O Rio de Janeiro e outros sete estados brasileiros enfrentam uma onda de calor severa neste final de ano, com temperaturas ultrapassando a marca dos 40°C. O cenário, que levou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a emitir um aviso vermelho de “grande perigo”, acende um alerta crítico para a saúde: o corpo humano possui limites biológicos claros e, acima dos 35°C em condições de alta umidade, ele simplesmente para de funcionar como deveria.

Apenas na rede pública da capital fluminense, o calor foi responsável por quase 450 atendimentos diários entre os dias 23 e 25 de dezembro. Ao todo, 1.347 pessoas foram atendidas em unidades de saúde municipais. Os sintomas mais comuns incluem tontura, fraqueza, desmaios e queimaduras solares.

O risco da falência térmica

Quando a temperatura externa sobe excessivamente, o organismo entra em um esforço extremo para manter a temperatura interna estável. O coração acelera, o suor aumenta e os vasos sanguíneos se dilatam. No entanto, esses mecanismos de defesa têm um limite.

Segundo o clínico geral Luiz Fernando Penna, coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, o calor extremo pode levar à falência térmica, uma emergência médica gravíssima.

Esta é uma condição caracterizada por confusão mental, fala arrastada, pele quente e seca, e temperatura corporal acima de 40°C”, explica o médico.

O impacto é ainda mais severo para quem convive com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, insuficiência renal e Alzheimer. Medicamentos diuréticos, antidepressivos e anti-hipertensos também podem interferir na capacidade do corpo de regular o próprio calor, exigindo atenção redobrada.

Além do mal-estar: o impacto no dia a dia

O calor não afeta apenas o vigor físico; ele compromete as funções cognitivas. As altas temperaturas prejudicam a qualidade do sono, o que gera irritabilidade, reduz a memória e afeta a capacidade de tomar decisões rápidas.

Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicada em fevereiro de 2025, reforça a gravidade do problema ao comprovar a relação direta entre as ondas de calor e o aumento da mortalidade no Rio de Janeiro, especialmente entre idosos.

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Como se proteger e identificar sinais de perigo

As autoridades de saúde recomendam vigilância constante. Se você ou alguém próximo apresentar confusão mental ou temperatura corporal muito elevada, procure atendimento médico (SAMU 192) imediatamente.

Dicas essenciais para enfrentar os dias de 40°C:

  • Hidratação estratégica: Beba água e sucos naturais mesmo sem sentir sede. Evite bebidas alcoólicas, que aceleram a desidratação.

  • Horários críticos: Evite exposição direta ao sol entre 10h e 16h. Se precisar sair, use sombrinhas, chapéus e protetor solar.

  • Ambiente doméstico: Mantenha a casa fresca fechando cortinas nas horas mais quentes e abrindo-as à noite. Use ventiladores e ar-condicionado com moderação para evitar choques térmicos.

  • Vestuário: Priorize roupas leves, claras e de tecidos respiráveis. Cores escuras retêm mais calor.

  • Cuidado com o banho: Evite banhos excessivamente gelados. Eles podem causar um “efeito rebote”, fazendo com que o corpo produza ainda mais calor para compensar o resfriamento brusco.

A previsão indica que o calor intenso deve persistir até a próxima segunda-feira (29), com possibilidade de chuvas isoladas apenas a partir de terça-feira. Até lá, a regra de ouro é: não subestime os efeitos do sol.

Com informações da Agência Brasil

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