O Carnaval está chegando e nessa época, cada um tem seu estilo para curtir a folia. Sejam idosos, crianças, grávidas, pessoas com doenças crônicas e até mesmo ex-obesos que passaram por cirurgia bariátrica devem se atentar a algumas dicas especiais para manter a saúde em dia em meio à folia.
Carnaval com os pequenos exige bastante cuidado com a hidratação. Além disso, roupas leves e evitar exposição excessiva ao sol são fundamentais para o bem-estar deles. O som alto demais pode prejudicar a audição das crianças para o resto da vida, e até mesmo deixá-las desorientadas no meio da festa, aumentando as chances de se perderem.
Uma dica é escolher blocos infantis ou festas em clubes, com horário e ambiente adequados. Para as famílias que buscam um Carnaval mais agitado, vale não se aproximar muito do som e nem da aglomeração de pessoas. Mas brincar Carnaval na rua também é muito saudável para as crianças.
De acordo com Wylma Hossaka, pediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo , é importante inserir as crianças no contexto do Carnaval, desde que com segurança. Levar as crianças para conhecer os blocos de rua infantis permite o contato com a tradição, identidade e cultura popular das festas e auxiliam na elevação da autoestima dos pequenos, que também conseguem se divertir nessa época do ano.
É uma celebração que se tornou uma característica única do País. Possibilitar que a criança acesse essa forma de cultura é primordial, desde que o bloco seja seguro e que os pais tomem alguns cuidados”, conta a médica.
A especialista ressalta que o primeiro passo é checar as condições de segurança do lugar. “Os pais devem escolher blocos que ocorram em ruas e vias fechadas ou de menor movimento e que tenham organização e policiamento. Também é importante que as crianças fiquem longe das caixas de som, pois os ruídos podem lesar definitivamente a audição delas”, reforça a pediatra.
Outro ponto de atenção é em relação à escolha das roupas ou fantasias. “A recomendação é optar por vestimentas leves e de algodão e tênis confortáveis e fechados, que deixem as crianças à vontade para aproveitarem o dia, mesmo com temperaturas elevadas”, conta a médica.
Ainda de acordo com ela, é importante usar glitter natural, feito especificamente para aplicar na pele, pois assim evitam-se alergias. “Além disso, é fundamental fixar muito bem na roupa alguns adereços como fitas, cordões ou botões para que não ocorra nenhum acidente como enroscar esse tipo de material no pescoço ou levá-lo à boca, correndo o risco de tampar as vias aéreas”, afirma a especialista.
Para se proteger dos raios ultravioletas o protetor solar não pode ficar de fora. “Chapéu ou boné também são bem-vindos, pois protegem a criança do sol. Além disso, a alimentação antes de ir para as festas precisa ser bem leve, visto que a criança vai brincar e pular no bloco. Uma outra opção é levar frutas, biscoitos integrais e lanches em uma bolsa térmica, além de garrafa de água, é claro”, ressalta a pediatra.
idosos PODEM – E DEVEM – APROVEITAR
Em São Paulo, os blocos voltados para pessoas com mais de 60 anos são uma das novidades. Segundo a Prefeitura de São Paulo, ao todo, a cidade terá 678 desfiles durante a celebração do Carnaval de Rua, que acontece entre os dias 15 de fevereiro (pré-carnaval) e 1° de março (pós-carnaval). De acordo com a médica geriatra Graziela Castro, membro da regional Goiás da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG-GO), o carnaval é uma ótima oportunidade para a população 60+ se envolver em atividades inter e multigeracionais.
É um período com grande potencial para o lazer e a sociabilidade, mas é importante garantir acessibilidade e segurança para que os idosos possam curtir, não só em grupos da mesma faixa etária, mas no próprio contexto social e cultural de sua região”, afirma a especialista.
Para aproveitar sem preocupações, a segurança é a palavra de ordem. Sair acompanhado é sempre bem-vindo, além de deixar a folia mais divertida. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia sugere alguns cuidados. “Eles servem para todos, mas alguns são especialmente importantes para a população idosa”, diz a médica geriatra e presidente da regional Alagoas da SBGG, Helen Guimarães.
- Alimentação e hidratação: prefira alimentos leves e coma em horários regulares. Manter a hidratação adequada reduz os riscos de queda da pressão arterial e tontura.
