impactados, relatando ansiedade (16%), desconfiança (15%), medo (10%) e confusão (9%).
Conhecimento sobre a dengue
Embora a maioria reconheça a gravidade da doença, a disseminação de fake news, principalmente pelas redes sociais, destaca a importância das campanhas educativas.
- 9 em cada 10 pessoas consideram a dengue uma doença grave.
- 76% buscam informações sobre a dengue.
- 53% lembram de campanhas ou ações nos últimos 12 meses.
- 39% já tiveram dengue; 85% conhecem alguém que teve.
- 23% conhecem alguém que já faleceu em consequência da dengue.
- Redes sociais (27%) e WhatsApp/SMS (21%) lideram a disseminação de fake news.
- Fake news sobre dengue abordam vacinas (alegações de ineficácia, perigo e efeitos colaterais graves), gravidade da doença (minimização da seriedade da doença); teorias conspiratórias (dengue como invenção); formas de tratamento (curas milagrosas e remédios caseiros ineficazes); informações incorretas sobre formas de contágio; dados confusos relacionados a outras doenças, como a Covid-19.
Principais fontes de informação sobre vacinas e dengue
- Fontes de recebimento de informação sobre vacinas: TV (59%), redes sociais (49%) e postos de saúde (47%).
- Plataformas mais buscadas: Instagram (67%), WhatsApp (54%), YouTube (46%) e Facebook (45%).
- Fake news mais comuns sobre dengue: eficácia da vacina, gravidade da doença, curas milagrosas e informações incorretas sobre formas de contágio.
88% acreditam que vacina contra a dengue é eficaz
A pesquisa entrevistou 2 mil brasileiros para entender as percepções sobre a vacinação em geral, a vacina da dengue (produzida pela Takeda) e sobre a doença. Em meio a uma epidemia da doença no Brasil neste ano, os resultados mostram que 88% das pessoas veem a vacina contra a dengue como uma medida eficaz de prevenção, mesmo diante da ampla exposição a fake news, especialmente nas redes sociais.
- 64% ouviram falar sobre alguma vacina contra a dengue e 43% afirmam ter ouvido informações que os desmotivaram a se vacinar, incluindo alegações de que a vacina foi desenvolvida rapidamente, não é eficaz ou causa efeitos colaterais graves.
Com 88% dos brasileiros considerando a vacina contra a dengue uma medida preventiva eficaz, vemos avanços na conscientização. No entanto, é essencial fortalecer a confiança para combater a desinformação, que prejudica a adesão à vacinação”, comenta Vivian Lee, diretora médica da Takeda Brasil.
Ela analisa que os motivos que desestimulam a vacinação contra a dengue entre os entrevistados da pesquisa estão diretamente relacionados às fake news que circulam sobre o imunizante.
Agenda Positiva
Dia Nacional de Combate à Dengue: conheça cartilha com dicas
Em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Dengue, em 19 de novembro, a Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) reforça a importância do engajamento das equipes de limpeza na luta contra a dengue e outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Só em 2024, o Brasil já registrou mais de 6 milhões de casos de dengue, sendo mais de 3 milhões confirmados em laboratório, de acordo com o Ministério da Saúde. O país é o que mais notifica casos da doença no mundo, respondendo por 80% do total.
Como os profissionais de limpeza têm acesso a diversos ambientes, desde residências até fábricas, eles se tornam aliados na identificação e eliminação de criadouros do mosquito. “Ao receber orientações específicas sobre como executar a limpeza de forma segura e eficaz, as equipes podem desempenhar um papel fundamental na prevenção da dengue”, destaca a associação em sua cartilha sobre o combate à dengue.
Entre as principais recomendações da Abralimp, estão a secagem adequada e o armazenamento correto de baldes e outros equipamentos de limpeza. Além disso, a cartilha orienta sobre a importância do descarte correto de líquidos, limpeza de bandejas de ar-condicionado, e manutenção de áreas externas para evitar o acúmulo de água.
O aumento significativo de casos de dengue neste ano se deve às condições climáticas e ao surgimento de novos sorotipos do vírus. Em resposta a essa ameaça crescente, a sociedade, em conjunto com os profissionais de limpeza, deve adotar medidas de prevenção que englobam a higienização e a conscientização.
A campanha da Abralimp envolve todos os associados a se tornarem agentes de saúde em suas comunidades, alertando sobre a importância da identificação de criadouros e a notificação de situações de risco. “Estamos todos juntos nesta batalha. Quanto mais informações e treinamentos forem proporcionados, maior será a proteção coletiva”, afirma
Dicas práticas para a população
A cartilha aponta medidas simples que todos podem adotar em seu dia a dia, tais como:
– Tampar caixas d’água, ralos e pias;
– Higienizar bebedouros de animais de estimação;
– Inspecionar semanalmente instalações em busca de possíveis focos de água parada.
Para mais informações sobre a cartilha e as iniciativas da Abralimp, acesse aqui.
Com informações da Agência Brasil, Takeda e Abralimp