Aos 21 anos o operador de máquina em indústria plástica Daniel Yoshizawa acordou com uma forte dor de cabeça e em questão de poucas horas entrou em coma. No hospital foi diagnosticado com Meningite Meningocócica (causada por um grupo de bactérias chamadas meningococos). Após 14 dias em estado de coma acordou e foi informado que teria que amputar as duas pernas, até acima do joelho, cinco dedos da mão esquerda e um dedo da mão direita.
Esse dia ficará marcado na minha vida. Sempre acordei disposto e não ficava rolando na cama. Aquele dia foi diferente, pois a dor na cabeça, bem na nuca, e a moleza no corpo não permitiram que eu me levantasse e nem fosse trabalhar. Com ajuda dos meus pais e amigos cheguei ao hospital e logo tive convulsões e entrei em coma”, relata Daniel, que hoje tem 34 anos, que se tornou porta-voz do combate à doença e a favor da informação e da imunização.
Neste Dia Mundial de Combate à Meningite (24 de abril), Daniel usa sua experiência em engajar as pessoas obtida como capitão da seleção de voleibol sentado do Sesi São Paulo, esporte pelo qual integra também a seleção brasileira, para convidar a todos a entrarem neste reflexão e ajudar a aumentar a cobertura vacinal contra a meningite. O atleta relata que, até os 21 anos, nunca tinha entrado em contato com pessoas que tiveram a doença ou ouvido história de terceiros que foram acometidos pela meningite, e que isso o fez pensar que era uma doença que só atingia crianças.
Na minha adolescência e juventude, só o que lembro era de ver campanhas para crianças, sem foco nos adolescentes. E isso me fez ver que meu papel era falar para todos os públicos sobre a doença, as sequelas que ela me deixou, e da importância da vacinação em crianças, adolescentes e em toda faixa que for necessário”, diz Yoshizawa.
Doença pode matar em até 24 horas
A meningite é uma doença séria e grave, com alto poder de letalidade, e que pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, fungos e vírus. A mais grave delas é a meningite bacteriana, e dentre elas se destaca a meningite meningocócica, que pode causar sequelas como paralisia cerebral, perda de membros, audição, visão ou, em 20% dos casos, até levar à morte em 24 horas após a manifestação dos primeiros sintomas, mesmo com tratamento médico adequado iniciado.
Mesmo quando a doença é diagnosticada precocemente e o tratamento adequado é iniciado, 8% a 15% dos pacientes vão a óbito, geralmente dentro de 24 a 48 horas após o início dos sintomas. Se não for tratada, a meningite meningocócica é fatal em 50% dos casos e pode resultar em dano cerebral, perda auditiva ou incapacidade em 10% a 20% dos sobreviventes.
Estima-se a ocorrência de pelo menos 1,2 milhão de casos da doença por ano no mundo, com cerca de 135 mil óbitos. No Brasil, a meningite meningocócica é considerada uma doença endêmica, com casos esperados ao longo de todo o ano. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2019, foram registradas 1.037 ocorrências no Brasil, sendo que as regiões Sudeste (556 casos), Sul (182 casos) e Nordeste (176 casos) apresentaram os maiores números de casos notificados.
Dados de uma outra pesquisa encomendada pelo grupo farmacêutico GlaxoSmithKline (GSK), chamada de Vaccinate for Life, realizada em 2017, mostram que a população desconhece a real gravidade e seriedade da meningite meningocócica. Outra pesquisa da GSK, conduzida pelo Instituto Ipsos MORI entre março e abril de 2019, mostra que 59% dos responsáveis no Brasil sabem que a meningite é uma doença incomum, porém grave, mas apenas metade (50%) sabe que ela pode deixar sequelas severas, como perda auditiva e perda de membros.
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Por que os adolescentes também são vulneráveis?
De acordo com o Ministério da Saúde, o risco de contrair a doença é maior entre crianças menores de cinco anos, principalmente até um ano, e para este público as campanhas de vacinação são intensificadas e fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação. Entretanto, os adolescentes e adultos jovens também possuem risco aumentado de contrair a doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis, que pode ser fatal em qualquer idade.
