colesterol alto atinge cerca de 4 em cada 10 brasileiros adultos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).  O colesterol alto é uma das principais ameaças à saúde cardiovascular, figurando como um dos principais fatores de risco para doenças como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), que ocupam o primeiro lugar entre as causas de morte no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.

O impacto é preocupante: o colesterol alto está relacionado a mais de 300 mil infartos e cerca de 100 mil AVCs isquêmicos por ano, segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 393 mil pessoas morreram por doenças do aparelho circulatório no Brasil em 2023.

Segundo estimativas, mais de 40% dos brasileiros têm colesterol elevado, mas metade dessas pessoas não sabe, já que a condição é silenciosa. A Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE 2020) mostra que um em cada cinco brasileiros nunca realizou um exame para detectar o problema. Mesmo sem causar sintomas, ele pode provocar danos graves e irreversíveis ao sistema circulatório, levando a infartos, derrames e outras complicações.

UPAs registram aumento de emergências ligadas a colesterol alto

O alerta ganha ainda mais importância no Dia Nacional de Combate ao Colesterol, celebrado no dia 8 de agosto, para destacar a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e de hábitos saudáveis para evitar complicações e do controle regular dos níveis de colesterol, especialmente o LDL, conhecido como o colesterol ruim”.

A data reforça um alerta que já se tornou rotina nas unidades de saúde. Na UPA Zona Leste, em Santos (SP), administrada pela Pró-Saúde, os dados reforçam a preocupação. Entre janeiro e junho de 2025, foram registrados 1.536 atendimentos relacionados à hipertensão arterial e colesterol alto, quase 9% a mais do que no mesmo período do ano anterior, que teve 1.411 casos. As ocorrências mais frequentes incluem hipertensão arterial (1.263), acidente vascular cerebral (192), dor torácica (33) e infarto agudo do miocárdio (44).

O que temos visto aqui na UPA é um aumento consistente de casos graves, como infarto e AVC, muitas vezes em pacientes que nem sabiam que estavam com o colesterol elevado”, disse a médica Gisele Abud, diretora técnica da unidade. “É comum o paciente chegar com dor no peito, ou após uma crise hipertensiva, e só então descobrir o descontrole lipídico nos exames”, completou.

Segundo ela, muitos dos nossos atendimentos poderiam ser evitados com exames regulares e mudanças de hábito. O maior desafio está no caráter silencioso do problema. “É um inimigo que se instala devagar, sem dar sinais. E quando os sintomas aparecem, já pode ser tarde”, disse.

Um terço dos adultos apresenta alterações do colesterol

O estudo Prevalência de colesterol total e frações alterados na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, mostra que pela primeira vez no Brasil, a prevalência de níveis de colesterol total, LDL e HDL alterados e aponta que cerca de um terço dos adultos apresentam alterações do colesterol.

Dados apresentados no estudo mostram que a prevalência de colesterol total maior ou igual a 200 mg/dL na população foi de 32,7%, e mais elevada em mulheres (35,1%). Já a prevalência de HDL alterado foi de 31,8%, sendo de 42,8% no sexo masculino e 22,0% no feminino. O LDL maior ou igual 130 mg/dL foi observado em 18,6%, com prevalência mais elevada em mulheres (19,9%).

Outro estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que no Brasil 27% das crianças e adolescentes têm colesterol alto e cerca de 20%, 1 em cada 5, tem o LDL alto, também conhecido como “colesterol ruim”.

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Como o ‘colesterol ruim’ age no organismo

Apesar de ser produzido naturalmente pelo organismo e ter funções importantes, como a formação das células e a produção de hormônios e vitamina D, o desequilíbrio pode trazer riscos à saúde. O colesterol em excesso, seja por predisposição genética, alimentação inadequada ou sedentarismo, aumenta o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

O HDL, conhecido como o “colesterol bom”, ajuda a limpar o excesso de gordura da corrente sanguínea. Já o LDL, conhecido como “colesterol ruim”, se acumula nas paredes das artérias, favorecendo a aterosclerose, o acúmulo de formando placas de gordura, que estreita os vasos e pode provocar obstruções que impedem a circulação sanguínea adequada.

Com o tempo, essas placas estreitam e endurecem as artérias, processo chamado aterosclerose, que dificulta o fluxo de sangue e pode causar infarto ou AVC”, explica o cirurgião vascular Marcelo José de Almeida, membro da Comissão de Aneurismas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP).

Segundo ele, o LDL elevado também aumenta a inflamação nas artérias, principalmente quando há hipertensão. “Há inúmeras pesquisas comprovando que a redução do colesterol ‘ruim’ traz benefícios significativos na prevenção de doenças vasculares.

Uma grande pesquisa, com 170 mil pessoas, comprovou que quanto maior a redução do LDL com o uso de estatinas, maior a proteção contra essas doenças”, explica. “Também cumpre ressaltar que a adoção de hábitos saudáveis é fundamental para manter a saúde e envelhecer com qualidade de vida”, reforça o médico.

Riscos, sintomas e grupos de atenção

colesterol alto raramente apresenta sinais clínicos, sendo conhecido como o “assassino silencioso”, pois a maioria dos pacientes não sente sintomas. A única forma de identificar o risco é por meio de exames de sangue regulares.

Entre as complicações mais comuns estão infarto do miocárdio, AVC, doença arterial periférica e angina. Alguns grupos precisam redobrar a atenção, como pessoas com histórico familiar de colesterol alto ou doenças cardiovasculares, diabéticos, hipertensos, fumantes, idosos, homens acima de 45 anos e mulheres após a menopausa.

