Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, algo que exige uma escuta qualificada e um olhar atento. Com muita empatia, assistentes sociais são treinados para atender e acolher quem mais precisa de forma respeitosa e assertiva. E cada vez mais eles estão presentes nas unidades de saúde, tanto públicas quanto privadas. No Sistema Único de Saúde (SUS), a presença deles faz a diferença, merecendo destaque neste Dia do Assistente Social (15 de maio).

Acolhimento de pacientes, escuta sensível de familiares e fortalecimento de vínculos se repetem na rotina de assistentes sociais que atuam nos corredores, quartos e portas de entrada do Hospital Universitário Cajuru, com atendimento 100% via SUS em Curitiba (PR). Quem chega para receber algum tipo de atendimento, muitas vezes está inconsciente ou apresenta dificuldades de fala, e é nessa hora que os profissionais entram em ação.

Nos bastidores do Cajuru, Kátia Schmeing e Caroline Ferreira Borges fazem parte de uma equipe de 12 assistentes sociais que se dedicam diariamente a oferecer a acolhida indispensável em qualquer hora. Assim como outros colegas de profissão, elas escolheram a área movidas pelo sentimento de empatia, que transforma-se em empenho para levar à população os conhecimentos necessários para a garantia dos seus direitos.

Em um momento de fragilidade e dor, o Serviço Social não mede esforços para buscar pela família e garantir os direitos de cada paciente. Para além da intermediação do contato, a missão diária é tornar o ambiente hospitalar mais humano e acelerar o processo de cura. Os assistentes sociais assumem o papel de se colocar no lugar do outro, com o objetivo de entender suas necessidades e perspectivas.

“Todos os dias, precisamos ponderar e compreender a realidade social de cada um, interferindo da melhor forma possível”, afirma Kátia, que lidera o serviço social do Hospital Universitário Cajuru.

Jornada incansável

O trabalho dos assistentes sociais começa no momento que o paciente chega ao hospital. A equipe discute e elabora um plano de ação, incluindo desde os pontos mais delicados da situação até a necessidade de encaminhamentos para serviços públicos. A assistente social Kátia Schmeing explica que, após a identificação do paciente, é feito contato com a família.

“Caso a pessoa não esteja consciente, a equipe busca por documentos pessoais e inicia a busca por familiares com base nos dados cadastrados em sistemas integrados de saúde. Contudo, quando não há documentos de identificação e demora na melhora, o serviço social pede, por ofício, que o Instituto de Identificação, da Polícia Civil, faça a coleta das digitais e as coloque no sistema em busca de pessoas compatíveis. Caso isso ocorra, as informações são enviadas ao hospital”, detalha.

Fundamentais na garantia da atenção integral à saúde dos pacientes, os assistentes sociais trabalham em conjunto com uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais da saúde. Um dos papéis importantes desempenhados pelo Serviço Social é auxiliar os pacientes e suas famílias a entenderem os procedimentos médicos e os cuidados após a alta hospitalar.

“Durante a reunião entre a equipe médica e a família, há um momento em que precisamos falar sobre o quadro clínico do paciente e seu prognóstico. Ali, é comum a família questionar sobre os cuidados futuros e sentir-se insegura com relação à desospitalização. Essa é a hora em que a presença do serviço social faz toda diferença porque garante que o paciente tenha acesso a todo o suporte social disponível”, aponta o médico Ronnie Barreto Arrais Ykeda, coordenador dos cuidados paliativos do Cajuru.

Apoio no momento mais difícil

Lidar com a morte de pacientes e acompanhar o momento que essa notícia é dada para seus familiares é uma das situações mais delicadas na rotina do serviço social hospitalar. Para isso, a assistente social Caroline Ferreira Borges conta que é preciso ter empatia e sensibilidade, além de estar preparado para oferecer o apoio necessário nesse momento difícil.

É um trabalho realizado junto com a equipe médica, que muitas vezes precisa do suporte do assistente social para orientar familiares sobre procedimentos legais e funerários.

“Esse trabalho integrado permite que as demandas de cada paciente sejam avaliadas de forma ampla e individualizada, garantindo um atendimento mais humanizado. A colaboração entre os profissionais é fundamental para agirmos corretamente com cada momento, desde um óbito até a alta hospitalar”, ressalta.

