A infância é uma fase essencial na formação social, educacional e de valores do ser humano. O ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social na infância. A brincadeira promove o desenvolvimento, a criatividade, a educação e o bem estar. É por meio do brincar que as crianças criam relações com o mundo à sua volta.
E a ciência reforça essa necessidade. Pesquisadores da Universidade de Cambridge analisaram dados de quase 1.700 crianças, entre 3 e 7 anos de idade. Aqueles com melhor capacidade de brincar aos três anos mostraram consistentemente menos sinais de problemas de saúde mental quatro anos depois.
No dia 28 de maio é celebrado o Dia Mundial do Brincar. A data, criada em 1999 pela International Toy Library (ITLA), na 8ª Conferência
Internacional de Ludotecas em Tóquio, foi festejada pela primeira vez em 2000 e reconhecida no calendário do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), tem como objetivo reforçar o brincar como direito de todas as crianças, presente no Artigo 31º da Convenção sobre os Direitos da Criança.
A data foi escolhida por ser o dia de aniversário da ITLA. Este ‘World Play Day’ é um evento celebrado em mais de 40 países do mundo,
incluindo o Brasil. Além de um direito da criança, é uma alegria essencial para pessoas de todas as idades, não apenas porque traz vantagens tanto pela diversão, como fomentando a educação, o aumento da concentração, a criatividade e a convivência.
Apesar do ser uma das manifestações mais comuns da infância, ela é muitas vezes negligenciada, com os pais a não terem tempo para os filhos, com a crescente urbanização e perda de locais de brincadeiras, assim como com a comercialização do brincar e o crescimento dos videojogos. Em certos países, o brincar é até um ato interdito, sendo mesmo preterido pelo trabalho infantil e pelo recrutamento de crianças para a guerra.
O Unicef estima que 160 milhões de crianças em todo o mundo estão a trabalhar em vez de brincar ou aprender. No entanto, mesmo nos momentos mais difíceis, as crianças podem, por meio da brincadeira, reencontrar o caminho da felicidade e da saúde, física e mental. Em média, três em cada cinco crianças (59%) gostariam de brincar mais do que fazem agora, ao passo que quatro em cada cinco (79%) gostariam de brincar mais com os pais ou cuidadores.
Para Andreia Calçada, psicóloga clínica e jurídica, é mais do que apenas diversão. Quando a criança brinca, ela explora o mundo ao seu redor, desenvolvendo habilidades físicas, cognitivas, emocionais e sociais de maneira orgânica e espontânea.
Toda a criança deve correr, pular, subir e explorar diferentes movimentos. Essas atividades desenvolvem a coordenação motora, a força muscular e a resistência física. Além do desenvolvimento físico, o ato de brincar estimula também a imaginação e a criatividade. As crianças podem criar histórias e personagens, desenvolvendo a linguagem, a resolução de problemas entre outras habilidades”, afirma.
Desenvolvimento social e emocional
Outros pontos que ela destaca são o desenvolvimento social e emocional. Ao brincar junto com outras crianças elas aprendem a compartilhar, resolver conflitos, colaborar e assim construir relações saudáveis. Já na parte emocional a criança pode expressar suas emoções como alegria, frustrações, medo, angústias e aprender a controlá-las e superá-las no dia a dia.
Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil, ela lembra que o brincar não é um luxo, mas sim um direito fundamental de todas as crianças. “É o momento em que podem sonhar, explorar e crescer através do poder da brincadeira. E que além do brincar, as crianças têm outros direitos, entre eles, alguns fundamentais, como alimentação, educação, saúde, lazer, liberdade e ambiente familiar’,
No entanto, hoje em dia, o brincar está sob ameaça. Os dispositivos eletrônicos estão diminuindo o tempo disponível para as brincadeiras e a interação com outras crianças, além de criar um vício. Por isso os pais devem ter atenção se o mundo virtual está ganhando um espaço maior do que o devido.
É fundamental que os pais, educadores e governos reconheçam o valor da brincadeira e defendam o direito das crianças a essa atividade, garantindo que elas tenham tempo e espaço para brincar”, destaca a especialista, que é Mestre em sistemas de resolução de conflitos e autora do livro “Perdas irreparáveis – Alienação parental e falsas acusações de abuso sexual”.
Dicas para incentivar o brincar em casa
Para a coordenadora pedagógica Danielle Cacilda dos Santos de Bairro, do Marista Escola Social Esperança, em Curitiba, o momento da brincadeira faz parte da linguagem natural da criança.
É a forma dela se expressar nesse mundo. Ao realizar atividades, em casa, na escola com as crianças ou professores, ela passa a interagir com mais autonomia, expressar seus gostos e também sentimentos por meio da brincadeira. O brincar livre e espontâneo permite que a criança experimente e compreenda o ambiente, lidando com desafios e descobertas de forma lúdica”, reforça Daniele
Para celebrar a data e promover o bem estar das crianças por meio das brincadeiras, a especialista dá dicas de como incentivar o ato de brincar em casa:
Proporcione tempo e espaço para brincar: Reserve momentos diários para brincadeiras livres e não estruturadas. Crie um ambiente seguro e estimulante onde as crianças possam explorar, experimentar e se divertir.
Use a criatividade na hora de escolher brinquedos: Valorize e encoraje a imaginação das crianças. Deixe que elas criem suas próprias histórias, personagens e mundos imaginários durante o brincar. Isso ajuda a desenvolver habilidades de pensamento criativo e narrativo.
Participe das brincadeiras: O envolvimento na brincadeira fortalece os laços familiares, mas também demonstra o valor que você atribui ao tempo de qualidade juntos.
Estimule o brincar ao ar livre: É importante incentivar jogos e brincadeiras que explorem a natureza e valorizem as atividades físicas. O ambiente externo oferece uma infinidade de oportunidades para o brincar criativo e o desenvolvimento motor, além de contribuir para a saúde mental.
Incentive as crianças a brincarem juntas e a cooperarem umas com as outras: Isso ajuda no desenvolvimento de habilidades sociais, como comunicação, negociação e resolução de conflitos.
Com Assessorias