Quando há histórico familiar de colesterol alto por causa de uma condição genética, chamada hipercolesterolemia familiar, os médicos recomendam que o exame de colesterol seja feito já a partir dos dez anos de idade, para que o problema seja identificado e tratado o quanto antes.

O controle do colesterol começa pelo perfil lipídico, exame de sangue que mede colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos. Em casos selecionados, exames como ultrassom de carótidas com Doppler, índice tornozelo-braço e angiotomografia de coronárias ajudam a avaliar os efeitos da aterosclerose.

Prevenção e recuperação da saúde vascular

Em muitos casos, é possível interromper ou até reverter parcialmente a aterosclerose

A médica Gisele Abud destaca que manter hábitos saudáveis é fundamental. “A prevenção vai muito além da dieta. Exercícios físicos, abandono do cigarro, controle do peso e evitar alimentos ultraprocessados fazem diferença”, orientou. E, em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário. O mais importante é não esperar uma doença para cuidar da saúde.

A prevenção passa por mudanças no estilo de vida, com refeições repletas de fibras, frutas, vegetais e grãos integrais, prática de pelo menos 150 minutos de atividade física por semana, abandono do tabagismo e cuidados com o sono e o estresse.

Segundo Dr. Marcelo, uma alimentação do tipo Mediterrânea, rica em frutas, verduras e peixes, combinada a exercícios diários e prazerosos, oferece grande benefício à saúde vascular. “Escolher uma atividade física que você goste ajuda a manter a qualidade de vida e o prazer em viver”, reforça.

Antes de pensarmos em medicações, é importante adquirir hábitos saudáveis. Mas, em muitos casos, o uso de estatinas e outros tratamentos é fundamental para reduzir o LDL e até estabilizar ou reverter placas de gordura nas artérias”, informa o especialista. O estudo REVERSAL (JAMA, 2004) mostrou que estatinas de alta potência podem interromper a progressão da aterosclerose.

No Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, o Dr. Marcelo deixa um alerta à população. “Colesterol alto não dá sinais, mas pode deixar marcas graves na sua vida. Previna-se com exames simples, hábitos saudáveis e acompanhamento médico. Sua saúde vascular agradece!”.

Interesse crescente em colesterol aquece buscas pelo termo 

Dados da Doctoralia revelam um crescimento expressivo na procura por informações relacionadas ao colesterol. Entre o segundo semestre de 2024 e os primeiros sete meses de 2025, a busca pelo termo duplicou, o que reflete um interesse cada vez maior da população no tema. Os termos mais buscados como “colesterol alto” e “hipercolesterolemia” também são os que geram maior volume de cliques em perfis médicos.

Além disso, condições relacionadas, ainda que com menor volume de buscas como “fígado gorduroso”, “disbiose intestinal”, “obesidade” e “nódulo da glândula tireoide” despertam atenção e geram procura ativa por profissionais da área”, destaca Flávia Soccol, Head de Patient Care da Doctoralia.

Esses dados reforçam não apenas a relevância do tema para a saúde da população, mas também a oportunidade estratégica para especialistas que desejam ampliar sua visibilidade e se conectar com pacientes que estão em busca de orientação e cuidados médicos.

Na seção Pergunte ao Especialista, há cerca de 900 questões relacionadas ao colesterol, que em 2024 receberam 429.511 visualizações. Nos primeiros sete meses de 2024, foram mais de 289 mil visualizações, e no mesmo período em 2025, mais de 98 mil. As perguntas mais acessadas tratam, principalmente, de dúvidas sobre alimentação, medicamentos e tratamentos.

Entre elas estão questões como quais alimentos excluir da dieta em caso de colesterol alto, o consumo de ovos para quem tem triglicérides e colesterol elevados, o consumo de arroz branco, interpretações de exames com alterações hepáticas associadas ao colesterol, e o tempo que medicamentos como a sinvastatina levam para reduzir o colesterol.

Sobre esse aumento da busca por informação e o controle do colesterol, o cardiologista Mozar Suzigan, médico parceiro da Doctoralia, destaca que o controle do colesterol é um dos principais pilares da saúde cardiovascular e deve ser prioridade em todas as idades. “Pequenas mudanças de hábitos trazem benefícios duradouros”, destaca.

colesterol alto raramente apresenta sintomas. Por isso, a melhor forma de prevenção é a orientação médica e os exames de rotina.  “O controle do colesterol é um dos pilares da saúde cardiovascular e deve ser prioridade em todas as idades. Pequenas mudanças de hábitos trazem benefícios duradouros”, ressalta o cardiologista.   

Confira 5 dicas para controlar o colesterol  

Especialistas alertam para o risco silencioso do colesterol alto, um dos principais fatores para doenças cardiovasculares, responsáveis pela maior causa de mortes no Brasil

  1. Adote uma alimentação saudável. Invista em frutas, verduras, legumes e grãos integrais. Reduza gorduras saturadas (frituras, carnes gordurosas, embutidos), evite também o consumo excessivo de açúcar e carboidratos refinados, e limite o consumo de ultraprocessados.
  2. Pratique atividades físicas regularmente. O exercício ajuda a aumentar o HDL (“colesterol bom”) e controlar o peso.
  3. Mantenha o peso adequado. O sobrepeso e a obesidade estão diretamente ligados ao aumento do colesterol.
  4. Evite fumar e consumir álcool em excesso. O tabagismo e o álcool contribuem para alterações no perfil lipídico.
  5. Realize exames periódicos. O acompanhamento médico e a avaliação regular do colesterol são essenciais para identificar alterações precocemente e prevenir doenças cardiovasculares.

Com Assessorias

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