Movidos pela paixão

Para compreender cada indivíduo, os assistentes sociais utilizam seus instrumentos de batalha que incluem habilidade e técnica adquiridos ao longo de anos de estudos, aliados ao amor ao próximo.

“Já coleciono histórias de pessoas que voltaram para o convívio familiar depois de mais de 20 anos, apenas porque demos o pontapé inicial e colocamos o paciente em contato com a família. Por isso, sou apaixonada pelo trabalho de procurar os familiares de cada um que está internado no hospital”, revela Caroline.

O esforço dos assistentes sociais do Hospital Universitário Cajuru é apenas uma amostra do que esses profissionais fazem diariamente em instituições de todo o país.

Eles firmam um compromisso em prol da sociedade, com um olhar voltado para o próximo e o intenso desejo de dar apoio aos pacientes e suas famílias, garantindo o acesso não apenas ao tratamento médico, mas também a serviços e recursos que possam ajudá-los em sua jornada de recuperação.

“Tudo começa com a compreensão da realidade que os cercam, entendendo as diferenças entre os indivíduos e as camadas sociais. Além disso, precisamos deixar claro que eles podem confiar na instituição e que não estão sozinhos nesse momento difícil”, conclui Kátia.

Assistentes sociais compartilham histórias de cuidado e empatia

Em homenagem a essa profissão tão importante na assistência à saúde, celebrada no dia 15 de maio, conheça algumas histórias de assistentes sociais que atuam em unidades de saúde gerenciadas pelo Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim.

A arte de cuidar

Odeva da Silva Pinto, de 63 anos, trabalha há 13 anos no Hospital Estadual de Francisco Morato, onde atua como coordenadora do serviço social pelo . A profissional conta que o desejo de fazer a diferença na vida do próximo surgiu ainda na infância. “Sou de uma família em que sempre nos mobilizamos para ajudar as pessoas. Assim, quando terminei o colegial, minha primeira opção foi cursar serviço social”.

Ao longo da carreira, Odeva coleciona diversos momentos marcantes, entre eles a ocasião em que ajudou a organizar uma cerimônia de casamento para um paciente que estava internado no Hospital Estadual de Francisco Morato devido à Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença progressiva e degenerativa. “Infelizmente, ele faleceu dois anos depois, mas o sonho do casamento foi realizado dentro do hospital”, recorda.

Segundo ela, o segredo para um bom acolhimento é a escuta qualificada. “É você saber ouvir sem fazer nenhum tipo de julgamento diante da situação e ter, em primeiro lugar, um olhar de empatia”, destaca.

Em meio à diversidade de pessoas que buscam os serviços públicos de saúde, saber lidar com cada ser humano de forma única parece ser a chave do sucesso para um atendimento de excelência. “Cada pessoa que está diante de você tem uma situação, uma história e está em um momento diferente. O profissional deve ter um olhar para aquele momento”.

O acolhimento bate à porta

A trajetória de Ieda Maria Gonzaga, de 58 anos, começou de uma forma um pouco diferente. Sua primeira formação foi em enfermagem, mas a sensação era a de que algo não estava completo.

“O serviço social sempre caminhou junto nessa jornada, foi então que decidi fazer a graduação. Já no campo acadêmico, surgiu a grande paixão e a identificação profissional, era isso que buscava, assim surgiu minha nova motivação profissional.”

Desde então, Ieda passou a atuar como assistente social e, há oito anos, ela exerce a função na UBS Jardim Coimbra, na zona sul de São Paulo. Em sua rotina, a profissional realiza visitas domiciliares com foco no acolhimento e orientações de prevenção. Além disso, Ieda promove, junto aos demais profissionais da unidade, ações de conscientização com os pacientes.

“Creio que meu trabalho tem tido muita importância na comunidade, levar às pessoas um conforto, uma orientação e uma escuta qualificada é essencial.”

Sobre o papel dos assistentes sociais na área da saúde, ela não tem dúvidas ao responder que é fundamental realizar as atividades baseadas na ética e no respeito. “O assistente social é aquele profissional que faz a diferença e consegue ver no outro o que ele tem de mais valioso e precioso, sua vida”, finaliza.

Com Assessorias

Leia mais

‘A pior parte do trabalho é quando o paciente se vai’, diz assistente social
Mulheres se destacam na luta para fazer SUS melhor
Lula lança programa para reduzir filas do SUS

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *