Do total de R$ 741 milhões a ser liberados pelo governo federal ao Rio Grande do Sul, para apoio emergencial imediato à população das cidades atingidas nos últimos dias pela passagem do ciclone extratropical e pelas fortes chuvas que atingem o estado, R$ 80 milhões referem-se a ações como o envio de equipe da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), de kits calamidade, de medicamentos e outros insumos de saúde.
Em Roca Sales – um dos municípios mais afetados pelo desastre – será construído um novo hospital, já que o antigo foi totalmente destruído. O município recebeu a instalação de um hospital de campanha (HCAMP), coordenado pela Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), com o apoio do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), de Porto Alegre. Vinculado ao Ministério da Saúde, o GHC vem auxiliando também o município de Muçum com estrutura especial no socorro às vítimas. O montante será utilizado ainda na realização de reparos, reconstrução e construção de unidades de saúde e de novas farmácias.
As ações do Ministério da Saúde fazem parte do esforço do governo federal anunciado neste domingo (10), em Lajeado (RS), pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin, durante reunião com a participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, do governador do estado, Eduardo Leite e de outros ministros, prefeitos e secretários. O anúncio ocorreu após visita aos principais municípios atingidos no Vale do Taquari, entre eles Roca Sales, Muçum, Estrela, Cruzeiro do Sul e Lajeado.
O deslocamento da comitiva ao estado reforça uma série de ações já tomadas pelo governo federal, desde o início da semana, para auxiliar a população gaúcha atingida pelas chuvas e alagamentos. Seguindo orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está na Índia para a Cúpula do G20, foi criado um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul.
Na última quarta-feira (6), o Ministério da Saúde, por meio do seu do Programa de Vigilância de Desastres, já havia enviado 10 kits de medicamentos e insumos de assistência farmacêutica para o Rio Grande do Sul. Cada kit tem capacidade para assistir 1,5 mil pessoas durante um mês. Dessa forma, os kits permitirão o atendimento a 15 mil pessoas no período.
Os estoques de vacinas também estão sendo reforçados. Uma nova remessa, com 20 kits para atender às necessidades pontuais de municípios da região, deve ser enviada ao estado nesta segunda-feira (11).
Dois técnicos do Programa de Vigilância de Desastres (Vigidesastres) foram enviados ao estado para apoio às ações de resposta à emergência em saúde pública, a fim de reduzir o risco da exposição da população e dos profissionais de saúde, reduzir doenças e agravos decorrentes delas, bem como os danos à infraestrutura de saúde.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, há um levantamento em andamento sobre os locais mais afetados. Além disso, estoques de vacinas estão sendo reforçados junto às Coordenadorias Regionais de Saúde.
Força Nacional do SUS
Durante a visita da comitiva à região, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) em situações de calamidade como a que acontece no Rio Grande do Sul.
“Diante da tragédia ocorrida pelo ciclone que impactou tantos municípios, é um alento ver a força do nosso SUS. Quero agradecer o empenho de todos os profissionais do Ministério da Saúde, dos voluntários que se agregaram a nós. É uma ação integrada de todo o governo federal na linha do que o presidente Lula vem colocando, de cuidado das pessoas em situação de risco, e mostramos o valor dessa união”, destacou.
Ela também enfatizou a importância da Força Nacional do SUS em situações de tragédia como esta. “Nesse momento, é hora de salvar vidas, de cuidar das pessoas e, nesse sentido, eu quero reforçar aqui o papel da Força Nacional do SUS, uma força que agora de fato é retomada no espírito da sua origem, em 2010″, pontuou.
Segundo Nísia, “a Força Nacional do SUS, ao lado de todo o trabalho do Grupo Hospitalar Conceição, vinculado ao Ministério da Saúde, garantiu um apoio de qualidade, um hospital de campanha no município de Roca Sales e muitas ações em coordenação com a Secretaria de Saúde do estado e dos municípios, como é da filosofia do Sistema Único de Saúde”.
Leia mais
Solidariedade: como ajudar as vítimas de ciclone na Serra Gaúcha
Mudanças climáticas
-
RS vai implantar sistema de monitoramento e alertas de desastres naturais
Nísia Trindade também reforçou que a missão do governo federal permitiu ver o quanto a Saúde contribui para esse processo e para os desafios do tempo presente, em que o fenômeno das mudanças climáticas vai ainda tornar mais agudos eventos extremos como o que atinge a região.
Representado na comitiva, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) vai ajudar o estado do Rio Grande do Sul a implantar um sistema de monitoramento e alertas de riscos de desastres naturais similar ao Cemaden. Uma reunião de trabalho foi agendada para 27 de setembro, em Brasília, para discutir ações conjuntas.
