O mês de setembro é marcado por uma das campanhas de saúde pública mais importantes do Brasil: o Setembro Amarelo, movimento nacional de prevenção ao suicídio e valorização da vida, que estimula o diálogo e a conscientização como pilares de transformação social. Agora, a mobilização nacional, idealizada no fim de 2014 por diversas entidades, passa a ter o status de política pública nacional com uma nova legislação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta semana, a Lei 15.199/2025 que define a realização da campanha Setembro Amarelo, anualmente, no mês de setembro, em todo o país, para a promoção da saúde mental e da conscientização sobre a prevenção da automutilação e do suicídio.

Publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (9), o texto define que a campanha Setembro Amarelo deve ser voltada a informar sobre riscos, oferecer orientação sobre recursos disponíveis de apoio e tratamento e fortalecer o acolhimento às pessoas que enfrentam desafios relacionados à automutilação e a pensamentos ou à intenção de tirar a própria vida, chamada tecnicamente de “ideação suicida”.

Pela publicação, também ficam instituídos o dia 10 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção do Suicídio – coincindindo com o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – e o dia 17 de setembro como o Dia Nacional de Prevenção da Automutilação. A critério dos gestores estaduais, poderão ser veiculadas campanhas na mídia, prédios públicos poderão ser iluminados com luzes de cor amarela, entre outras ações.

A campanha do Setembro Amarelo teve sua primeira edição em 2015, organizada pela sociedade civil e entidades representativas de classe. Atualmente, estão à frente do Setembro Amarelo o Centro de Valorização da Vida (CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em 2025, a campanha do Setembro Amarelo tem o tema ““Se precisar, peça ajuda!”. O foco é reforçar que o diálogo é uma ferramenta poderosa para acolher quem sofre em silêncio e, por isso, o objetivo é promover a conversa sobre a prevenção do suicídio. O Congresso Nacional será iluminado de amarelo até sexta-feira (12/9) em referência ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, fixado em 10 de setembro.

Apoio e tratamento nos Caps

Entre os recursos públicos disponíveis para apoio e tratamento à saúde mental estão os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), em todas unidades da federal. A rede oferece serviços com profissionais especializados para atender as necessidades da comunidade. Nos Caps, as equipes multiprofissionais contam com médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e técnicos de enfermagem.

Outra modalidade assistência gratuita é o Centro de Valorização da Vida (CVV) que disponibiliza canais de atendimento disponíveis 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive aos fins de semana e feriados para prestar apoio emocional e prevenção do suicídio a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob anonimato. O CVV atende no telefone Ligue 188, no chat e por e-mail.

Em qualquer caso de urgência ou emergência, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) pode ser acionado imediatamente pelo telefone 192 e a Polícia Militar do estado, no telefone 190.

Cartilha Amarela

Como medida de prevenção ao suicídio do Setembro Amarelo, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançou, nesta quarta-feira (10), a Cartilha Amarela – Prevenção e combate ao assédio, a outras formas de violências e ao suicídio relacionado ao trabalho. O documento trata o suicídio como um grave problema de saúde pública e alerta para os impactos de práticas abusivas e ambientes de trabalho hostis à saúde física e mental de trabalhadores.

cartilha relaciona os principais alvos do assédio moral: mulheres, pessoas com deficiência (PCD), com idade avançada, população LGBTQIAPN+, pessoas de outra região do país, de outras nacionalidade ou culturas, além de doentes ou acidentados.

O material ainda ajuda identificar formas de assédio e violência relacionados ao trabalho que podem gerar sofrimento e adoecimento da pessoa assediada.

Acesse aqui a Cartilha Amarela.

Mitos x realidade

questão do suicídio ainda é vista como tabu por diversos setores da sociedade brasileira. Por isso, a cartilha lançada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ainda lista os mitos mais comuns sobre o tema e como devem ser abordados para reduzir estigmas.

O material esclarece, entre outros, que:

·  falar sobre o suicídio não aumenta o risco de uma pessoa se matar. Ao contrário, protege, porque pode aliviar a angústia e tensão e pode quebrar tabus;

·  a maioria dos suicidas fala ou dá sinais de seu desejo de se matar. Por isso, o indivíduo que fala sobre a intenção de tirar a própria vida ou sobre um plano suicida deve ser levado a sério;

·  pessoas nesta situação, muitas vezes, já relataram ou deram pistas destes pensamentos a uma ou mais pessoa e experimentam sentimentos ambivalentes sobre o suicídio, ou seja, ficam em dúvida se devem fazê-lo, considerando motivos para morrer e para viver;

·  a imprensa não é proibida de abordar o suicídio. É o oposto: a mídia deve informar a população sobre o assunto de saúde pública e divulgar onde e como os interessados devem buscar ajuda.