Entre 2015 e 2019 mais de 50% dos casos de DM ocorreram em indivíduos maiores de 15 anos. Especialistas afirmam que o público adolescente faz parte do grupo de portadores assintomáticos do meningococo, que podem estar infectados sem manifestar sintomas, visto que o adoecimento depende da baixa imunidade do sistema imunológico da pessoa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), 1.500 a mais de 3 mil brasileiros são acometidos pela doença todos os anos, e que pessoas não vacinadas de qualquer idade são vulneráveis. “Trata-se de uma bactéria agressiva, que pode colonizar na nasofaringe, parte de trás do nariz, principalmente em adolescentes”, explica a médica ocupacional Sheila Homsani.
Diretora médica da Sanofi Pasteur, ela diz que mesmo que não adoeça, quando o adolescente fala perto de alguém, beija, troca copos, pode transmitir a bactéria pela saliva ou respiração. “A vacinação contra meningite na adolescência protege tanto os integrantes dessa faixa etária quanto os mais novos e os mais velhos”, esclarece.
Até 23% dos adolescentes e jovens podem ser portadores
A pesquisa mostra que 52% dos entrevistados não sabem que existem esses diversos tipos de meningite meningocócica (sorogrupos) e 63% não sabem que diferentes vacinas contra a doença oferecem proteção contra sorogrupos distintos da meningite. A pesquisa revelou ainda que 64% dos adultos brasileiros não estão com a vacinação totalmente em dia e, nos últimos cinco anos, apenas 7% se vacinaram contra a Meningite C e B, e 6% contra a ACWY. Além disso, mais da metade dos responsáveis brasileiros (51%) não têm certeza sobre a atualização da carteira de vacinação dos filhos com relação à meningite.
É importante frisar que a prevenção não pode ser priorizada apenas às crianças. “Até 23% dos adolescentes e adultos jovens podem ser portadores da bactéria causadora da meningite meningocócica e podem transmití-la para outras pessoas através da saliva e partículas respiratórias, sem necessariamente desenvolver a doença. Por isso é importante a vacinação de todas as faixas etárias”, alerta Jessé Alves, infectologista e gerente médico de vacinas da GSK.
Muitos pais e responsáveis não têm ideia de que seus filhos podem não ter sido imunizados contra os sorogrupos mais comuns da doença e, com isso, estarem vulneráveis. Por isso é muito importante que a população seja informada, conscientizada e que atualizem a carteira de vacinação de todos, não só das crianças, mas também dos adolescentes e adultos”, afirma.
Vacinação em maio para adolescentes de 11 e 12 anos
Recentemente, doenças antes consideradas extintas, como o sarampo, voltaram a preocupar com o surgimento de novos casos, devido à falta de vacinação e do crescimento do movimento anti-vacina, que segundo os médicos, além de ser prejudicial para a própria criança, pode ameaçar a saúde de toda a população.
O principal agente causador da meningite meningocócica são bactérias, que podem ser prevenidas com as principais vacinas disponibilizadas pelo Sistema Básico de Saúde (SUS), que podem ajudar a evitar surtos e a proteger os mais vulneráveis. Apesar disso, 20% dos menores não são imunizados e só 40% dos adolescentes tomam a vacina contra a meningite.
Nos postos de saúde, a vacina contra a doença causada pelo meningococo C é disponibilizada para crianças menores de 5 anos de idade e adolescentes de 11 a 14 anos. Além desta, a vacina ACWY será também disponibilizada em maio deste ano pelo Programa Nacional de Imunizações para adolescentes de 11 e 12 anos.
Atualmente, existem vacinas para a prevenção dos cinco sorogrupos mais comuns no Brasil, as vacinas contra a meningite meningocócica causada pelo tipo B e as vacinas contra os tipos A, C, W e Y. A vacina contra os tipos A, C, W e Y, por exemplo, é recomendada nos calendários das sociedades médicas a partir dos 3 meses de idade, bem como para jovens. A vacina para a prevenção da meningite meningocócica causada pelo tipo B é recomendada a partir dos 3 meses de idade pelas sociedades médicas.
Saiba mais sobre a doença
Sintomas podem ser confundidos com gripe
Os sinais e sintomas iniciais— incluindo febre, irritabilidade, dor de cabeça, perda de apetite, náusea e vômito — podem ser confundidos com outras doenças infecciosas, como a gripe. Na sequência, o paciente pode apresentar pequenas manchas violáceas (arroxeadas) na pele, rigidez na nuca e sensibilidade à luz. Se não for rapidamente tratado, o quadro pode evoluir para confusão mental, convulsão, sepse e choque, falência múltipla de órgãos e risco de óbito.
