Que as mulheres são mais cuidadosas com a saúde, disso todo mundo sabe. Mas a boa notícia é que cada vez mais os homens estão se conscientizando da importância de aumentar os cuidados com a saúde. Isso graças a ações como a campanha Novembro Azul e também ao Dia Nacional do Homem, que é celebrado neste 15 de julho para lembrar os homens sobre a importância de cuidar da saúde.
A data nos lembra que, ainda nos dias de hoje, alguns homens ainda demonstram uma tendência a serem mais resistentes a procurar o médico, seja para fazer exames de rotina ou mesmo diagnosticar algum problema alertado por um sintoma. Para alguns, exames de caráter preventivo nem mesmo fazem parte de sua rotina. E o exame de toque retal ainda é cercado por muitos tabus.
Só para se ter uma ideia, o Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo fez um levantamento que mostra que 70% das pessoas do sexo masculino só procuram um consultório médico depois de incentivados pela mulher ou pelos filhos. Além disso, mais da metade dos pacientes homens adiam a ida ao médico. E, quando vão, já chegam aos consultórios com doenças em estágios avançados. A partir daí entendemos porque os homens, em média, vivem 7,2 anos a menos que as mulheres.
Em homenagem a eles, ViDA & Ação abre hoje uma série de matérias sobre a saúde masculina. Afinal, consideramos que é conscientizar a população masculina sobre a necessidade da prevenção.
“É ainda um avanço tímido, mas o homem está cada vez mais se preocupando com a própria saúde. Embora significativo, precisamos conscientizar a população masculina da importância da prevenção e da necessidade do cuidado”, afirma Paula França Müller, médica em Londrina (PN).
Ela lembra que as doenças não escolhem gênero, raça ou classe social. Entretanto, algumas delas costumam atingir os homens com mais frequência. São elas o infarto do miocárdio, o acidente vascular cerebral (AVC), a depressão, o câncer de pulmão e o câncer de próstata. Diante disso, é possível definir estratégias preventivas: exercício físico, alimentação balanceada, atividades que diminuem o estresse, diminuição do fumo e exames periódicos.
Para Vera Bifulco, psicóloga e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, ao contrário das mulheres que tem a essência do cuidar dentro delas, os homens não internalizam esse hábito na sua rotina de vida. “Dificilmente, eles procuram os médicos para fazer prevenção e, por vezes, quando isso ocorre, a doença já está em estágio avançado. A ida ao médico com objetivo de intensificar a prevenção deveria ser incorporada pelo público masculino. É uma mudança cultural necessária.
Para Dra. Vera, não é uma regra, porém alguns homens só vão ao consultório quando solicitado pela esposa, companheira ou filhos, mesmo sabendo que a chance de cura é maior em diagnósticos precoces. Por que, então, os homens têm tanta resistência a procurar um médico? Talvez seja uma questão cultural. Todavia, já é possível perceber que, ao menos esteticamente, a população masculina está se dedicando a um cuidado médico maior.
Pesquisa da Euromonitor International aponta que 45% dos entrevistados são vaidosos com a aparência, 54% tratam dos cabelos em locais especializados, tipo barbearias, e 40% visitam com regularidade os dermatologistas. Desde 2017, segundo a Google BrandLab, houve um crescimento de 44% na visualização de vídeos sobre estética masculina.
Seja na questão medicinal relacionada a doenças ou acerca da própria estética, o homem precisa, sim, se dedicar mais ao cuidado com a saúde. Não é brincadeira. É necessidade mesmo! Somente assim será possível reverter os números da expectativa de vida masculina, menor que a das mulheres. Não queremos que elas tenham uma vida mais longa que eles e, por isso, tenham uma tendência maior a serem viúvas. Ao contrário, desejamos que eles vivam mais e melhor, para que possam fazer companhia às suas esposas por mais tempo! É pedir muito?
Preconceito com o toque retal
Quando o assunto é exame do toque retal, fundamental para diagnosticar o câncer de próstata, cuja recomendação se dá a partir dos 45 anos (para quem tem histórico familiar ou homens negros) e 50 anos aos demais, o tabu é ainda maior. Embora a conscientização esteja aumentando, desde o lançamento da Campanha Novembro Azul, criada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, muitos homens ainda têm medo. Além disso, dentre os que fazem, há aqueles que não comentam no trabalho que fizeram por vergonha.
“O preconceito que permeia o exame de toque é proveniente de uma cultura machista. Ao longo dos tempos a região anal fora associada à sexualidade promiscua e o uso dessa região para obtenção de prazer foi deslegitimado aos homens. Infelizmente, esta ideia ainda está bastante arraigada em nossa cultura, o que faz com que muitos homens se recusem a realizar o exame em uma tentativa quase irracional de ‘preservar’ a masculinidade”, explica a psicóloga.
Apesar da cultura, os médicos já têm observado um aumento da procura dos homens pelos consultórios, sobretudo pela força da Campanha Novembro Azul, e por parte do público mais jovem. “Hoje, vemos uma geração mais preocupada com a saúde, que se alimenta melhor, realiza exercícios físicos e está mais atento aos cuidados pessoais”, analisa Dra. Vera.
Entretanto, no seu entender, enquanto a mulher tem a essência do ‘cuidar’ dentro dela, o homem se volta para o trabalho e a realização profissional, o que explica a presença mais feminina nas consultas médicas.
O Instituto Lado a Lado pela Vida foi criado em 2008 com a missão de levar informação sobre saúde do homem. O objetivo das ações é conscientizá-los sobre a importância da mudança de hábitos para a adoção de um estilo de vida mais saudável, sempre destacando ações de prevenção e conscientização, com alertas principalmente para as doenças cardiovasculares e oncológicas, em especial aos cânceres de próstata, pênis, testículo, pele/melanoma e pulmão.
O Instituto reforça àqueles que estão habituados a resolver tantas questões complexas no trabalho de forma eficiente, a importância de dedicar atenção à própria saúde. “Pequenas mudanças de hábitos podem salvar vidas e minimizar o sofrimento entre as famílias”, finaliza Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida e idealizadora da Campanha Novembro Azul.
Da Redação, com Assessorias