Um problema mundial de saúde pública

  • O suicídio é um problema de saúde pública, com impactos sociais importantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, em todo o mundo, mas o número pode ser ainda maior, já que muitos casos não são registrados.
  • Estima-se ainda que, para cada suicídio, ao menos outras 20 tentativas sejam registradas. Praticamente 100% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, principalmente as não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. 
  • No Brasil, em 2023, mais de 16,8 mil óbitos por suicídio foram notificados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde (MS).O número de suicídios da população em geral e de pessoas indígenas somados aumentou 66,47% em uma década (2013-2023). Em média, 46 pessoas cometem suicídio por dia no país, de acordo com o Atlas da Violência 2025, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
  • Em 2021, o suicídio foi a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Um estudo recente indica que as taxas de suicídio e autolesão cresceram muito entre os jovens brasileiros nos últimos anos. Entre 2011 e 2022, a taxa de suicídio de pessoas entre 10 e 24 anos aumentou 6% ao ano. No mesmo período, as notificações de autolesões nessa faixa etária tiveram um crescimento anual de 29%.
  • Os números são mais altos do que os registrados na população em geral: a taxa de suicídio total cresceu 3,7% ao ano, e as autolesões, 21%. Publicada na revista científica “The Lancet Regional Health – Americas”, a pesquisa analisou dados do Ministério da Saúde e foi realizada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em parceria com pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA.
  • Um dos compromissos assumidos pelo Brasil, em acordo com a meta 3.4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), é a redução desses números em um terço até 2030. Esta meta aborda a redução da mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promoção da saúde mental e do bem-estar.

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Agenda Positiva – Setembro Amarelo

Encontro sobre saúde mental em hotel do Rio de Janeiro

No dia 10 de setembro, o  Hotel Radisson Barra, em parceria com o Grupo Via Capi, realiza o encontro “Setembro Amarelo: Saúde mental em foco – Acolher, ouvir e apoiar”, dedicado à empatia e ao acolhimento, em prol do bem estar dos colaboradores. A iniciativa reforça o compromisso das instituições com a saúde mental coletiva e acontece em apoio à campanha Setembro Amarelo.

O encontro promove reflexão, diálogo e suporte mútuo dentro do ambiente de trabalho, reunindo dois grupos de 50 colaboradores do hotel e da operadora. A convidada do encontro e palestrante será a psicóloga Bruna Mega Novais, formada pela UFRJ, com pós-graduação em Gestão de Pessoas pela UFF e especialização em Gestão Inovadora de Recursos Humanos pela StartSe University.

As vagas para o encontro presencial são limitadas, e a participação requer inscrição prévia por meio do link: https://forms.gle/Mn69Zi1EXMvH9pk49. Será oferecida uma versão online da palestra, garantindo que todos os colaboradores tenham acesso ao conteúdo e possam refletir sobre saúde mental, acolhimento e empatia.

Itaperuna (RJ) recebe ação “Escuta em Movimento” para valorização da vida e saúde mental

Os números reforçam a urgência de ampliar espaços de acolhimento e diálogo sobre saúde mental. Por isso, o curso de Psicologia do Centro Universitário Afya Itaperuna promove a ação “Escuta em Movimento”, que será realizada na Praça da Concha Acústica, nos dias 16 de setembro, das 8h às 12h, e em 24 de setembro, das 13h às 17h.

Aberta ao público e gratuita, a iniciativa contará com a participação de estagiários do curso, sob supervisão da professora Laura Velozo, que irão oferecer atendimento psicológico, escuta qualificada, acolhimento e reflexões sobre a importância de cuidar da saúde mental. Além de  ocupar um espaço simbólico da cidade, a Concha Acústica, o evento reforça a mensagem de que a saúde mental deve ser debatida em comunidade, de forma aberta e sem tabus.

Para a professora Renata Caveari, coordenadora do curso, a atividade representa um importante passo para aproximar a universidade da comunidade. Segundo ela, muitas pessoas ainda têm dificuldade em falar sobre o que sentem, seja por medo, preconceito, falta de apoio ou até por não terem com quem contar.

Por isso, levar a ação ‘Escuta em Movimento’ para um espaço público é tão especial: torna o cuidado mais acessível, acolhedor e próximo do dia a dia. Estar em um lugar aberto da cidade convida cada pessoa a se sentir ouvida, valorizada e pertencente, ajudando a quebrar barreiras e mostrando que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem. Cuidar da saúde mental deve ser parte da nossa rotina e iniciativas como essa reforçam a importância de falar sobre o que sentimos como um passo fundamental para o bem-estar de todos”, afirma.

Segundo ela, a importância de levar a ação ‘Escuta em Movimento’ para um espaço público como os de Itaperuna está em aproximar a escuta qualificada da população em seu cotidiano, mostrando que a saúde mental não precisa ficar restrita a consultórios ou serviços formais.

Ao ocupar praças e ruas, a iniciativa torna o cuidado mais acessível, acolhe quem talvez nunca tenha procurado ajuda e fortalece os vínculos entre as pessoas. Além disso, dá visibilidade ao tema, contribui para quebrar tabus e promove uma cultura de diálogo, pertencimento e cuidado coletivo”, explica Renata

Com Assessorias e Agência Brasil

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