Desde o início do ano, empresas farmacêuticas e institutos do mundo inteiro buscam uma vacina contra o coronavírus Sars-Cov-2. Até agora, a associação alemã de Empresas Farmacêuticas de Pesquisa contabilizou 115 projetos diferentes neste âmbito, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) registra 102 pesquisas em andamento.

Basicamente, os estudos se concentram em três tipos de agente de imunização: vacinas vivas, suspensões com microrganismos mortos e vacinas de DNA ou de RNA mensageiro. Entenda as diferenças:

Vacinas vivas (ou atenuadas)

São produzidas a partir de vírus conhecidos, porém inofensivos. Eles não desencadeiam doenças, mas podem se reproduzir nas células humanas. São os chamados vetores que estimulam uma reação imunológica no nosso organismo.

Isso pode funcionar, por exemplo, quando quem desenvolve a vacina “fantasia” o antígeno “de Sars-Cov-2” com métodos de engenharia genética. A “camuflagem” ocorre quando o vírus recebe uma proteína superficial equivalente. Esse tipo de vacina é uma alternativa usada sobretudo no combate contra novos patógenos.

Quando se aplica essa vacina numa pessoa, o corpo desenvolve uma proteção imunológica que pode combater uma infecção real. Uma vacina vetorial desse tipo já foi usada contra a varíola, por exemplo. A primeira vacina autorizada contra o ebola tem como base um vetor vacinal desse tipo (microrganismo manipulado para produzir antígenos que desencadeiam anticorpos).

Vacinas inativadas 

Essas vacinas contêm proteínas selecionadas de um vírus, ou vírus inativados. São patógenos inativados ou mortos, ou seja, incapazes de se multiplicarem. Porém, o corpo os reconhece como invasores, e o sistema imunológico produz anticorpos para combatê-los. Não há irrupção da doença.

Esse método é uma tecnologia reconhecida amplamente e há muito tempo. Já é usada, por exemplo, contra a gripe, paralisia infantil, coqueluche, hepatite B e também tétano.

Vacinas com base em material genético

Em relação às vacinas inativadas ou vivas, as vacinas produzidas por engenharia genética têm a vantagem de poderem ser rapidamente produzidas pela indústria. Isso será necessário contra o coronavírus, pois bilhões de doses deverão ser disponibilizados num curto espaço de tempo.

As vacinas com base genética possuem informações puramente genéticas, sob forma de DNA ou do RNA mensageiro do coronavírus, por exemplo. Componentes do material hereditário dos vírus são “infiltrados” nas células, “empacotados” em nanopartículas. Quando os antígenos entram no corpo, têm a missão de produzir proteínas de vírus inofensivas e que constroem uma proteção imunológica.

Até agora, porém, não existe nenhuma vacina desse tipo no mercado – ainda estão sendo desenvolvidas. Várias empresas e institutos pesquisam esse tipo de agente de imunização. A primeira vacina contra o Sars-Cov-2 autorizada para testes em humanos na Alemanha é uma vacina de RNA mensageiro.

Vacina para quando?

Quando, finalmente, haverá uma vacina eficaz contra o coronavírus? Essa é uma pergunta que ocupa a todos. Porém, não é apenas decisivo a vacina ser desenvolvida, testada e autorizada. Após os testes em laboratório, seguem-se os testes em animais. Em seguida, as candidatas à vacina são testadas em várias fases: são antígenos seguros? Ajudam na composição da resposta imunológica? Funcionam na prática?

Até quando todos estes obstáculos são superados, novas barreiras surgem: as empresas precisam produzir as vacinas, e em grandes quantidades. Raramente, uma única empresa tem esse tipo de capacidade.

No caso de algumas vacinas, também já há desenvolvimentos paralelos para que as empresas estejam preparadas para a produção. Essas fábricas disponibilizam capacidades apesar de a vacina ainda não ter passado por todas as fases de testes. Por outro lado, quase nenhum médico acredita que uma vacina estará disponível antes de 2021.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) rechaçou nesta segunda-feira boatos de que o novo coronavírus foi criado em um laboratório de Wuhan, na China, como defende a cúpula do governo dos Estados Unidos, e confirmou a origem animal do causador da covid-19.

“Circula de forma ancestral entre os morcegos. É algo que sabemos nos baseando na sequência genética desse vírus. O que precisamos entender é que animal atuou como intermediário, ou seja, que foi infectado por morcegos e transmitiu ao homem”, afirmou a chefe do Departamento de Doenças Emergentes da OMS, Maria van Kerkhove.

O presidente dos EUA, Donald Trump, já afirmou publicamente que o Sars-Cov-2, nome científico do novo coronavírus, foi criado artificialmente em Wuhan. Ontem, em entrevista, o secretário de Estado do país, Mike Pompeo, repetiu a mesma versão.

“De todas as evidências que vimos em todas as sequências genéticas que estão disponíveis, e acredito que há mais de 15 mil, este vírus tem uma origem natural”, confirmou Van Kerkhove, em entrevista coletiva virtual.

O diretor-executivo da OMS para Emergências Sanitárias, Mike Ryan, ainda informou que os Estados Unidos não compartilharam qualquer informação sobre a suposta criação artificial do coronavírus, embora Pompeo tenha afirmado que existem “inúmeras provas” disso.

“Da nossa perspectiva, isso é só especulação. Como qualquer organização que se baseia em evidências, gostaríamos muito de receber qualquer informação relativa à origem do vírus”, explicou o representante da OMS.

Com Agências

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