A crise envolvendo a Unimed Ferj e a carteira de clientes herdada da extinta Unimed-Rio atingiu um ponto de gravidade extrema, levantando um alerta de risco de colapso imediato na assistência médica de mais de 340 mil beneficiários no estado do Rio de Janeiro. Enquanto a Unimed do Brasil anuncia a conclusão de negociações para normalizar e expandir o atendimento, a rede de prestadores de serviços de saúde denuncia a falta de pagamento de dívidas que somam mais de R$ 2 bilhões e a interrupção de serviços vitais.

A rede de hospitais, clínicas, laboratórios e empresas de home care do Rio de Janeiro convocou uma Reunião Geral para o dia 16 de dezembro, visando deliberar sobre medidas de proteção à rede e aos pacientes. A medida é uma resposta direta à ausência de transparência e à continuidade da desassistência. Os prestadores alegam que a Unimed Ferj não apresentou um plano claro para quitar os valores já devidos, que superam R$ 2 bilhões.

  • Serviços essenciais em risco: A GSHMED e a Serum, responsáveis por serviços de hemoterapia cruciais, notificaram a operadora sobre a iminente interrupção dos atendimentos devido a uma dívida superior a R$ 21,5 milhões.

  • Desassistência crítica: A Clínica Gamen, principal unidade especializada em diálise infantil no estado, comunicou que não terá condições de manter o tratamento de cerca de 45 pacientes renais crônicos a partir do dia 9 de dezembro, devido a uma dívida acumulada superior a R$ 1,6 milhão.

  • Suspensões em massa: Outras grandes redes, como o Hospital Geral Prontonil, a Rede D’Or, a Rede Casa e o Grupo Prontobaby, já limitaram ou interromperam atendimentos a beneficiários da Unimed Ferj por conta da inadimplência.

Cobranças à ANS e órgãos de controle

Para o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (SindhRio) e a Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ), a situação é uma “inversão perigosa e insustentável da lógica da saúde suplementar,” onde os prestadores são pressionados a sustentar uma operadora insolvente.

A falta de transparência sobre a real situação financeira e operacional da Unimed no Rio de Janeiro se tornou insustentável. Não é mais possível manter a rede funcionando às cegas”, disse Guilherme Jaccoud, presidente do SindhRio.

Diante do agravamento, SindhRio e AHERJ cobram uma postura “muito mais rígida e efetiva” da ANS, que determinou a gestão compartilhada, e sugerem a intervenção do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual (MPRJ) para evitar um colapso total.

A crise transcendeu o âmbito financeiro e institucional, atingindo diretamente crianças, pacientes crônicos e pessoas em tratamento contínuo, com risco real e iminente de desassistência.

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Em contraponto às denúncias, a Unimed do Brasil informou no dia 9 de dezembro ter concluído negociações para “normalizar e expandir” o atendimento assistencial, resultado de um acordo de compartilhamento de risco assistencial mediado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), iniciado em 20 de novembro.

Pelo acordo, a Unimed do Brasil assume a gestão da assistência e o relacionamento com os prestadores nas cidades do Rio de Janeiro e Duque de Caxias, ficando com 90% do valor das mensalidades a partir de 1º de dezembro. A Unimed Ferj permanece com 10% e a responsabilidade pelas dívidas assumidas até o final de novembro.

A Confederação anunciou ter firmado negociações com importantes prestadores, incluindo:

  • REDE AMÉRICAS: Hospitais Pró-Cardíaco, Samaritano (Botafogo), São Lucas Copacabana, entre outros.

  • REDE DASA: 147 unidades para terapias, exames laboratoriais e de imagem.

  • PRONTOBABY: Unidades como a Clínica Pediátrica da Barra e o Hospital Ipanema.

  • REDE TOTALCARE: Hospital Pasteur, Hospital Mario Lioni e outros.

A Unimed do Brasil esclareceu que o compartilhamento de risco não implica em sucessão empresarial, e as obrigações financeiras anteriores continuam sendo responsabilidade da Unimed Ferj. Este ponto é o principal foco de tensão, pois os prestadores criticam o fato de estarem sendo cobrados por serviços futuros sem garantia de recebimento dos passivos.

Com assessorias
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