A diabetes é uma das principais doenças crônicas do Brasil, que atinge mais de 16 milhões de pessoas, cerca de 7% da população. O mais grave é que a condição é a quinta maior causa de morte no País e cresce geometricamente há 25 anos. O Brasil  já ocupa a sexta posição mundial de portadores da doença segundo dados da IDF (International Diabetes Federation).
A própria diabetes é uma doença com risco de complicações metabólicas e circulatórias, podendo levar à morte se não for devidamente tratada. Estar acima do peso e o sedentarismo são os principais fatores de risco que impulsionam o diabetes, condição que está associada ao desenvolvimento de graves doenças os olhos.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta para os riscos aumentados que pessoas com diabetes têm de desenvolver a retinopatia diabética, doença que pode causar a perda parcial ou total de visão. Segundo o CBO, há estudos que indicam que quatro em cada cinco pacientes crônicos tem risco de comprometimento por retinopatia em algum grau.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier e membro do CBO,  não é comum sentir alteração na visão no início do diabetes. Os sintomas mais comuns do diabetes são sede excessiva, micção frequente, perda de peso e fadiga, mas não acontece com todos.

Por isso, quem tem casos de diabetes na família deve passar por check-up clínico periodicamente. Um simples hemograma pode evitar graves complicações na visão, alterações cardiovasculares, lesões nos nervos, perda de sensibilidade periférica”, alerta.

Queiroz Neto salienta que não basta um bom controle glicêmico para o diabético continuar enxergando. Depende também de quanto tempo convive com a doença.

Depois de cinco anos pode surgir edema na mácula, porção central da retina, formação de neovasos no fundo do olho ou depósitos de sorbitol, uma substância que favorece o extravasamento de liquido dos vasos e leva à perda da visão.

De acordo com o oftalmologista, o tratamento da retinopatia diabética deve ser contínuo, inclui aplicação de laser, injeções antiangiogênicas e cirurgia em casos de hemorragia ou descolamento da retina.

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Catarata

O especialista esclarece que a repetida hidratação e desidratação do cristalino altera suas fibras, antecipando a formação da catarata, opacificação do cristalino que responde por 49% dos casos de cegueira tratável no Brasil. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular.  No caso de diabéticos quanto antes o procedimento é feito, melhor”, afirma.

Isso porque, a catarata diminui a quantidade de luz azul que chega à retina e a produção de melatonina, hormônio que regula nosso estado de alerta e sono. Resultado – Diabéticos que convivem muito tempo com a catarata ficam estressados pelas noites mal dormidas, ganham peso e maior resistência à insulina.

Miopia

Queiroz Neto explica que quanto mais alta a glicemia, maior a viscosidade do sangue que provoca miopia. “A viscosidade do sangue geralmente aumenta depois das refeições quando o nível de glicose sobe”, salienta. Nas mulheres, observa, os estrogênios podem fazer a absorção de água pelo cristalino ser maior e isso leva ao aumento da miopia.

Períodos prolongados de jejum fazem o cristalino desidratar e a miopia desaparece. Por isso, comenta, antes de prescrever óculos, o oftalmologista verifica se o índice glicêmico está controlado. A dica do médico para manter a estabilidade da refração e glicemia é se alimentar a cada 3 horas, dando preferência aos grãos integrais, verduras e frutas em pequena quantidade.

Glaucoma

Queiroz Neto afirma que a retinopatia diabética pode ter como reação secundária o glaucoma. Neste caso é caracterizado pela formação de neovasos, menor irrigação sanguínea, inflamações oculares. A dificuldade de escoamento do humor aquoso causa aumento da pressão intraocular e morte de células do nervo óptico.

O especialista ressalta que o glaucoma renovascular tem evolução rápida e o campo visual perdido é irrecuperável. Por isso, é importante que toda pessoa diabética faça exames oftalmológicos anualmente. As alterações oculares que podem cegar geralmente aparecem após 10 anos, mas o tratamento contínuo pode manter a visão até o fim da vida, finaliza.

Tratamento pelo SUS

A boa notícia é que o acompanhamento da diabetes pode ser feito nas unidades básicas de saúde, em todo o território nacional, de maneira gratuita. O Sistema Único de Saúde (SUS) também fornece materiais para medição e controle da doença, capaz de complicar a condição de pacientes para diversas outras doenças, como demências e doenças metabólicas. 

Agenda Positiva

Campanha alerta para riscos da diabetes à saúde dos olhos

A diabetes afeta os vasos sanguíneos da retina, alvo principal de uma campanha promovida pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) durante todo o mês de novembro (saiba mais no final do texto).
Além de uma maratona online de conscientização, a mobilização prevê mutirões de atendimentos em diversas regiões do país, voltados ao diagnóstico e ao tratamento precoces. Os mutirões, organizados por município, podem ser pesquisados pelo site da campanha.

O público também poderá acompanhar a programação ao vivo no canal da CBO no Youtube, e acessar conteúdos complementares no site oficial do 24 Horas pelo Diabetes, que será atualizado ao longo do mês de novembro com vídeos, podcasts e depoimentos em apoio à campanha.

Com informações do Instituto Penido Burnier e da Agência Brasil

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