Mais de um ano após o início da pandemia, os brasileiros vão passar mais um Dia do Abraço, celebrado neste sábado (22), distantes de quem amam por conta do distanciamento social para evitar a disseminação da Covid-19. Enquanto a maior parte da população brasileira ainda não está vacinada, as medidas sanitárias devem ser seguidas, inclusive evitando-se os abraços.
Apesar do avanço da vacinação contra a Covid-19 em grupos de risco, a orientação é de que o contato físico seja evitado e o distanciamento social continue sendo seguido como um instrumento para conter a disseminação do vírus. Segundo a infectologista Juliana Barreto, a volta do contato físico só deve ser pensada quando cerca de 70% da população estiverem imunizadas.
“Este ainda não é momento de se pensar em abraço porque ainda não temos uma grande parcela da população vacinada”, destaca a infectologista, também ressaltando que a orientação serve para a manutenção de outras medidas para diminuir a propagação do vírus, como o uso das máscaras.
De acordo com a psicóloga Daniela Dias Barros Schmidt, que atende no Órion Complex, em Goiânia, o abraço é um importante meio de fazer vínculos com familiares e amigos, algo que, desde a infância, se faz necessário para a convivência humana. Segundo ela. a falta de contato físico pode provocar aumento de casos de depressão e ansiedade.
O abraço, assim como o contato físico, é uma demonstração de sensibilidade e carinho, que traz um sentimento de pertencimento. Como estamos em um momento de isolamento social, passamos a sofrer algumas consequências que podem resultar em doenças”, destaca a psicóloga.
De acordo com pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), levando em consideração 11 países, o Brasil é o país com o maior número de casos de ansiedade (63%) e de depressão (59%). A pesquisa foi feita com cerca de 1.500 pessoas e também contou com a participação de Irlanda, Bulgária, China, Cingapura, Espanha, Estados Unidos, Índia, Macedônia, Malásia e Turquia.
Com as restrições, as pessoas passaram a ter menos contato com seus amigos e familiares e houve uma redução de atrações de lazer e entretenimento. A vida vai ficando mais entediante porque perdemos justamente esse sentido do contato. O humor vai sendo deprimido, mas temos que lembrar que é algo passageiro e ter resiliência para passar por esse momento”, detalha a psicóloga.
Entre as alternativas para superar esse momento de dificuldade e distanciamento, Schmidt destaca que é imprescindível manter diálogo virtual com pessoas do nosso ciclo social e de trabalho.
“Também é fundamental encontrar maneiras de fazer com que a vida tenha sentido e fazer coisas que gostamos durante o nosso dia a dia, como ver filmes, caminhar, fazer atividades físicas em parques ou até mesmo em casa. Isso é importante porque mobiliza a nossa energia interna para que a vida continue”, orienta a psicóloga.
“Já pessoas que têm predisposição a ter quadros mais graves, como ansiedade e depressão, é necessário buscar um psicólogo e, se necessário, um psiquiatra”, completa.