Uma das lembranças mais marcantes do Natal na infância é encontrar o Papai Noel. Aquela barba branca, o gorro vermelho e o sorriso acolhedor ficam gravados na memória. Hoje em dia, shoppings são os locais mais comuns para esses encontros, mas como garantir que crianças com necessidades especiais vivenciem a magia dessa experiência de forma divertida e confortável?
Segundo o neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil André Ceballos, alguns cuidados podem fazer toda a diferença. “Cada criança reage de maneira única aos estímulos do ambiente. Luzes intensas, sons altos, filas longas e locais muito movimentados podem ser desconfortáveis, especialmente para crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou outras necessidades especiais. Por isso, preparar a experiência com antecedência é fundamental”, explica.
Um exemplo inspirador de inclusão é o projeto do Shopping Butantã, em São Paulo. Até 25 de dezembro, crianças, adolescentes e adultos com TEA podem visitar o Papai Noel em um ambiente tranquilo, das 14h às 14h30, todas as sextas-feiras.
Pais que antes não conseguiam levar seus filhos a locais muito movimentados agora têm um espaço seguro e acolhedor. A proposta reduz estímulos sensoriais e transforma o encontro em uma experiência mais calma e prazerosa para todos”, comenta Ceballos sobre a iniciativa.
Confira ainda algumas dicas do especialista para aproveitar a visita ao Papai Noel:
Antecipe o que vai acontecer
Antes da visita, é importante preparar a criança emocionalmente. “Mostre fotos do Papai Noel, vídeos curtos e até o local onde ela irá encontrá-lo. Isso ajuda a diminuir a ansiedade e cria previsibilidade. Algumas famílias também utilizam histórias sociais, que descrevem passo a passo como será a visita, uma ferramenta especialmente útil para crianças neurodivergentes”, comenta Ceballos.
Escolha o horário certo
Shoppings costumam ter grande movimento, mas alguns oferecem horários especiais com menos estímulos sensoriais, luzes reduzidas, som mais baixo e fluxo controlado de pessoas. “Optar por momentos do dia mais tranquilos evita sobrecarga sensorial, tornando a experiência mais agradável e segura”, acrescenta Ceballos.
Respeite o tempo da criança
Nem sempre o primeiro contato será simples e tudo bem. Forçar a aproximação pode gerar ainda mais ansiedade. “Cada criança tem seu ritmo. Às vezes, ela precisa olhar de longe primeiro, observar o ambiente, entender quem é aquela figura vestida de vermelho. O importante é respeitar esse tempo”, reforça o neurocirurgião.
Prepare um plano B
Para algumas crianças, a aproximação com o Papai Noel pode não acontecer naquele dia, e isso não deve ser encarado como frustração. “Tenha sempre alternativas: tirar uma foto ao lado da decoração natalina ou até mesmo retornar em outro horário. O objetivo é transformar o momento em algo positivo, nunca em uma obrigação”, destaca o especialista.
Por fim, o Natal deve ser um momento de estar junto com a família, criar boas lembranças e aproveitar a companhia um do outro. “Estar junto dos pais, amigos e familiares já torna tudo mais especial para os pequenos. Esse é o verdadeiro sentido da data”, finaliza o doutor.
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Incentivar a crença no Papai Noel e consequentemente na magia da ocasião é absolutamente saudável. Mais do que isso, é imprescindível! Toda criança merece viver o encantamento do Natal, e ninguém deve tirar dela a capacidade de fantasiar. O papel da mãe e do pai é facilitar o mundo da imaginação para os pequenos, oferecendo-lhes todas as possibilidades de sonho e fantasia. O Papai Noel é, sem dúvida, uma das recordações mais bonitas que trazemos da infância”, explica Paula Furtado.
Criar tradições significativas, como decorar a árvore e a casa juntos, assar biscoitos ou preparar doces típicos, visitar lugares com enfeites natalinos, além de elaborar uma cartinha para o Papai Noel que comece com um agradecimento pelas conquistas e termine com um pedido de presente, são práticas que enriquecem a celebração do Natal. Segundo a escritora, essas atividades não só valorizam os momentos vividos em família, como também ajudam as crianças a associar o Natal a sentimentos de afeto, união e compaixão.
No entanto, existem crianças que não gostam de se aproximar do Papai Noel, neste caso, para evitar traumas, Paula diz que o importante é respeitar e acolher o medo de cada um. “A pessoa não deve ser obrigada a se aproximar ou sentar no colo de um “estranho”. Deve-se, nesse caso, explicar o símbolo do ‘bom velhinho’ e sugerir que a criança converse com ele, faça um pedido ou entregue a chupeta, por exemplo. Caso o medo persista, é possível encontrar outras formas de comunicação que seja menos traumático, como mandar cartas, e-mails, telefonemas ou desenhos”, sugere a profissional.
O verdadeiro sentido da data
A literatura infantil se destaca como uma poderosa ferramenta educativa e lúdica para mostrar à garotada a verdadeira origem da época natalina e afasta a ideia de que o ‘velhinho barbudo’ é apenas um símbolo que entrega presentes.
Existem inúmeros contos natalinos, como o Um Conto de Natal, de Charles Dickens – a história de Ebenezer Scrooge que ensina sobre compaixão, generosidade e a importância de valorizar as pessoas ao nosso redor. Mas gosto particularmente das religiosas, que explicam, por exemplo, a origem de Santa Claus/ São Nicolau, isso aumenta o sentimento de pertencimento à convicção de cada lar. Independentemente da religião, as histórias em geral já trazem mensagens de bons valores e sentimentos, superação de dificuldades e possibilidades de final feliz”, diz a escritora.
Incentivo à solidariedade
No diálogo com os filhos, é possível reforçar a imagem do Papai Noel como um símbolo de compaixão, em vez de apenas associá-lo à compra e troca de objetos. Este é um momento propício para criar um laço forte com os valores de altruísmo e empatia. Focar em experiências significativas, como participar de festas em ONGs, orfanatos e casas de acolhimento, ou incentivar a doação de brinquedos, roupas e cestas básicas, pode ser transformador.
Permitir que as crianças entreguem pessoalmente esses donativos e observem a gratidão dos mais necessitados traz uma importante conscientização social. Essas práticas transformam o Natal em um instante de reflexão sobre o próximo, e promove uma experiência mais rica e solidária, além de afastar o foco do consumo e da recepção de presentes”, aconselha Paula.
Com Assessorias




