Enquanto os líderes mundiais do G20 aprovavam uma proposta de tributação progressiva incluindo os super-ricos, na Conferência das Partes (COP29), em Baku, no Azerbaijão, para debater as mudanças climáticas, o SEEG mostrou que o Rio de Janeiro é a maior emissora de metano do Brasil.  A informação foi debatida durante o painel “Metano e justiça climática: lições de organizações da sociedade civil para uma ação climática inclusiva e eficaz”, no Global Methane Hub Pavilion, neste dia 19.

A ‘Cidade Maravilhosa’ é a maior emissora de metano devido ao inadequado tratamento do metano gerado pela decomposição de resíduos. Em seguida, aparecem a já famosa pelo desmatamento São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS), ambas devido à pecuária. Depois, a capital paulista São Paulo ocupa o quarto lugar devido aos resíduos, seguida por Porto Velho (RO) – neste caso, novamente, a criação de gado desponta em emissões um pouco junto com os resíduos.

O Brasil é um dos principais emissores de metano no mundo, ocupando o sexto lugar em emissões totais de gases causadores das mudanças climáticas e o quinto em emissões específicas de metano. Em 2030, se nada for feito, a emissão de metano pode chegar a 23,29 Mt CH4. Se forem aplicadas as indicações da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) alternativa, formulada com a contribuição de várias organizações via Observatório do Clima, elas podem cair para 13,75 Mt CH4. Uma redução de 56%.

‘Arroto do gado não é o único culpado’

O setor de agricultura no Brasil é o mais impactante em metano, sendo responsável por 76% das emissões totais desse gás. No entanto, o arroto do gado não é o único culpado. No setor de energia, a queima de lenha para cozinhar, além de um crítico problema social pela falta de acesso à energia de qualidade ou de recurso financeiro para pagar a conta do gás ou da luz, gera metano. E, em cidades, um grande problema são os lixões ou aterros sanitários que não tratam as emissões de metano de maneira adequada. É neste caso que o Rio de Janeiro desponta em primeiro lugar.

Desde 2015, observa-se um aumento nas emissões de metano no país, o que reforça a necessidade de uma resposta rápida e coordenada. Em 2023, o Brasil emitiu 21,1 Mt CH4, segundo dados do SEEG. “O setor agropecuário responde pela maior parte dessas emissões com o gado de corte sendo a principal fonte do setor. Somente ela responde por 61% das emissões. Por isso, conciliar produção, produtividade e redução de metano é fundamental para o cumprimento da meta para o Plano ABC+ (plano setorial da agropecuária para baixas emissões),

A maior parte das emissões totais, que representam 74%, é proveniente do setor de agricultura. Dado o impacto significativo do metano, sua capacidade de aquecer a atmosfera pode ser até 80 vezes maior do que o dióxido de carbono (CO2), torna-se urgente buscar soluções eficazes em cada setor para diminuir as emissões e adaptar as políticas públicas a essa realidade.

Apesar de ter assinado o acordo global para a redução de emissões de metano em 30% de 2020 até 2030, o Brasil aumentou seu montante emitido em 6% apenas entre 2020 e 2023. Isso aconteceu, principalmente, porque o rebanho de gado aumentou”, conta David Tsai, gerente de projetos do IEMA e coordenador do SEEG, Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.

Assim como no Brasil, outros países da América Latina também sofrem dificuldades para acessar dados de emissões. Por isso, a exemplo do SEEG, outras organizações estão se mobilizando na América Latina para disponibilizar essas informações com base na melhor ciência e tecnologia de maneira ágil e atualizada.

Várias iniciativas nacionais dos Observatórios de Emissões (OE) buscam aperfeiçoar o monitoramento das emissões de metano para compreender quais são as melhores soluções práticas a serem tomadas para reduzi-las. As apresentações como do Brasil, do México e do Equador mostraram que as iniciativas têm cumprindo o objetivo de tornar transparentes dados de qualidade de emissões. Antes delas, faltavam informações oficiais.

“Resta, agora, os governos locais e nacionais utilizarem esses dados de maneira assertiva para reduzir suas emissões”, ressalta Barcelos. O combate às mudanças climáticas exige ações coordenadas em todos os níveis de governo, com foco especial nos governos locais.