Por isso, é muito importante conhecer a doença, seus sintomas, sua gravidade, seus diferentes tipos e todas as formas de prevenção. Devido ao alto grau de letalidade da doença, ao perceber os primeiros sintomas que podem dar indícios de meningite, como início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço, a orientação é procurar imediatamente um atendimento médico. A demora nos procedimentos médicos adequados pode culminar em mortes ou em sequelas irreversíveis.
Em alguns casos outros sintomas podem aparecer associados aos principais, como mal estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz) e status mental alterado (confusão). Em questão de horas, como o que aconteceu com Daniel Yoshizawa, a doença pode evoluir rapidamente e sintomas mais graves podem aparecer, como: convulsões, delírio, tremores e coma.
No caso de crianças menores de 2 anos os sintomas apresentados anteriormente podem ser mais difíceis de serem notados, mas cabe aos pais e responsáveis avaliarem o grau de irritabilidade dos bebês, assim como a ocorrência de vômitos, falta de apetite, estado de letargia (sonolência) ou não respondendo a estímulos sensoriais ou motores.
Tipos de meningite
Causada por vírus, bactérias, fungos ou outros agentes infecciosos, a meningite bacteriana (infecção das membranas que recobrem o cérebro) é considerada como uma das mais temidas doenças imunopreveníveis. A meningite meningocócica, causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo), é uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Torna-se mais grave quando atinge a corrente sanguínea, provocando meningococcemia, que é a infecção generalizad. Ela possui 13 sorogrupos identificados, sendo que cinco deles são os mais comuns (A, B, C, W e Y).
As recomendações das SBIm e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) são que a vacinação é a principal forma de prevenção da doença meningocócica, e que mesmo as vacinas sendo seguras e eficazes (em média, mais de 95% dos vacinados ficam protegidos)4, hoje sabe se que a proteção gerada pelas vacinas conjugadas (meningocócica C e ACWY) não são para toda a vida. O mesmo acontece com quem teve a doença, ou seja, a quantidade de anticorpos cai ao longo do tempo e o indivíduo deixa de estar protegido, daí a importância das doses de reforço.4
Transmissão
Assim como outras doenças infecciosas como o novo coronavírus e a gripe, o meningococo, bactéria que causa a meningite meningocócica, pode ser transmitido de uma pessoa para outra por meio do contato direto com gotículas respiratórias através de tosse, espirro, beijo e contato com objetos contaminados, por exemplo.
Por ser uma doença causada por vários agentes, as formas de transmissão são amplas. As bactérias que causam meningite bacteriana se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.
As meningites virais podem ser transmitidas de diversas maneiras, dependendo do vírus causador da doença. A contaminação pode ser via fecal-oral, por meio contato (tocar ou apertar as mãos) com uma pessoa infectada ou toque em objetos, superfícies, água ou alimentos contaminados e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos.
A meningite fúngica pode se manifestar após inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e podem chegar até as meninges. Alguns fungos podem ser encontrados em solos ou ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou morcegos.
Meningite x coronavírus
Por se apresentar, muitas vezes, de forma assintomática, a meningite tem um alto poder de contágio visto que algumas pessoas podem ser portadoras das bactérias que transmitem a doença sem estarem doentes e espalham a bactéria para outras pessoas que podem vir a ficar doentes. Por outro lado, já há vacinas contra a doença, que protegem não apenas quem as toma, mas todos ao seu redor. Isso acontece pois ao se vacinar, o indivíduo deixa de ser um transmissor, o que contribui para a inibição da propagação da meningite.
Este ano, quando vivenciamos os males que uma doença pode causar, como a pandemia mundial por conta do coronavírus, vale a reflexão sobre o grau de propagação de vírus e bactérias que causam doenças sérias como a Covid-19 ou a meningite meningicócica. A GSK alerta que mesmo durante a pandemia, o risco de contrair a meningite meningocócica ainda está presente, especialmente em crianças.
