O mês de novembro fica tradicionalmente azul para chamar a atenção da população masculina para o cuidado com a saúde. A  campanha internacional de combate e conscientização ao câncer de próstata. Ela apresenta a importância dos exames regulares para a identificação do diagnóstico precoce, que favorece o tratamento. O alerta é importante, tendo em vista que o diagnóstico precoce melhora o prognóstico do tratamento na maioria dos casos.

Existe muito preconceito entre os próprios homens sobre a percepção em relação ao câncer de próstata e o exame de toque. O instituto de pesquisas Datafolha realizou um levantamento em agosto de 2017 que mostra que 21% da população masculina do nosso país considera que o exame “não é coisa de homem”. Outros 38%, acima dos 60 anos, que se enquadram na faixa que tem o maior risco de manifestar a doença, julgam que o exame “não é necessário”.

Essa mesma pesquisa revela que 48% dos homens não fazem o exame por causa do machismo. Do total de entrevistados, 32% desconhecem os sintomas do câncer de próstata. Isso mostra que o preconceito e a desinformação ainda são barreiras que precisam ser vencidas. De acordo com pesquisa realizada em 2015 pelo Ministério da Saúde, 31% dos participantes responderam não ter o hábito de ir ao médico.

Um levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem da Secretaria de Saúde de São Paulo aponta que quando procuram um consultório, 70% dos homens estão acompanhados de mulheres e filhos. Como o assunto ainda é tabu entre os homens, a participação das mulheres no Novembro Azul é fundamental. Para o urologista Lessandro Curcio Gonçalves, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no Rio de Janeiro, a mulher tem papel fundamental na campanha de conscientização.

Como mulher, ela pode apresentar aos seus amigos e familiares os argumentos necessários em torno da conscientização. O seu apoio, principalmente no que diz respeito ao preconceito, é fundamental para encorajá-los. Da mesma maneira, pode mostrar o quanto é importante fazer o cuidado preventivo em relação à própria saúde — apresentando-se como exemplo, pois outubro é o mês de combate e conscientização ao câncer de mama”, explica o especialista.

As mulheres e os exames preventivos

Da mesma forma que os homens enfrentam o exame de toque, a mulher também conhece os exames que identificam a doença precocemente. Assim, torna-se importante trazer à tona os motivos dessa diferença no cuidado com a saúde, bem como a influência que as mulheres ainda têm nessa busca do homem por atendimento médico.

A consulta com o ginecologista inicia assim que desce a primeira menstruação e ocorre anualmente, motivada pela prevenção do câncer de colo uterino”, relata a ginecologista do Hospital da Mulher Anchieta, Renata Gobato.

A médica diz ainda que durante a consulta, além dos cuidados com a saúde ginecológica, outros pontos são tratados como a saúde metabólica, o incentivo à prática física e à alimentação saudável. “A paciente acaba transferindo esses cuidados para a rotina da casa, tanto para os filhos quanto para o companheiro”, pontua.

Sobre a diferença na procura por atendimento médico, a ginecologista disse acreditar que, por exemplo, na época da puberdade, diferente das mulheres, que têm o marco com o início da menstruação, com os homens, o paciente deixa de ir ao pediatra e muitas vezes ainda não iniciou a vida sexual, ficando sem saber qual médico procurar.

Muitas vezes o homem só vai procurar o urologista se tiver algum sintoma com o aparelho genital ou caso haja uma dificuldade de engravidar a parceira, e caso nenhuma dessas coisas ocorra, apenas aos 50 anos para iniciar a prevenção do câncer de próstata”, explica a médica.

Outro ponto é a questão cultural. “Ainda é importante que seja falado para esse público que a consulta médica deve existir para prevenção de sintomas e não apenas com objetivo terapêutico. No nosso país ainda temos a cultura de procurar a consulta médica apenas quando sentimos algo”, alerta a especialista.

Envolvimento no pré-natal

A ideia de que o pré-natal é uma fase apenas da mulher está ultrapassada. Prova disso são os resultados da Pesquisa Saúde do Homem, Paternidade e Cuidado, realizada pelo Ministério da Saúde, em 2018, que aponta que quase 73% dos pais ou cuidadores entrevistados participaram das consultas de pré-natal. Ainda segundo a pesquisa, 80% deles afirmaram que esse envolvimento os motivaram a cuidar melhor da própria saúde.

Esse cenário também é endossado por Renata Gobato. “Tenho observado nas consultas de pré-natal maior regularidade da presença paterna, o que é excelente e fundamental para esse momento”. A médica explica que a gravidez modifica em diversos aspectos a saúde física e mental da paciente, e é essencial que o companheiro esteja presente para auxiliar no que for necessário.

Outro fator importante está relacionado ao nascimento do “sentimento paterno”. “Geralmente o homem se sente verdadeiramente pai, no momento do nascimento do filho, diferente da mulher que se sente mãe já durante a gravidez. Mas no acompanhamento de pré-natal, onde é possível ouvir os batimentos do feto, acompanhar os exames de imagem e crescimento do bebê, ocorre uma maior conexão desse futuro pai com a paternidade”, destaca a ginecologista.

Estatísticas

câncer de próstata, tipo mais comum entre os homens, é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

próstata é uma glândula exclusivamente masculina. Localizada na parte baixa do abdômen, bem próxima da bexiga, ela é mais ou menos do tamanho de uma castanha e seu formato é parecido ao de uma maçã.

Ela envolve a parte inicial da uretra, o canal pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada, e é ela quem produz o líquido prostático, que serve de veículo para os espermatozoides, liberados durante a ejaculação. É dentro da próstata que ocorre a transformação do principal hormônio masculino, a testosterona.

Com o passar dos anos, é comum a glândula prostática ser acometida por dois tipos de problemas: a hiperplasia e/ou o câncer de próstata. O câncer de próstata é o tipo de câncer mais frequente nos homens. Em alguns casos, os tumores crescem rapidamente, espalhando-se para outros órgãos.

Com Assessorias
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