Estes atores ocupam uma posição estratégica para implementar ações de mitigação com impacto significativo na redução das emissões de metano, especialmente em áreas que exigem atenção direta para esse objetivo. Agora, essas informações precisam dialogar com as políticas públicas nacionais vigentes, incluindo um papel de contribuição reservado ao setor privado.

 

 

 

Cusworth contou sua experiência no monitoramento do metano via satélite, que pode ajudar a entender onde estão as principais fontes emissoras e os locais com maior concentração do gás.  Também lembrou que um dos maiores emissores de metano do mundo é os Estados Unidos. Embora, claro, o gás possa ser combatido de maneira efetiva a partir de ações locais como seria o caso do manejo adequado de aterros, criação de gado, agricultura e de acesso à energia limpa.

Quem sabe a tributação dos super-ricos não seja encaminhada para o investimento em ações efetivas para reduzir o metano das cidades de países do Sul Global?

Entregando saúde e educação para as pessoas, planeta, paz e prosperidade

A ONG Zero Water Day Partnership, a Universidade da Pensilvânia e a Universidade Federal Fluminense realizarão

As mudanças climáticas, poluição e perda de biodiversidade será discutida por especialistas globais, assim como os impactos no setor de saúde bucal, em uma série de eventos online paralelos à Conferência Climática COP 29, em Baku, Azerbaijão. Guiada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e pelo Plano de Ação Global de Saúde Oral da OMS 2023-2030, a conferência enfatiza uma abordagem transdisciplinar na educação e prática odontológica.

Organizado sob o título “Promovendo saúde e educação para pessoas, planeta, paz e prosperidade”, o foco dos eventos é na EDUCAÇÃO como fio condutor que articula as etapas do programa.  O objetivo é revisitar o status da educação através dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), com ênfase nos ODS 3 e 4.

O programa se divide para promover a educação para a cidadania global no desenvolvimento sustentável em escolas, demonstrando que a educação e o treinamento profissional devem fomentar um pensamento crítico centrado no planeta que promova equidade em saúde.

O evento também vai lançar a 4ª Conferência de Saúde Bucal e Ação Climática que será realizada durante a COP30, em Belém do Para, no Brasil em 2025. Os temas envolvem desde a necessária preparação para a COP 30, o fortalecimento das ações para saúde bucal e planetária com foco especial em inovação tecnológica e social a estratégias de alcance para maximizar o engajamento popular e não deixar ninguém pra trás. 

As atividades serão encerradas com a iluminação simbólica do icônico monumento ao Cristo Redentor para marcar a urgência de aumentar a conscientização sobre sustentabilidade no setor de saúde e destacar os determinantes sociais e ambientais da saúde.

Zero Water Day Partnership – A organização não-governamental sediada na Alemanha defende a integração da saúde planetária e humana como produto direto da sinergia entre a educação em universidades e escolas, afirmando que a saúde planetária se beneficia do fortalecimento da educação da força de trabalho em saúde nos determinantes sociais da saúde. https://zerowaterday.org/

Universidade da Pensilvânia, Faculdade de Odontologia – O Centro para Saúde Oral Global Integrativa da Universidade da Pensilvânia reúne pesquisadores, educadores e profissionais de saúde para buscar soluções criativas para as necessidades de saúde oral, relacionadas à prevalência mundial de cáries, doenças periodontais, edentulismo, câncer oral e deformidades craniofaciais, que afetam mais de 3 bilhões de pessoas anualmente. https://cde.dental.upenn.edu/Course/1564-COP-29-Climate-Conference

Universidade Federal Fluminense, Agência de Inovação – O centro de sustentabilidade do Instituto de Saúde de Nova Friburgo e a Agência de Inovação da Universidade Federal Fluminense unem-se para integrar iniciativas educativas de desenvolvimento sustentável com projetos de inovação tecnológica e social na saúde, com o objetivo de criar soluções mais sustentáveis para produtos e serviços no setor de saúde. https://agirnf.uff.br/

O evento fornece certificado de curso internacional com carga horária de 4 horas. As inscrições são gratuitas.

Com Assessorias

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