Quando todo o mundo enfrenta este momento sensível e desafiador diante da pandemia do novo coronavírus, mais do que nunca é importante não se descuidar da atualização da caderneta de vacinação e atuar na prevenção contra diversas outras doenças. Na guerra contra a meningite, de que lado você quer estar?
Campanha Xôoo Meningite
Em tempos de pandemia de coronavírus, a imunização ganha ainda mais relevância, por aumentar a proteção das crianças. Com o objetivo de promover a conscientização em relação à importância da vacinação infantil contra a meningite meningocócica, a animação “As Aventuras de Lelé” lançou o episódio “XÔÔÔ! MENINGITE”, em parceria com a GSK.
O Estúdio Bicharada, desenvolveu um vídeo para incentivar os pais a vacinarem os seus filhos contra a meningite. De forma lúdica, o desenho destaca o combate à vilã Judite Meningite, por meio de uma mobilização entre os personagens da série para realizar uma campanha de vacinação, medida que é considerada um ato de coragem.
A animação infantil é uma grande aliada dos pais no processo de conscientização, pois os personagens ajudam na associação direta da criança com a realidade que ela vive, encorajando para perder o medo de situações que estão dentro da nossa rotina. Queremos estar juntos e colaborando para o desenvolvimento dos nossos filhos”, comenta Fábio Bozelli, pediatra e idealizador do projeto.
5 informações importantes sobre a meningite meningocócica
A meningite meningocócica é uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal causada pela bactéria Neisseria meningitidis, podendo deixar sequelas e até mesmo levar a óbito. Estima-se a ocorrência de pelo menos 1.2 milhões de casos da doença por ano no mundo, com cerca de 135 mil óbitos.
Confira cinco informações importantes sobre a meningite meningocócica para ajudar você e sua família a ficarem mais protegidos.
1. O que é a meningite meningocócica?
Trata-se de uma infecção bacteriana das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo causar sequelas e até mesmo levar a óbito.4 Ela é causada pela bactéria Neisseria meningitidis que possui 12 tipos identificados, sendo que cinco deles são os mais comuns (A, B, C, W e Y).
2. Como a meningite meningocócica é transmitida?
O meningococo, bactéria que causa a meningite meningocócica, pode ser transmitido de uma pessoa para outra por meio do contato direto com gotículas respiratórias através de tosse, espirro e beijo, por exemplo. Importante ressaltar que a meningite meningocócica não é uma doença só de criança. Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são portadores da bactéria e podem transmití-la mesmo sem adoecer – chamados de portadores assintomáticos.
3. Quais são os principais sinais e sintomas?
Os sinais e sintomas iniciais da meningite meningocócica — incluindo febre, irritabilidade, dor de cabeça, perda de apetite, náusea e vômito — podem ser confundidos com outras doenças infecciosas. Na sequência, o paciente pode apresentar pequenas manchas violáceas (arroxeadas) na pele, rigidez na nuca e sensibilidade à luz. Se não for rapidamente tratado, o quadro pode evoluir para confusão mental, convulsão, sepse e choque, falência múltipla de órgãos e risco de óbito.
4. Quais são as possíveis complicações da meningite meningocócica?
Mesmo quando a doença é diagnosticada precocemente e o tratamento adequado é iniciado, 8% a 15% dos pacientes vão a óbito, geralmente dentro de 24 a 48 horas após o início dos sintomas. Se não for tratada, a meningite meningocócica é fatal em 50% dos casos e pode resultar em dano cerebral, perda auditiva ou incapacidade em 10% a 20% dos sobreviventes.
5. Como se prevenir contra a doença?
A vacinação é uma das melhores formas de prevenção contra a doença. Outras formas para a prevenção incluem evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos. Atualmente, existem vacinas para a prevenção dos 5 sorogrupos mais comuns no Brasil, a vacina contra a meningite meningocócica causada pelo tipo B e a vacina contra os tipos A, C, W e Y. A vacina para a prevenção do meningococo B está indicada a partir dos 2 meses de idade até os 50 anos, somente disponível na rede privada. A vacina para a prevenção da doença meningocócica causada pelos tipos A, C, W e Y é recomendada na rede privada a partir dos 3 meses de idade. Nos postos de saúde, a vacina contra a doença causada pelo meningococo C é gratuita para crianças menores de 5 anos de idade e adolescentes de 11 a 14 anos.
Com Assessorias