Março é o mês de conscientização da endometriose e reacende o alerta para fatores que ajudam no controle da doença que pode causar sérios riscos à infertilidade feminina. O problema crônico de tratamento delicado pode acometer entre 10% a 15% de mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) e há 30% de chance de a paciente ficar estéril, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose.
Exemplo recente é o caso da atriz e humorista Tatá Werneck, que está grávida de 5 semanas do ator Rafael Vitti e que enfrenta uma gestação complicada por ser vítima da doença. Assim como a apresentadora Sabrina Sato, Tatá precisa de alguns cuidados especiais durante a gravidez, já que possui um descolamento de placenta (endometriose). Por conta disso, as gravações do talk show ‘Lady Night’ serão feitas em sua própria casa.
Durante uma entrevista à jornalista Patrícia Kogut, do jornal “O Globo”, a artista contou que se surpreendeu ao descobrir sobre a gravidez: “Eu estava me preparando para fazer uma cirurgia de endometriose em março. Nem sabia que poderia engravidar!”, revelou.
Atualmente, a endometriose atinge de 6% a 10% das mulheres em idade fértil, e quem sofre com o problema necessita controla-lo durante toda a vida reprodutiva e, algumas vezes, até mesmo depois da menopausa. Quem convive com a endometriose tem de lidar com as intensas e constantes dores pélvicas e ainda com o risco da infertilidade. Uma boa parte das mulheres com endometriose apresenta sintomas mesmo após terem sido submetidas a tratamentos clínicos ou cirúrgicos.
Entenda a doença
A doença se caracteriza pela presença de tecido endometrial (camada interna do útero) em outros órgãos como: ovários, trompas, bexiga, intestino e cavidade pélvica-abdominal. Entre as consequências da patologia estão as dores menstruais, dores pélvicas crônicas, dores no ato sexual, ao urinar e ao defecar, infertilidade e ainda outras manifestações menos comuns, como a dor em membros inferiores.
Esse tipo de dor parece ocorrer pela presença da doença em si na cavidade pélvica ou por lesões provocadas nos nervos, por meio da infiltração do tecido endometrial nos nervos, causando neuropatia, que pode afetar, também, a sensibilidade e a movimentação dos membros.
Um estudo da Human Reproduction, revista mensal da Sociedade Europeia de Medicina Reprodutiva e Embriologia (ESHRE), entrevistou 931 mulheres com endometriose e que haviam sido tratadas em centros especializados de 10 diferentes países.
Foram evidenciados os seguintes resultados: 51% das mulheres relataram que sua rotina de trabalho é afetada pela endometriose; 50% responderam que tiveram problemas de relacionamento conjugal em função desta patologia; 59% relataram dor menstrual mantida após os tratamentos; 56% apresentam dor durante ato sexual; e 60% continuam com dor pélvica crônica mesmo após os tratamentos.
O estudo abrangeu mulheres em diferentes fases do tratamento da endometriose e comprovou que os sintomas as acompanham apesar dos tratamentos, provocando uma queda significante da qualidade de vida. Por esses motivos, segundo a médica especialista em medicina reprodutiva Lilian Serio, o controle da endometriose deve ser contínuo e realizado por um grupo multidisciplinar, composto por psicólogos, nutricionistas, especialistas no tratamento da dor, sexologistas, e não apenas por um ginecologista.
Deve-se tratar a endometriose como uma doença que afetará a mulher durante toda a sua vida reprodutiva. O importante é tentar diagnosticar e controlar adequadamente a doença, melhorando a qualidade de vida da paciente e aumentando suas chances de viver sem dor e sem infertilidade”, ressalta a especialista.