Neste sábado, 13 de dezembro, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza o Dia do Atendimento Gratuito, uma das principais ações do Dezembro Laranja, mês de conscientização e prevenção ao câncer de pele. O mutirão, que acontece das 9h às 15h, contará com a participação de 2.000 dermatologistas voluntários em mais de 100 postos espalhados por todo o país. O atendimento será feito exclusivamente para identificar precocemente lesões suspeitas de câncer de pele e orientar a população sobre prevenção e cuidados essenciais.
Qualquer pessoa poderá fazer uma avaliação da saúde da pele, especialmente quem possui fatores de risco para o câncer de pele, como histórico familiar, muitas pintas, sardas ou que tenha sofrido queimaduras solares severas. Basta comparecer em um dos postos de atendimento, disponíveis em todas as regiões do país, levando documento de identidade. Os locais podem ser consultados no site da campanha dezembrolaranja.com.br.
Por meio dessa iniciativa, a SBD chama a atenção para a importância do autocuidado, do cuidado com o outro e da realização do check-up anual com o dermatologista, medidas essenciais para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pele, doença que representa cerca de 33% de todos os casos de câncer no Brasil, conforme mostram dados do Ministério da Saúde.
Essa é uma ação nacional de conscientização e de prevenção essencial já que o início do verão agrava ainda mais o aumento dos casos de câncer de pele, um problema preocupante, principalmente em um país tropical, onde o Sol brilha quase o ano todo. Lembro à população que o check-up das pintas com o dermatologista deve ser feito anualmente, e essa é uma excelente oportunidade para colocar esse cuidado em dia”, diz Carlos Barcaui, presidente da SBD.
Desde 1999, a iniciativa já proporcionou mais de 600 mil consultas e possibilitou a identificação de mais de 75 mil casos de cânceres de pele, reforçando o compromisso da SBD com a prevenção e o diagnóstico precoce da doença. O mutirão de atendimento gratuito, realizado pela SBD, entrou para o Guinness Book em 2009 como a maior campanha médica realizada em um único dia.
Só 31% usam protetor solar regularmente
Na campanha de 2024, mais de 18 mil consultas dermatológicas gratuitas foram realizadas em 103 postos de saúde em todo o Brasil. A maioria (61,29%) das consultas foram destinadas ao público feminino (10.800), enquanto 38,71% (6.820) foram realizadas em homens.
Dentre as pessoas atendidas, 62,51% declararam se expor ao sol sem proteção, e apenas 31,63% afirmaram usar protetor solar regularmente. Apenas 5,86% (1.032) afirmaram não se expor ao sol. Outros dados também chamam a atenção:
- 16,87% (2.972 pessoas) dos atendidos tinham histórico da doença, enquanto 83,13% (14.648) não possuíam
- 14,84% dos pacientes apresentaram carcinoma basocelular (CBC)
- as pré-neoplasias representaram 11,51% dos casos;
- 4,68% tiveram carcinoma epidermoide (CEC)
- 2,31% diagnosticados com melanoma maligno (MM)
- 1,21% outros tipos de tumores malignoso carcinoma basocelular (CBC) foi detectado em 14,84% dos pacientes;
- outras dermatoses foram diagnosticadas em 41,22% dos atendimentos
- 24,23% dos pacientes não apresentaram alterações na pele.
Observe. Cuide. Previna. Sua pele fala, só o dermatologista entende
Com o tema “Observe. Cuide. Previna. Sua pele fala, só o dermatologista entende”, a campanha de 2025 chama a atenção para a importância do autocuidado, do cuidado com o outro, e da realização do check-up anual com o dermatologista, medidas essenciais para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pele.
Embora os cuidados devam acontecer de dezembro a dezembro, é durante a estação mais quente do ano que a SBD reforça os riscos da exposição solar e as medidas preventivas.
Para Bianca Costa Soares de Sá, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD e responsável pela campanha deste ano, cada atendimento representa uma oportunidade de salvar uma vida. “Ao unir dermatologistas voluntários em todo o Brasil, mostramos que a orientação e o diagnóstico precoce são as formas mais eficazes de vencer o câncer de pele”, disse a médica.
220 mil novos casos de câncer de pele por ano
SBD reforça urgência de políticas públicas que fortaleçam ações educativas
O câncer de pele é o mais comum no Brasil e representa 33% de todos os diagnósticos da doença no país. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima a ocorrência de aproximadamente 220 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025.
O presidente da SBD, Carlos Barcaui, destaca a magnitude do problema. “De cada três casos de câncer diagnosticado no Brasil, um deles é de pele”, afirmou. Os tipos mais comuns de tumores são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma, este último mais agressivo.
Ele lembrou ainda que o SUS gasta cerca de R$ 3,9 bilhões por ano com câncer, e que melhorias na prevenção podem gerar economia significativa ao Estado. O médico citou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS): “ Se nada for feito, a expectativa para 2040 é um aumento de 80% no número de mortos por melanoma no Brasil”.
Os dados foram apresentados no seminário “Dezembro Laranja: câncer de pele no Brasil – um desafio de saúde pública”, organizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em parceria com as Comissões de Participação Legislativa e de Saúde da Câmara dos Deputados.
O encontro, aberto ao público, reuniu especialistas, parlamentares e representantes do setor para discutir prevenção, acesso ao diagnóstico, impacto econômico e medidas concretas para conter o avanço da doença: o tipo de câncer mais frequente no país.
Proposta de redução do preço do filtro solar
Entre as medidas necessárias, o presidente da SBD citou a oficialização do Dezembro Laranja, ações educativas nas escolas, ampliação do acesso à dermatologia no SUS, campanhas para grupos de risco e combate ao exercício irregular da medicina.
O seminário também abordou a proposta de inclusão do filtro solar na lista de itens considerados essenciais dentro da Reforma Tributária, distribuição via SUS, subsídios para trabalhadores expostos ao sol e regulamentação mais rígida para garantir equipamentos de proteção solar.
Com a redução de impostos, estima-se uma queda de custos o que ampliaria o acesso da população ao produto. A presidente da SBD Regional Brasília, Letícia Oba, apresentou dados sobre o peso econômico da fotoproteção.
Um protetor com FPS 30 custa entre R$ 40 e R$ 120. Uma família de quatro pessoas gastaria pelo menos dois mil reais por ano, isso é 18% de um salário mínimo”, afirmou.
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Necessidade de ampliação do diagnóstico e tratamento pelo SUS
Não há dados sobre cumprimento da Lei dos 60 Dias para câncer de pele
Um dos temas centrais foi a necessidade de regulamentar a Lei 14.758/2023, que institui a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC) no SUS. O presidente da SBD chamou atenção para os desafios no acesso ao diagnóstico e ao tratamento, mencionando a Lei dos 60 dias, que estabelece o início do tratamento oncológico nesse intervalo após o laudo da biópsia.
Não temos dados claros sobre o cumprimento da lei. E, muitas vezes, até mesmo chegar à etapa da biópsia já representa um percurso difícil para o paciente”, afirmou o presidente da SBD, Carlos Barcaui.
Segundo ele, os atrasos podem contribuir para afastamentos do trabalho, perda de produtividade e grande sofrimento na vida das famílias. O médico dermatologista lembrou que 2025 é o ano em que a OMS classificou a saúde da pele como parte essencial da saúde global. “Não existe saúde integral sem a saúde da pele”, disse.
Inca alerta sobre fake news sobre eficácia do protetor solar
Jadivan Leite, do Inca, apresentou o cenário mundial do câncer de pele e os casos avançados que chegam no Inca. Também mostrou os principais fatores de risco para a doença, entre eles a exposição à radiação ultravioleta, radiação ionizante, tabagismo, uso de imunossupressores e infecções pelo HPV.
Ele ainda chamou atenção para “a trend que afirma que o protetor solar não seria eficaz e que ainda causaria câncer, algo que, obviamente, é um desserviço à sociedade leiga”. Segundo ele, “se a epidemiologia continuar evoluindo dessa forma, podemos chegar a 510 mil casos de melanoma e a um risco potencial de quase 100 mil mortes até 2040”.
54% dos brasileiros nunca consultaram um dermatologista
Para a SBD, a falta de acesso a cuidados dermatológicos é uma realidade no país. Um levantamento inédito realizado em 2025 pela entidade, em parceria com o Instituto Datafolha e a divisão de Beleza Dermatológica do Grupo L’Oréal no Brasil, revelou um cenário preocupante: cerca de 90 milhões de brasileiros, com 16 anos ou mais (54% da população), nunca consultaram um dermatologista.
Para o presidente da SBD, esses números revelam um grande desafio que precisamos enfrentar e vencer. O câncer de pele é, em grande parte, evitável, e o diagnóstico precoce pode salvar vidas. “Por isso, nosso compromisso é ampliar o acesso à informação para que o cuidado com o maior órgão do corpo humano ganhe visibilidade em todo o país”, diz o presidente.
O desconhecimento sobre a formação do dermatologista e a ausência de políticas públicas de rastreamento e educação contribuem para esse quadro. Fortalecer o SUS na prevenção e no diagnóstico precoce é indispensável para reduzir o impacto social e econômico do câncer de pele”, disse Sergio Palma, membro da diretoria da SBD.
A secretária-geral da SBD, Regina Carneiro, reforçou a importância do diagnóstico precoce. “Se detectarmos esse câncer precocemente, o paciente vai sair da sala de cirurgia curado. Nosso objetivo é tratar no ambulatório, sem necessidade de hospitalização. No SUS, a biópsia não é feita no mesmo local. O paciente é encaminhado, perde tempo. Na rede privada, geralmente tudo é feito no mesmo lugar e a fila anda mais rápido”, explicou.
Dezembro Laranja no Congresso alerta para câncer de pele
Conhecida como Dezembro Laranja, a mobilização foi criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) a fim de chamar a atenção para o diagnóstico e o tratamento precoces, informar sobre as opções terapêuticas e destacar os cuidados a serem incorporados à rotina diária. Desde sua criação, a campanha tem educado milhões de brasileiros sobre os riscos do câncer de pele.
Em 2025, a ação continua a conscientizar o público sobre os hábitos preventivos e o diagnóstico precoce, abordando o tema de forma ainda mais personalizada, incentivando o autocuidado através da observação das próprias pintas e manchas no corpo, o cuidado com o outro, a vigilância constante e o check up anual com o médico dermatologista.
Em apoio à campanha nacional de prevenção contra o câncer de pele, o Congresso Nacional será iluminado na cor laranja no sábado (13/12) e no domingo. Para reforçar a iniciativa, as torres e as cúpulas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal receberão no dia 17 de dezembro, das 18h às 23h30, a projeção de frases e imagens sobre os riscos da doença e as formas de evitá-la.
Atenção aos fatores de risco
Mudanças aparentemente simples, como manchas, feridas que não cicatrizam ou pintas que crescem ou mudam de cor podem ser sinais de alerta para doenças graves. Por isso, manter o check-up anual com o dermatologista é um ato de cuidado e de preservação da vida.
Além da exposição excessiva ao sol sem a devida proteção, alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver câncer de pele. Todos esses fatores tornam a conscientização e a prevenção ainda mais urgentes. Entre eles, estão:
- histórico familiar e pessoal com a doença,
- ter sofrido queimaduras solares graves,
- apresentar muitas sardas ou pintas pelo corpo,
- possuir pele muito clara que sempre queima e nunca bronzeia
- estar na faixa etária acima dos 65 anos.
