O presidente Jair Bolsonaro recebeu alta no início da tarde deste sábado (26) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, após passar por uma cirurgia para retirada de um cálculo na bexiga. Problemas no trato urinário são sintomas também da Covid-19. O presidente contraiu a doença em julho, sem maiores intercorrências na ocasião, e foi diagnosticado com o cálculo no final de agosto, após ser submetido a ultrassonografia no departamento médico do Palácio do Planalto.

Segundo Marcos Dall’Oglio, urologista e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP, pacientes infectados pelo Covid-19 podem desencadear uma inflamação sistêmica, inclusive na bexiga, provocando uma cistite viral, uma infecção causada por fungo ou bactéria que atinge o órgão e pode, inclusive, levar a uma infecção generalizada (sepse) no sistema urinário.

“O agente infeccioso compromete o revestimento celular do sistema urinário provocando sintomas irritativos. Nestes casos, o principal sintoma é o aumento da frequência urinária e isto deve ser acompanhado e monitorado porque há relatos de ocorrência de sepse urinária”, explicou o urologista. Por meio de sua assessoria, no entanto, o especialista declarou que o cálculo na bexiga de Bolsonaro não é decorrente da Covid-19.

De acordo com boletim divulgado neste sábado (26) pela Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações, Bolsonaro continua apresentando “ótima evolução clínica”, sem complicações cirúrgicas. Os médicos também retiraram a sonda vesical para que ele urine de forma espontânea.

O boletim é assinado por três médicos que acompanham o presidente – o cardiologista Leandro Santini Echenique, o urologista Leonardo Lima Borges e i diretor-superintendente do hospital Miguel Cendoroglo. A cirurgia à qual foi submetido é considerada um procedimento simples, na avaliação de especialista ouvido por ViDA & Ação.

O procedimento cirúrgico é minimamente invasivo, denominado cistolitotripsia endoscópica a laser, sob anestesia”, explicou o cirurgião do aparelho urinário Daher Chade, urologista especializado em Oncologia pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque.

Bolsonaro deixou o hospital sem conversar com jornalistas que o aguardavam do lado de fora, por volta das 13h15. Mais cedo, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, publicou no Instagram uma foto em que o presidente aparece sorrindo vestindo uma camisa do Ferroviário do Ceará, equipe que disputa a terceira divisão do Campeonato Brasileiro.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, divulgou no Twitter uma foto de Bolsonaro na cama do hospital com a primeira-dama sentada ao seu lado. “Nosso presidente @jairbolsonaro passa bem, com recuperação rápida e sem intercorrências. Deus te abençoe!”, escreveu o ministro.

Frequência urinária pode ser um dos sintomas do coronavírus

Além dos sintomas mais conhecidos, como, por exemplo, tosse seca, febre, falta de ar, coriza, dor de garganta, perda de olfato e paladar, cansaço, o aumento da frequência urinária entrou para a lista dos sintomas que podem indicar a contaminação pela Covid-19.

De acordo com o dr Marcos Dall’Oglio, o aumento da frequência urinária pode ser desencadeado pela cistite. “Apesar de a maioria dos casos ser de infecção leve e atingir os pulmões, existem pacientes que apresentam diagnósticos graves e complicações em outros sistemas, podendo ser cardiovasculares, nervoso, digestivo e urinário.

Ele cita um estudo da Revista Europeia de Urologia que identificou que a frequência urinária atrelada à infecção pelo coronavírus independe de lesão renal prévia, ou seja, o paciente pode ou não ter apresentado complicações no órgão anteriormente.

Mas alerta que casos severos de Covid-19 estão ligados a um maior risco de insuficiência renal aguda e pode acontecer, com mais frequência, naqueles que já têm condições pré-existentes que comprometem o trato urinário.

Presença de sangue na urina é um dos sinais

Pacientes infectados pelo Covid-19 podem apresentar alguma repercussão sobre o aparelho urinário. Um dos sinais mais preocupantes é a presença de sangue na urina, conhecido como hematúria.

A hematúria ocorre principalmente naqueles com alguma condição pré-existente e pode se relacionar ao crescimento da próstata ou a tumores das vias urinárias. Importante ressaltar que nesses casos de sangramento, deve ser realizada investigação mais criteriosa”, afirma Dall’Oglio.

Por conta da descoberta desse novo sintoma e, também, porque muitos pacientes renais estão adiando consultas e exames por causa das medidas de distanciamento social e o medo de contaminação, é esperado por muitos médicos, inclusive pelo Dr. Marcos Dall’Oglio, que a demanda por cuidados e tratamentos renais aumentem depois da pandemia, pois a doença não pode esperar.

Com Assessorias

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