O Dia Internacional da Imunologia (29 de abril) foi adotado mundialmente com o objetivo de trazer conscientização sobre o tema. Quando se fala de imunidade, a tendência é pensar apenas em vacinação, mas a população também precisa estar alerta para a campanha sobre Imunodeficiências Primárias ou Erros Inatos da Imunidade, que são cerca de 450 doenças de origem genética, classificadas em 10 grupos, e que demandam diagnóstico e tratamento precoce para evitar complicações, sequelas e mortes.
Termina neste sábado, 29 de abril, a Semana Mundial da Imunodeficiências Primárias, que oferece a oportunidade para informar e educar os formadores de políticas de saúde, as escolas, as famílias e o público em geral sobre imunodeficiências primárias (IP), chamando a atenção para o diagnóstico precoce e a disponibilidade do tratamento ideal. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia promoveu, também, um encontro que debateu os principais desafios em torno dos Erros Inatos da Imunidade (EII).
Antonio Condino-Neto, presidente do Departamento de Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e coordenador do Laboratório de Imunologia Humana do ICB-USP, explica que essas doenças podem afetar a imunidade logo no início da vida dos bebês, tornando-os suscetíveis às infecções de repetição graves ou alergias e doenças autoimunes, também tendo risco de desenvolverem câncer.
Segundo Condino-Neto, que também é sócio-fundador da Immunogenic, primeiro laboratório especializado em triagem neonatal dos Erros Inatos da Imunidade por meio do teste do pezinho, deve-se priorizar o teste do pezinho ampliado, para testar a imunidade da criança antes mesmo que comece se vacinar ou vá pra casa após o nascimento. “O principal objetivo do teste é detectar o grande grupo das chamadas imunodeficiências graves combinadas e agamaglobulinemia congênitas, que é quando a criança não produz anticorpos”, explica.
Dessa forma, o principal produto para esse grupo de doenças é a terapia de reposição de imunoglobulinas, que são anticorpos policlonais provindo do plasma dos doadores. Essa terapia tem como objetivo repor os anticorpos que os pacientes não conseguem produzir. Os antibióticos e os medicamentos antivirais também são importantes neste processo.
“O tratamento definitivo para determinadas formas de imunodeficiências se dá pelo transplante de medula óssea e células-tronco. Além da terapia gênica, que é o conserto dos genes defeituosos, método que pretendemos introduzir no Brasil no médio prazo”, finaliza o médico.
Assim como as demais datas que celebram e chamam atenção da população para problemas de saúde, o Dia Internacional da Imunologia traz visibilidade para doenças que nem sempre estão em discussão na imprensa, mas que acometem muitas pessoas, como é o caso das Doenças Raras, que afetam cerca de 13 milhões de brasileiros. Desta forma, esses problemas de saúde passam a ser mais conhecidos e também melhor encarados.