- Evite quedas: atenção aos obstáculos e aglomerados que possam dificultar o equilíbrio. Tente identificar o banheiro mais próximo com acesso adequado.
- Mais mobilidade: em alguns casos, uma cadeira de rodas pode dar maior mobilidade a idosos que desejam percorrer grandes distâncias e têm alguma limitação de marcha.
- Roupas e calçados: opte por roupas confortáveis e de tamanho adequado, calçados com solado de borracha e antiderrapante. Use protetor solar, não esqueça os óculos e proteja-se com chapéus ou bonés.
- Medicações: pessoas que fazem uso de medicações regulares devem tomá-las no horário e carregar as necessárias, junto de uma cópia da receita médica.
- Carteira de vacinação: o médico geriatra orienta as vacinas que podem ou não ser tomadas dependendo da idade e condição de saúde de cada um. A carteira de vacinação deve estar sempre atualizada.
- Cuidado com aglomerações: doenças respiratórias podem ocorrer nessa época e é preciso manter as mãos sempre limpas e evitar contato com pessoas doentes.
- Leve uma bolsa pequena e confortável: carregue itens essenciais, como o documento de identificação, protetor solar e água. Não esqueça de levar o telefone de um apoio e o cartão do plano de saúde.
- Evite bebidas alcoólicas: elas podem prejudicar o equilíbrio.
- Use preservativo: a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e HIV vale para todas as idades. Devido ao tabu relacionado ao sexo entre idosos, há aumento dos casos de AIDS nessa população em algumas regiões do País.
Para ex-obesos
Quem passa por cirurgia bariátrica, antes de curtir os blocos ou desfiles neste Carnaval, é preciso se preparar para manter a saúde em dia. A recomendação é universal e vale para todos os foliões. O excesso de álcool, de sol e as noites mal dormidas podem trazer consequências graves para a saúde, como insolação, inflamação do fígado, desidratação, vômitos frequentes e até desmaios.
Aqueles que passaram por um procedimento cirúrgico como esse precisam ter atenção redobrada, especialmente com a alimentação e o consumo de bebidas alcoólicas. “Com a perda de peso é comum que a vida social fique cada vez mais intensa, por conta dos impactos que o emagrecimento gera na autoestima do obeso mórbido. No entanto, é importante lembrar que, após a cirurgia bariátrica, o paciente passa por várias mudanças na dieta e há significativa redução da capacidade alimentar e, por isso, maior sensibilidade a bebidas com álcool”, afirma o médico Cid Pitombo, especialista em obesidade e coordenador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Rio de Janeiro.
Segundo ele, é preciso responsabilidade no Carnaval para evitar que a adaptação seja prejudicada. Aqueles que ainda não foram submetidos à cirurgia, mas estão se preparando para ela, não fogem à regra e devem se cuidar. Ter em mente o que deve ser seguido é a melhor opção para curtir o feriado sem danos à saúde. Veja as três maiores dicas do Dr Cid. Pitombo para não se esquecer durante a folia:
A primeira dica é manter-se hidratado. a Se no dia a dia beber água é essencial, nos dias sem de calor é ainda mais importante para o corpo o consumo de água. Além de hidratar, os líquidos diminuem a temperatura do corpo, ajudando a amenizar o calor e a repor os nutrientes que são perdidos durante a transpiração.
A regra vale para todos, mas para os pacientes que fizeram a cirurgia pular refeições não é uma opção. Café da manhã, o almoço e jantar, balanceados garantem um aporte nutricional de alta qualidade e mantém a energia lá em cima para curtir os dias de Carnaval. Os lanches intermediários também são importantes para garantir consumo de vitaminas durante a folia.
O consumo de álcool deve ser moderado sempre. No primeiro ano de operado, o paciente está “sofrendo” uma desnutrição controlada, ou seja, está queimando a massa de gordura e isso, de certa forma, sobrecarrega certos órgãos com rim e fígado. Portanto, beber em excesso pode potencializar a “agressão” ao fígado, que além disso, em muitos casos ainda está infiltrado de gordura (esteatose hepática), então não se deve “unir”: álcool + esteatose + depuração de toxinas da gordura= sobrecarga no fígado.