É incrível, mas no país em que a carteirinha de vacinação em dia era obrigatória até para conseguir frequentar uma escola pública, hoje vemos taxas baixíssimas de cobertura vacinal. Tudo isso impulsionado por uma onda de desconfiança por parte de muitos pais que, pasmem, podem estar vivos e saudáveis hoje porque os pais deles os levaram quando crianças a um posto de vacinação. E boa parte disso se deve às fake news em torno das vacinas, não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Na semana passada, por ocasião do Dia D da Vacinação contra a Gripe e o Sarampo, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro divulgou os baixíssimos índices de cobertura vacinal para as duas doenças – menos de 30% – quando o ideal, todos sabemos, é que fiquem em torno de 90%, para assegurar que não tenhamos problemas mais graves com nossas crianças e adolescentes.

Dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil tem registrado uma redução nas coberturas vacinais, no caso de crianças, para enfermidades já erradicadas. A imunização é a principal estratégia de prevenção de doenças e agravos, com a redução da mortalidade de doenças como a poliomielite, varíola, sarampo, caxumba, febre amarela e coqueluche, que são preveníveis pelas vacinas.

Segundo João Gregório Neto, professor do curso de Enfermagem da Faculdade Santa Marcelina, enfermeiro e analista de saúde do Programa Municipal de Imunizações da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, com o advento da primeira vacina, da varíola, desde o século XVIII, observamos o aumento da estimativa de vida da população mundial, além da melhoria da qualidade de vida, principalmente nos países em desenvolvimento.

“No Brasil, a vacinação é uma estratégia pública e de saúde, antes mesmo do Sistema Único de Saúde (SUS). O Programa Nacional de Imunizações é um dos principais serviços de vacinação do mundo, oferecendo proteção contra mais de 19 doenças, resultando a erradicação e na redução drásticas de várias doenças”, explica.

Neste Dia Nacional da Imunização (9 de junho), o especialista fala do impacto na saúde pública com a diminuição da cobertura vacinal e tira as principais dúvidas da população em relação às vacinas.

Qual a importância da imunização na saúde pública?

Infelizmente acompanhamos a diminuição da cobertura vacinal no Brasil e no mundo. A imunização adequada é de 95%, para as vacinas de rotina em crianças, porém, não é o que observamos no Brasil, como exemplo, a vacina da poliomielite, que no ano de 2021 a cobertura foi de 66,6% e no município de São Paulo foi 78,0%.

Outro exemplo, é a vacina contra o sarampo, que no Brasil a cobertura em 2021 foi de 81,5% e no município de São Paulo foi de 83,2%, em geral a média da cobertura das vacinas de rotina em 2022, no município de São Paulo, é de 78%.

Os dados são preocupantes e acendem um alerta para o reaparecimento de doenças já erradicadas como a poliomielite ou o aumento de doenças controladas como sarampo, caxumba, tétano, meningites e outras. Além das vacinas de rotina temos a vacinação contra a Covid19, que neste momento o que preocupa é a cobertura em crianças, que está em torno de 66,2%.

Quais as causas da diminuição da cobertura vacinal?

As causas para a diminuição da cobertura vacinal são inúmeras, como informações de que as vacinas são ineficazes e com diversas reações adversas, mas a principal é o movimento antivacina, que se fortaleceu na Europa e América Central na década de 80, com algumas informações falsas em relação ás vacinas.

Atualmente observamos o que chamamos de hesitação vacinal, que é a escolha das vacinas. Acompanhamos isso nas unidades de saúde, em que o responsável pela criança quer escolher qual vacina deve ser aplicada. Temos um desafio para mudar este cenário.

Quais ações de conscientização estão sendo realizadas?

São realizadas diversas ações no município de São Paulo, como a ampliação dos horários das unidades de saúde; abertura das unidades aos sábados; criação de locais de vacinação fora das unidades de saúde, como em parques, inclusive vacinação aos domingos.

Também são realizadas capacitação permanente dos profissionais da saúde; melhorias dos sistemas de informação; publicidade efetiva em relação a importância da vacinação. Mas vejo que necessitamos de uma atuação mais efetiva do Ministério da Saúde, principalmente, em relação à publicidade positiva sobre as vacinas e maior envolvimento nas Campanhas de Vacinação.

Há bloqueio de transmissão de doenças pela vacinação?

Sim, por exemplo, quando se tem um caso de sarampo em uma determinada localidade, a vigilância epidemiologia, juntamente com a unidade de saúde intensificam a ação de vacinação no local. Sendo assim, destaco a importância de notificar as doenças imediatamente, para que a ação de vacinação aconteça o quanto antes.

Além disso, temos a Campanha de Vacinação contra a Influenza, que acontece anualmente nos meses que antecedem o inverno, a Campanha contra a Covid19, na qual ainda estamos passando pela pandemia, o que demostra a importância da vacinação de reforço e revela que a vacinação é a principal ação de prevenção coletiva, pois a partir do momento que a população foi vacinada observamos a diminuição da doença e da mortalidade.

Tira dúvidaS

Posso tomar a vacina da gripe junto com a vacina da Covid19?
Sim. A vacina contra Covid19 pode ser administrada com a vacina da Covid ou outras vacinas do calendário do Programa Nacional de Imunizações.

Quem teve Covid19 pode se vacinar contra a gripe?
Pode, mas deve aguardar quatro semanas após o início dos sintomas ou do resultado positivo do exame para receber o imunizante.

Se eu estiver com febre, posso me vacinar?
Quem estiver com febre deve adiar a ida ao posto para receber a vacina.

Depois de vacinar, eu posso doar sangue?
A Anvisa orienta que os vacinados devem esperar um período de 48 horas para doar sangue.

Quem não pode receber a vacina contra gripe?
A vacina contra gripe é contraindicada apenas para crianças menores de 6 meses de idade e pessoas com histórico de alergias graves a doses anteriores.

Por que eu devo me vacinar contra a gripe?
A vacina contra a gripe reduz o risco de agravamento, internações ou óbitos pela doença.

Eu me vacinei contra gripe no ano passado. Preciso tomar a dose de novo?
Sim,  porque os vírus que fazem parte da composição da vacina mudam todos os anos, de acordo com o mapeamento dos subtipos do influenza que mais estão circulando naquele ano.

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