A cirurgia bariátrica mudou minha vida completamente. Além de me dar a chance de ver meus filhos crescerem, eu tenho mais disposição para trabalhar, melhorei minha remuneração e ainda consegui um extra”, conta Daniele.
Ela é uma das quase 3 mil pessoas que foram operadas pelo médico Cid Pitombo, coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro. O cirurgião acaba de concluir estudo com os pacientes do SUS, que demonstra o impacto social do tratamento da obesidade: os pacientes tem uma melhora socioeconômica real, gastando menos com a saúde e conquistando emprego.
O estudo aponta que 86% das pessoas que passaram pelo tratamento da obesidade pararam de gastar mensalmente com medicamentos. Dos que estavam desempregados, 33% dos que eram desempregados conseguiram uma colocação profissional após a cirurgia. Gastos com alimentação, higiene e vestuário diminuíram 50%. A conclusão é que 86% deles pararam o uso contínuo de medicamentos pela solução de doenças associadas à obesidade.
O estudo conduzido pelo cirurgião mostrou ainda que 73% dos pacientes do programa iam com frequência mensal a posto de saúde ou Clínica da Família fazer algum tratamento. Depois da cirurgia de obesidade, somente 9% ainda mantém idas à assistência básica, assim mesmo com frequência menor do que três vezes ao ano.
“O paciente do setor público é sempre mais carente de recursos. Por isso, quando pensamos que o tratamento da obesidade ajuda na vida econômica deles, vale levar em conta também que reduz o custo desse cidadão para o SUS; permitindo que esses recursos sejam investidos no atendimento de outras pessoas”, destaca o médico.
Metodologia
O estudo foi feito com 500 pacientes do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Rio de Janeiro, sendo 50% homens e 50% mulheres. Os pesquisados têm entre 22 e 45 anos, renda entre R$ 600 e R$ 3 mil e foram avaliados os prontuários de acompanhamento dos pacientes após um ano de operados.
O programa atende a moradores de todo o estado do Rio de Janeiro, inseridos no Sistema de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde. Por ano, são 1.600 novos pacientes de primeira vez, que passam a ser acompanhamos pela equipe multidisciplinar formada por médicos, nutricionistas e psicólogos. Anualmente passam pela cirurgia bariátrica 500 pessoas, ou seja, entre operados e atendidos, são mais de 2 mil por ano.