Os três tipos de câncer de pele mais comuns
O Dezembro Laranja 2025 também destaca os três tipos mais comuns de câncer de pele: o carcinoma basocelular, o carcinoma escamoso e o melanoma. O primeiro é o mais comum, representando cerca de 70% dos casos. Ele costuma aparecer em áreas expostas ao Sol, como o rosto e o pescoço, e embora cresça lentamente e raramente se espalhe para outras partes do corpo, deve ser tratado para evitar danos mais profundos à pele.
O carcinoma escamoso, responsável por cerca de 20% dos casos, é mais agressivo e pode se espalhar se não for tratado. Ele geralmente surge em áreas expostas ao Sol e pode se manifestar como lesões ásperas ou feridas que não cicatrizam.
Já o melanoma, embora menos comum, com cerca de 4% dos casos, é o mais perigoso e responsável pela maioria de mortes relacionadas ao câncer de pele. O melanoma pode surgir a partir de pintas já existentes ou como novas manchas de aparência irregular.
Sintomas
O câncer de pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras lesões benignas. A SBD alerta que somente o exame clínico feito por médico especializado ou a biópsia podem diagnosticar a doença, cujos sintomas são:
⦁ Lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
⦁ Pinta preta ou castanha que muda de cor e textura, é irregular nas bordas e cresce;
⦁ Mancha ou ferida que não cicatriza, continua a crescer e gera coceira, crostas, erosões ou sangramento.
Melanomas metastáticos podem apresentar outros sinais, como nódulos na pele, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar ou tosse e dores abdominais e de cabeça.
Tratamento
Todos os casos de câncer de pele devem ser diagnosticados e tratados precocemente, inclusive os de baixa letalidade, que podem provocar lesões mutilantes ou desfigurantes em áreas expostas do corpo. A maioria dos tipos da doença pode ser tratada com procedimentos simples. Além das cirurgias, a radioterapia, a quimioterapia e a imunoterapia, as medicações orais e tópicas são outras opções de tratamento.
Formas de prevenção
De acordo com Bianca Costa Soares de Sá, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD, os hábitos de exposição solar seguem sendo motivo de preocupação e reforçam a necessidade da adoção de medidas de fotoproteção adequadas.
Isso inclui a aplicação de filtro solar diariamente nas áreas expostas, somada à utilização de proteção física (sombra, roupas e chapéus) nas exposições mais prolongadas, além do acompanhamento médico através de exame dermatológico completo anualmente”, ressalta.
Como forma de prevenir a doença, a SBD recomenda aplicar diariamente protetor solar com fator de proteção solar (FPS) 30 ou maior; usar roupas adequadas, como camisetas e chapéus para proteger a pele; e portar óculos de sol com proteção UV.
Outra medida importante é evitar a exposição ao Sol entre 9h e 15h, quando os raios ultravioletas são mais intensos. Também se recomenda observar pintas e manchas e consultar regularmente um dermatologista associado à SBD para orientações e cuidados.
Dados pesquisa Datafolha 2025
- 90 milhões de brasileiros nunca foram ao dermatologista.
- 41% da população adulta notou algum sinal na pele, cabelo ou unhas nos últimos 12 meses — 68 milhões de pessoas.
- 38% da população diz que o principal motivo para buscar cuidados com a pele é prevenção de doenças.
Dados do inquérito dermatológico 2024 da SBD
- 6,9% dos casos – Câncer de pele (CID-10 C44) → 3º diagnóstico mais frequente nos atendimentos dermatológicos no Brasil.
- 5,6% dos casos – Alterações da pele por exposição crônica ao sol (CID-10 L57) → 5º diagnóstico mais frequente.
- 3,5% dos casos – Nevos melanocíticos (CID-10 D22) → precisam ser monitorados para detecção precoce de melanoma.
Estimativa 2023 de Incidência de Câncer no Brasil, do INCA
220,49 mil novos casos no triênio 2023-2025 são esperados por ano
Com informações da SBD Brasil e Câmara dos Deputados



