Paciente renal há mais de 30 anos e um dos mais ativos defensores da prioridade à vacinação contra a Covid para este público, Gilson Nascimento da Silva, de 60 anos, foi mais uma das mais de 400 mil vítimas da Covid-19 no país. Ele morreu na cidade do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (30), depois de ficar internado por 20 dias em decorrência da infecção pelo novo coronavírus.
A Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal) e a Associação dos Renais e Transplantados do Estado do Rio de Janeiro (Adreterj) emitiram nota de pesar pelo falecimento de Gilson, que ocupava, respectivamente, as funções de diretor-geral e presidente das instituições.
Desde o início da pandemia, Gilson vinha trabalhando arduamente junto a lideranças políticas, imprensa e associações setoriais para garantir o tratamento adequado aos pacientes renais. Entre as suas últimas campanhas, estava a defesa da vacinação antecipada para pacientes renais e transplantados, um público de mais de 140 mil pessoas no Brasil, que não pode fazer isolamento porque precisa ir às clínicas de diálise de três a cinco vezes na semana.
Gilson lembrava sempre na sua fala que, em Portugal, por exemplo, os renais foram incluídos na primeira fase de vacinação e foram todos imunizados em apenas três dias. Mas foram poucas as cidades do Brasil que atenderam ao apelo e anteciparam a vacinação dos renais. Eles estão sendo vacinados agora, na terceira fase, e por idade.
Luta por ICMS para clínicas de diálise
Outra luta recente foi travada em São Paulo, na busca por apoio dos deputados da Assembleia Legislativa (Alesp) para o que o Governo de São Paulo reconsiderasse a decisão de passar de 0% para 18% a alíquota do ICMS para as clínicas de diálise. Um grande impacto para a diálise, justo no meio da pandemia, e com acúmulo de anos de subfinanciamento do SUS à terapia.
A luta de Gilson pela qualidade da terapia renal substitutiva iniciou-se há três décadas. Seu primeiro transplante foi feito em 1995 e o segundo, mais recentemente, em 2019. “Quem conheceu Gilson Silva sabia do amor e da dedicação que ele colocava em todas as suas ações. Incansável, lutou pelos pacientes renais até o final”, informou a Abrasrenal. Gilson deixa a esposa, dois filhos e um neto.
Pesar entre entidades de apoio a doentes renais e transplantados
Diversas entidades se manifestaram sobre a morte de Gilson. Confira:
Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Fenapar)
“São muitos pacientes renais perdendo a vida com este vírus destruidor, depois de passarem anos e anos sobrevivendo com doenças crônicas. Para nós é uma frustação muito grande quando cada um se vai e agora chegando a um guerreiro como o Gilson Nascimento, um grande defensor das causas renais, a nossa tristeza é enorme. A sensação que fica é que ainda somos invisíveis e que falta muito para nossos políticos entenderem a gravidade da nossa situação”.
Associação Brasileira de Centros de Dialise e Transplante (ABCDT):
“Os pacientes renais perdem uma liderança forte, uma pessoa única, de grande coração, empatia e bravura, mas por ele e por todos, esperamos que a luta continue e que os pacientes renais estejam unidos, mantendo esse lindo trabalho feito por Gilson até aqui. Nesse momento tão triste, a ABCDT se solidariza com toda a família e amigos do Gilson”.
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN):
“Grande perda para a Nefrologia brasileira e exemplo de ser humano. Fará falta na luta pelas causas em defesa dos renais”.
Associação Brasileira da Indústria de Soluções Parenterais (Abrasp):
“Lamentamos profundamente a perda de Gilson Nascimento, uma voz incansável na defesa dos renais e da diálise.”
Associação Brasileira de Enfermagem em Nefrologia (Soben):
“É com muita tristeza que recebemos a notícia do falecimento do Sr Gilson Nascimento, presidente da Abrasrenal. Neste momento de dor, a Soben se solidariza com seus familiares e expressa as mais sinceras condolências pela perda de quem tanto contribuiu com a história da Nefrologia brasileira sendo um lutador incansável da causa renal.”