Na noite deste domingo (27), véspera do Dia Mundial do Orgulho LGBTQIA+, a comunidade foi surpreendido por uma notícia em cadeia nacional no Fantástico, da Rede Globo: a atriz Nanda Costa, de 34 anos, e a percussionista Lanlan, de 53, anunciaram oficialmente que estão grávidas de cinco meses de gêmeas.

O casal, que está junto há oito anos, optou pela fertilização in vitro a partir do congelamento dos óvulos de Nada e, na terceira tentativa, qual não foi a surpresa quando veio a confirmação de gêmeos. Uma alegria em dose dupla especialmente para a família de Lalan, que perdeu o pai há dois meses para a Covid-19. “Somos quatro. Somos duas mães e duas filhas”, contou.

Apesar dos muitos preconceitos que ainda permeiam a sociedade, grupos minoritários têm conquistado cada vez mais direitos. Legal no Brasil desde 2015, graças a uma resolução do Conselho Federal de Medicina, a reprodução assistida homoafetiva é opção ideal para casais do mesmo gênero que desejam ter filhos biológicos ou não querem passar por toda a burocracia do processo de adoção.

Devido à burocracia no processo de adoção, a busca de casais homoafetivos por clínicas de fertilização tem aumentado muito nos últimos anos”, explica o Rodrigo da Rosa Filho, ginecologista obstetra especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

Mas, apesar de se tornar cada vez mais comum, a reprodução assistida homoafetiva ainda é cercada de tabus e informações incorretas. Então, para solucionar as dúvidas sobre o assunto, o especialista apontou e explicou as opções de procedimentos disponíveis para casais homoafetivos que desejam ter filhos. Confira:

Casais homoafetivos femininos

No caso de casais homoafetivos do sexo feminino, o processo de reprodução assistida é mais simples, visto que é apenas necessária a doação do sêmen, que, assim como a doação do óvulo, é feita de forma anônima por meio de bancos do material. A partir da doação do sêmen, o casal pode optar por dois métodos: a fertilização in vitro ou a inseminação intrauterina.

A fertilização in vitro segue o mesmo processo que com os casais homoafetivos masculinos, mas, nesse caso, o embrião é inserido em uma das integrantes do casal. Além disso, o casal homoafetivo feminino que optar pela fertilização in vitro ainda podem realizar uma gestação compartilhada, processo no qual uma das mulheres cede o óvulo enquanto a outra é a responsável por gestar o bebê”, explica o Dr. Rodrigo.

A outra opção para casais homoafetivos do sexo feminino é inseminação intrauterina, popularmente conhecida como inseminação artificial. “Por ser realizada em um casal composto por duas mulheres, o procedimento também exige um doador de esperma, consistindo, basicamente, na inserção desse espermatozoide doado na cavidade do útero durante o período de ovulação da mulher para que a fecundação ocorra naturalmente, sendo que, em alguns casos, é necessário que a ovulação seja previamente estimulada por meio de tratamento medicamentoso”, diz o médico.

Casais homoafetivos masculinos

Já a reprodução assistida para casais homoafetivos do sexo masculino tende a ser mais complicada. Isso porque, além da doação do óvulo que é intermediada por meio de bancos do material que garantem o anonimato da doadora e dos receptores, é necessário buscar por uma barriga solidária, ou seja, uma mulher que esteja disposta a gestar o bebê.

Mas existem regras rígidas no que diz respeito à barriga solidária, sendo que a mulher disposta a ceder o útero para o procedimento deve ter mais de 18 anos e ser parente sanguínea de até quarto grau de um dos parceiros. Outros casos precisam receber autorização do Conselho Federal de Medicina e, caso não haja candidatas para ceder o útero, não é possível realizar o procedimento”, afirma o médico.

Após encontrarem uma barriga solidária e uma doadora de óvulos, cabe ao casal decidir qual dos dois será o doador do esperma. “Em seguida, o óvulo é fecundado em laboratório e inserido no interior do útero da mulher disposta a gestar a criança. Após cerca de 15 dias já é possível verificar o sucesso do procedimento”, diz o especialista.

Por fim, é importante ressaltar que a decisão pela reprodução assistida e a escolha do procedimento cabem apenas ao casal, que deve discutir profundamente todas as questões que envolvem o tratamento com o médico. “Em alguns casos, além do acompanhamento médico, é interessante também que o casal procure suporte jurídico, principalmente no caso de casais homoafetivos masculinos. Isso porque a mulher que cedeu o útero para gestar o feto pode requerer a guarda da criança, visto que o bebê possui material genético de todos que participaram do processo”, finaliza Rodrigo da Rosa Filho.

Papa: ‘são filhas de Deus e têm direito a uma família’

Desde sua nomeação, o Papa Francisco sempre se mostrou aberto a dialogar sobre uma série de pautas consideradas como tabus pela igreja, como a questão da população LGBTI+. Em outubro de 2020, o Santo Padre, reafirmando esse seu posicionamento, declarou que pessoas homossexuais “são filhas de Deus e têm direito a uma família”.

Para o especialista, a afirmação do Papa Francisco é um grande passo para a comunidade LGBTI+ e pode até mesmo favorecer a conquista de futuros direitos para esse grupo minoritário“A declaração do líder mundial da igreja católica pode inclusive ser o estímulo que faltava para que casais homoafetivos decidam iniciar suas famílias através de métodos de reprodução assistida”, comentou.

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