Desde as primeiras informações sobre possíveis casos de variantes d do vírus SARS-CoV-2 – causador da Covid-19 -, o país já registrou 204 casos, sendo 184 da variante P.1, identificada originalmente no Amazonas. Desses, 60 casos foram naquele estado e os demais em São Paulo (28), Goiás (15), Paraíba (12), Pará (11), Bahia (11), Rio Grande do Sul (9), Roraima (7), Minas Gerais (6), Paraná (5), Sergipe (5), Rio de Janeiro (4), Santa Catarina (4), Ceará (3), Alagoas (2), Pernambuco (1) e Piauí (1). 

Foram ainda registrados mais 20 casos da Variante de Atenção do Reino Unido, sendo: São Paulo (11), Bahia (6), Goiás (2), Rio de Janeiro (1). Após investigação epidemiológica foi constatado que dois casos anteriormente informados como sendo do Distrito Federal são de Goiás, uma vez que os pacientes são residentes de cidades deste estado.  Até o momento, não há registro da circulação da variante descoberta na África do Sul.

O Ministério da Saúde tem orientado estados e municípios a ampliarem o sequenciamento de rotina dos vírus respiratórios. Os dados são de um levantamento realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, a partir das notificações recebidas pelas secretarias estaduais de saúde feitas até 20 de fevereiro de 2021. Devido à constante investigação epidemiológica e novas notificações, os dados estão sujeitos a alterações. 

O Ministério da Saúde enviou nesta terça-feira (23/2) uma nova Nota Técnica para os Estados e Distrito Federal com informações sobre as novas variantes identificadas até o momento. O documento orienta ainda medidas que devem ser adotadas e intensificadas pelas secretarias de saúde estaduais, a fim de monitorar e evitar a propagação das novas variantes no país. 

Novo teste desenvolvido pela Fiocruz

A vigilância genômica no Brasil ganha um reforço com o novo ensaio para a detecção de linhagens do Sars-CoV-2, por meio do protocolo RT-PCR, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Leônidas  & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). A ferramenta foi anunciada pelo pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca. O novo ensaio permite a triagem das linhagens de maior importância em circulação no Brasil.

A ferramenta é um produto inovador que foi desenvolvido no nosso laboratório. Existem outros protocolos semelhantes, mas este foi validado frente a 87 amostras já sequenciadas, o que nos dá uma confiança muito grande no resultado”, comenta Naveca.

Os resultados do ensaio foram obtidos com base na testagem  das 87 amostras, confirmados por sequenciamento nucleotídico e pela ferramenta Pangolin. Além disso, as linhagens foram também revisadas manualmente quanto às sinapomorfias definidoras de cada uma.

É possível fazer centenas de amostras diariamente, porque o protocolo de PCR em tempo real é muito mais fácil e direto do que o sequenciamento, então, a gente consegue fazer hoje com a nossa capacidade centenas de amostras por dia”, comenta Naveca.

O pesquisador destaca a importância de uma maior vigilância genética do Sars-CoV-2 no Brasil, e a nova ferramenta vai contribuir para o acompanhamento das linhagens que circulam nas cidades. O ensaio foi desenhado para detectar uma deleção que existe em todas as VOCs (Variants of Concern)) até o momento, então, ele é desenhado para linhagens ou variantes que surjam ou tenham a mesma deleção.

Em breve, o ensaio estará disponível em vários laboratórios, pois já estão sendo realizadas tratativas para disponibilizar a ferramenta. O Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) será o primeiro a usar o produto, depois Rondônia, Roraima, Mato Grosso do Sul, Ceará, Rio de Janeiro e outros laboratórios interessados.

A gente não tem condições de atender a todos, no primeiro momento, porque a quantidade dos insumos comprados não são suficientes para mandar para o Brasil inteiro, mas com essa validação em maior escala, poderemos ter isso em maior quantidade. A Fiocruz já tem uma decisão de incluir esse ensaio no diagnóstico, então, além do diagnóstico dizendo se é Sars-CoV-2 ou não, também, será incluída a diferenciação para avaliar se é uma das três variantes de importância”, comenta Naveca.

Felipe Naveca é pioneiro no sequenciamento genético do Sars-CoV-2 na Região Norte. Até 13 de janeiro deste ano, ele e sua equipe já haviam sequenciado 250 genomas de amostras provenientes do Amazonas, sendo 177 provenientes de Manaus e outros 73 de 24 municípios do Estado, além disso o laboratório liderado por ele atende a outros estados quanto ao assunto de genômica do novo coronavírus.

Corrida para desenvolvimento de novos testes

 
Desde o início da pandemia do coronavírus, uma das recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) vem sendo a testagem em massa. Esse método permite que as regiões testadas identifiquem os locais com maior exposição ao vírus e diminuam a propagação da doença.
 
Segundo dados divulgados pela PNAD COVID19, até novembro, 28,6 milhões de pessoas realizaram algum teste para diagnóstico da Covid19. Desse total, cerca de 6,5 milhões testaram positivo para a doença, o que corresponde a 22,7% das pessoas que fizeram o teste, cerca 3,1% da população.
 
Diante da importância de testar e testar, como recomendou a OMS logo no começo da pandemia, diversos laboratórios ao redor do mundo e também no Brasil iniciaram uma verdadeira corrida para oferecer testes e oferecer em tempo recorde no mercado.
 

Laboratórios são referência em monitoramento genético

Aiinda de acordo com o Ministério da Saúde, desde o ano 2000, como parte da rotina da vigilância dos vírus respiratórios, o Ministério da Saúde orienta a realização de sequenciamento genético de uma parte das amostras coletadas no Brasil. Com a pandemia da Covid-19, esses exames continuaram sendo realizados. O sequenciamento genético não é um método de diagnóstico e não é realizado para a rotina da confirmação laboratorial de casos suspeitos da Covid-19. 

A análise do resultado é utilizada para quantificar e qualificar a diversidade genética viral circulante no país. Para a saúde pública, o sequenciamento genético do vírus SARS-CoV-2, aliado a outros estudos, possibilita sugerir se as mutações identificadas podem influenciar potencialmente na patogenicidade, transmissibilidade, além de direcionar medidas terapêuticas, diagnósticas ou ainda contribuir no entendimento da resposta vacinal.

A partir desse monitoramento, foi constatado que as linhagens mais prevalentes circulantes no Brasil desde o início da pandemia são B.1.1.28 e B.1.1.33. Essas cepas não são consideradas como variantes de atenção, caracterizadas quando as mutações ocasionam alterações relevantes clínico-epidemiológicas, como maior gravidade e maior potencial de infectividade. 

Os sequenciamentos genéticos e outras análises complementares para o vírus SARS-CoV-2 são realizados pelos Centros de Referência de Influenza, que são três Laboratórios de Saúde Pública no Brasil: Fundação Oswaldo Cruz (RJ), Instituto Adolfo Lutz (SP) e Instituto Evandro Chagas (PA).

Outros laboratórios públicos e privados, no Brasil, também realizam apoiam as análises e sequenciamento em suas linhas de pesquisa. Por isso, muitos resultados podem ter sido notificados apenas aos municípios ou estados ou, até mesmo, ainda não terem sido notificados a nenhum ente do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo depositados apenas em sites abertos de sequenciamento genômico.

Com Assessorias
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