“Precisamos discutir os desastres recorrentes e também os potenciais com o cenário de mudanças climáticas. É necessário não apenas nos prepararmos para o presente, mas também gerar sintonia para ações futuras”, afirmou Osvaldo Moraes, diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos, integrante da comitiva do governo federal que visitou a região do Vale do Taquari.
Moraes disse ainda que o MCTI e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima vão construir uma estratégia para preparar os municípios para os fenômenos climáticos extremos. Para isso, será realizado um seminário científico nos dias 28 e 29 de setembro, em Brasília.
A ministra Luciana Santos disse que a adaptação às mudanças climáticas exige ações coordenadas. “O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação tem compromisso em prover informações científicas para contribuir com as discussões da agenda climática e para subsidiar as políticas públicas. Temos ainda o desafio de aumentar a conscientização e a percepção da sociedade a respeito da mudança do clima e os impactos que essas alterações já estão provocando em nosso cotidiano”, explicou.
O assunto foi discutido com a secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stulp, que foi convidada para uma visita ao Cemaden, em São José dos Campos (SP). “Vamos trabalhar na construção de um programa que tenha como foco a prevenção de desastres”, disse a secretária.
Banco do Brasil promove medidas de apoio à região
Além das diversas ações que já estão sendo realizadas pelo Governo Federal e da campanha para recolhimento de doações, o Banco do Brasil iniciou uma série de medidas que busca minimizar os danos estruturais e econômicos para a região. Internamente, funcionários também se mobilizam para arrecadar doações e auxiliar os desabrigados. Além disso, o BB está deslocando unidades móveis para providenciar atendimento nos municípios que mais sofreram com a devastação.
Também são tomadas medidas de apoio também com extensões, renovações e priorização do atendimento de sinistros nas regiões impactadas. A mesma atenção segue também para operações de crédito de cerca de 115 mil pessoas físicas e jurídicas de áreas afetadas em que o BB está estudando, caso a caso, sobre necessidades de renegociações e apoio em seguros de vida.
“Como principal parceiro do agronegócio e da agricultura familiar, também avalia de perto as condições das lavouras e apoia em situações em que se fizerem necessários os aumentos de prazos e carências em operações de crédito ou em acionamento de seguro rural, por exemplo”, disse a presidenta do BB, Tarciana Medeiros.
Apoio de São Paulo
Além do compartilhamento do planejamento para socorro e reconstrução de municípios do Litoral Norte, as autoridades paulistas confirmaram o envio de 40 toneladas de doações e ajuda humanitária para as cidades na região Sul. Equipes da Defesa Civil de São Paulo com experiência em grandes tragédias também vão prestar apoio nas cidades gaúchas de Muçum e Roca Sales, onde ocorreu o maior número de mortes causadas pelas chuvas. Ao todo, serão dez agentes das forças paulistas empregados na missão.
No último domingo (10), São Paulo enviou 20 toneladas de doações, com alimentos e roupas, para as regiões mais afetadas no Vale do Taquari. Nesta segunda-feira (11), mais quatro caminhões do Governo de SP vão sair com destino ao Sul do Brasil: dois da Defesa Civil, com capacidade para levar 10 toneladas de doações; e dois do Fundo Social de São Paulo, com 10 toneladas, totalizando mais 20 toneladas em itens arrecadados pelo São Paulo Futebol Clube.
A experiência do Governo de São Paulo na pronta resposta e nas ações de médio e longo prazo para apoio à população do Litoral Norte após desastres climáticos vai ajudar autoridades gaúchas a atender o Rio Grande do Sul que passa por uma emergência climática que afeta mais de 80 cidades após grandes enchentes e destruição de localidades inteiras.
Nesta segunda-feira (11), secretários de Estado da gestão paulista se reuniram em teleconferência com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para detalhar a iniciativa local no apoio a São Sebastião e outras cidades litorâneas após uma série de inundações e deslizamentos ocorridos em fevereiro, após chuvas extremas.
A gestão paulista apresentou uma linha do tempo de ações durante o desastre climático de fevereiro, passando pelos momentos emergenciais das primeiras horas após as inundações e deslizamentos até as ações de longo prazo, como retirada de famílias de áreas de risco e ampliação da oferta de moradia.
Logo após as chuvas, o governador transferiu o gabinete para São Sebastião e criou a Gerência de Apoio do Litoral Norte, que iniciou um momento de transição. O Governo do Estado também decretou estado de calamidade para agilizar a transferência de socorro e recursos financeiros aos municípios atingidos.
O governo paulista ainda destacou as soluções habitacionais adotadas, como a parceria com hotéis e pousadas e a Vila de Passagem para acolhimento emergencial das famílias, além da construção das moradias permanentes com tecnologias construtivas que aceleram a entrega dos imóveis. Após a recuperação inicial das famílias, a sequência natural vai ser a recuperação econômica e da infraestrutura, além das ações sociais.
Com Assessorias