No Dia Mundial do Orgulho Autista (18 de junho), mãe e filha com TEA (Transtorno do Espectro Autista) celebram a acessibilidade e a inclusão por meio da arte. Autista e mãe de Sophia, uma menina com TEA, Cris Muñoz, atriz, palhaça, pesquisadora e professora, é consultora da peça ‘Azul’, da renomada e premiada Cia Artesanal de Teatro, sucesso absoluto nos fins de semana do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.

Com sessões lotadas, o novo espetáculo dos diretores de teatro Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves trata das dificuldades em lidar com uma criança especial com TEA no seio familiar. A peça conta uma história de amor entre irmãos, unidos pela diferença.

Para contar a história de forma assertiva, os artistas tiveram uma ajuda especial de Cris Muñoz, que é doutora e desenvolve uma pesquisa em arte e inclusão. Esta peça é um início para se colocar em prática um trabalho visando amenizar a vida de quem se vê em situações com pequenos neuroatípicos, com Transtorno de Espectro Autista, dentro de espaços destinados à cultura.

”A família é parte indissociável da vida. Nela construímos afetos, construções, aprendemos comportamentos e partilhamos momentos que irão fazer parte do nosso entendimento sobre nós mesmo enquanto indivíduos e enquanto grupo com o qual nos identificamos”, reflete Cris.

Segundo ela, ao abordar de maneira positiva, lúdica, sem discriminação ou romantização a questão do autismo, o espetáculo está propondo um olhar de respeito ao sujeito, de humanização das diferenças e respeito à diversidade.

“Azul” estreou no dia 13 de maio no CCBB e a temporada vai até o dia 6 de agosto, sempre aos sábados e domingos, às 16h, no Teatro III do CCBB Rio. A peça terá uma sessão de acessibilidade em libras em data ainda a ser confirmada pela produção.

O espetáculo ainda circulará pelos CCBBs de Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. O Banco do Brasil realiza e patrocina o projeto. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia entrada).

Dia do Orgulho Autista e a promoção da neurodiversidade

Esclarecer a sociedade sobre as características das pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e promover a neurodiversidade, ou seja, o reconhecimento de que o funcionamento cerebral de algumas pessoas é diferente do que é considerado típico na sociedade: esses são alguns dos focos do Dia do Orgulho Autista.

A data é celebrada no dia 18 de junho em todo o mundo e, que desde o ano da sua criação, em 2005, tem a intenção de mostrar para a população que o autismo não é uma doença, mas uma condição com características específicas que trazem desafios, não só para o indivíduo mas também para seus familiares e a comunidade.

De acordo com a mestre em psicologia e diretora do Censa Betim, Natália Costa, é muito importante celebrar e conscientizar a sociedade sobre a luta pelos direitos daqueles que possuem diagnóstico de TEA.

“O dia 18 de junho é um marco para mostrar as barreiras e dificuldades enfrentadas pelos autistas e suas famílias na sociedade. Isso, porque muitas pessoas já ouviram falar, mas poucas sabem que o autismo é um transtorno do desenvolvimento que, de acordo com a severidade das características de cada indivíduo, pode ser diagnosticado em três níveis diferentes”, explica.

Segundo Natália Costa, mesmo com a massificação da data desde o ano de 2005, ainda existe uma questão muito séria, que é a do preconceito e, consequentemente, da discriminação com relação à pessoa com TEA.

“É necessário informar a sociedade acerca do TEA, que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e 70 milhões de pessoas em todo o mundo, asseverando que o indivíduo não se restringe a um diagnóstico. Sendo assim o diagnóstico não é um destino, mas sim um dos pontos de partida para se estabelecer um plano de intervenção, principalmente quando se apresenta com outras comorbidades como a deficiência intelectual e a epilepsia.

Cuidados com adultos diagnosticados com autismo

Natália Costa, diretora do Censa Betim (Foto: Heberton Lopes)

autismo possui causas multifatoriais, incluindo predisposição genética e fatores ambientais. Por isso, ele se torna tão importante de ser diagnosticado precocemente, para iniciar a estimulação precoce, oferendo condições adequadas ao pleno desenvolvimento do indivíduo”, comenta a gestora da instituição especializada no atendimento e suporte às pessoas com autismo associado à deficiência intelectual.

Para a mestre em psicologia e diretora do Censa Betim, a atenção dispensada para uma pessoa adulta com diagnóstico de autismo e deficiência intelectual de moderada a severa, significa, na maioria dos casos, cuidados pervasivos, ou seja, tem que ter um maior número de profissionais envolvidos durante 24 horas por dia e ao longo de toda a vida do indivíduo.

“Os desafios são muitos. Talvez, o maior deles é estabelecer um plano de atendimento efetivo para aquela pessoa que teve um diagnóstico tardio, pouca ou nenhuma intervenção na infância e na adolescência”, afirma Natália Costa.

Outro aspecto que é muito desafiador, é lidar com pessoas com outros diagnósticos e comorbidades associadas ao autismo, como deficiência intelectual severa, epilepsia de difícil controle e comportamentos disruptivos.

“Por isso, o acompanhamento de uma equipe transdisciplinar constante, tanto para o indivíduo, quanto para a família da pessoa com autismo, no intuito de oferecer condições favoráveis para uma melhor qualidade de vida, é indispensável”, pontua a especialista.

Atenção para garantir a participação na sociedade

Com 58 anos de trabalhos nessa área, o Censa Betim, na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte,  atende cerca de 100 educandos, sendo que 60% com diagnóstico de autismo, sendo uma referência nacional no assunto, com equipe transdisciplinar especializada nos cuidados e pessoas com autismo grave associado a outros tipos de deficiências, transtornos e síndromes.

A instituição mantém sempre em evidência o compromisso de promover a plena participação de todas as pessoas com autismo na sociedade, garantindo o apoio necessário para que elas possam exercer seus direitos e liberdades fundamentais.

“O trabalho com a pessoa com autismo é norteado pelos cuidados básicos e educação socializadora, atendimento com equipe transdisciplinar e estabelecimento de uma rotina funcional com vistas à aquisição de um repertório comportamental que possibilite maior independência e inclusão social”, explica Natália.

O trabalho também é realizado junto às famílias, no sentindo de instrumentaliza-las a lidar com episódios e intercorrências comuns, tais como crises de agitação psicomotora, comportamentos auto lesivos e outras situações que possam gerar dano à pessoa com autismo.

Com Assessorias

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