Maus hábitos alimentares, avanço da obesidade, sedentarismo, pressão da indústria alimentícia e até mais acesso da classe C a novos alimentos podem estar por trás de uma triste estatística no país. O diabetes já afeta mais de 18 milhões de pessoas e representa um crescimento de 61,8% em relação a 2006. Entre 2006 e 2016, o número de pessoas que dizem saber do diagnóstico de diabetes passou de 5,5% para 8,9%. As mulheres lideram o ranking: 9,9% da população feminina declararam possuir a doença, contra 7,8% dos homens.
Os dados são da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. O diabetes também é uma das principais causas de amputações no País, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). De todas as amputações que acontecem no Brasil, 70% são em decorrência da doença. E esse problema não se limita ao território brasileiro: a cada um minuto três pessoas ao redor do mundo são amputadas por causa de complicações do diabetes. A IDF aponta que o Brasil é o quarto país com o maior número de adultos diabéticos. Isso resulta em um gasto anual de cerca de R$ 6,6 bilhões com pessoas com diabetes, valor 5,5 vezes maior que o custo da reforma do estádio do Maracanã.
O crescimento do diabetes é uma tendência mundial, devido ao envelhecimento da população, mudanças dos hábitos alimentares e prática de atividade física. De acordo com a Pesquisa Vigitel, 18% da população das capitais brasileiras consomem alimentos doces em cinco ou mais dias da semana, sendo maior entre mulheres (19,7%) do que entre homens (16,0%). O comportamento é mais comum entre jovens de 18 a 24 (26,2%) seguido pela faixa etária de 25 a 34 (20,6%). O levantamento foi feito, a partir de perguntas que indagavam sobre a frequência semanal do consumo de sorvetes, chocolates, bolos, biscoitos ou doces.
Rio tem mais concentração de casos
A pesquisa ainda aponta que o Rio de Janeiro é a capital com a maior diagnóstico de diabetes, com 10,4 casos para cada 100 mil habitantes. Mas o que precisamos garantir para as pessoas com diabetes que vivem no Estado do Rio? “Oferecer as insulinas e a quantidade de fitas para a medição da glicemia prescritas pelo médico que assiste a pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2 são questões de vida ou de morte. O Estado e as prefeituras têm responsabilidade compartilhada pela saúde da população. 2017 vai acabar sem que a situação esteja regularizada”, afirma Sheila Vasconcellos, uma das principais ativistas do movimento em favor dos pacientes diabéticos no estado (confira depoimento dela na seção Eu Vivo)
Dia Mundial do Diabetes – Em 14 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, data criada em 1991 pela International Diabetes Foundation (IDF) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre a doença. A data marca o aniversário de nascimento de Sir Frederick Banting, um dos responsáveis pela descoberta da insulina. Para marcar essa data, separamos algumas informações relevantes.
Mulheres e diabetes
Do total de pessoas diagnosticadas com diabetes no mundo, 53% são mulheres. Uma em cada sete mulheres – aproximadamente 21 milhões de casos – desenvolve diabetes gestacional. A OMS revela que o diabetes é a 3ª causa de morte de prematuros no mundo. Temos 199 milhões de mulheres convivendo com o diabetes no mundo e, no ritmo de crescimento atual, em 2040 serão 313 milhões, segundo o Atlas de 2015 publicado pela IDF.
“Meninas e mulheres com diabetes experimentam uma série de desafios. A dinâmica do poder, os papéis de gênero e as desigualdades socioeconômicas influenciam a vulnerabilidade ao diabetes. Para que isso aconteça é preciso garantir políticas governamentais apropriadas que permitam o acesso aos cuidados e medicamentos capazes de possibilitar e manter o controle do diabetes em todas as fases da vida da mulher. Aumentar consciência sobre o diabetes entre a população em geral vai ajudar a prevenir o Diabetes tipo 2, reduzir a discriminação e eliminar as barreiras que dificultam a vida de uma pessoa com diabetes e a de seus cuidadores. Precisamos juntos deter a epidemia e suas complicações”, afirma Sheila.
Medicamentos são importantes aliados
Atendimento pelo SUS e incentivo a hábitos saudáveis
Para os que já têm diagnóstico de diabetes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente, já na atenção básica – porta de entrada do SUS, atenção integral e gratuita, desenvolvendo ações de prevenção, detecção, controle e tratamento medicamentoso, inclusive com insulinas. Para monitoramento do índice glicêmico, ainda está disponível nas unidades de Atenção Básica de Saúde, reagentes e seringas. O programa Aqui Tem Farmácia Popular, parceria do Ministério da Saúde com mais de 34 mil farmácias privadas em todo o país, também distribui medicamentos gratuitos, entre eles o cloridrato de metformina, glibenclamida e insulinas.
O Ministério da Saúde garante que o incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e a prática de atividades físicas é prioridade. Uma portaria assinada em 2016 proíbe venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo dentro das dependências do Ministério.
O órgão também adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março em Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável e para fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação. O Governo Federal também incentiva a prática de atividades físicas por meio do Programa Academia da Saúde com aproximadamente 4 mil polos habilitados e 2.012 com obras concluídos.
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Diabetes Tipo 1
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Diabetes tipo 2
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Causa
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O sistema imunológico ataca equivocadamente as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina.
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O organismo produz insulina, mas não consegue usar o hormônio adequadamente ou não produz insulina suficiente para controlar a glicemia.
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Quando se manifesta?
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Geralmente é diagnosticada na infância e na adolescência.
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É mais comum na vida adulta e o número de diagnósticos aumenta de acordo com a idade da população.
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Tipo de tratamento
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Controle da alimentação, administração de insulina e atividade física.
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Alimentação controlada, uso de medicação oral e insulina se necessário e prática de exercícios físicos.
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