A produção e o consumo de plástico vêm crescendo de forma alarmante e, segundo a Ocean Conservancy, nos próximos 10 anos devem duplicar. Um estudo de 2016 do Fórum Econômico Mundial e Ellen McArthur Foundation mostrou que só 14% de todo o plástico produzido no mundo são coletados e reciclados, projetando que, até 2050, haverá mais plásticos do que peixes nos oceanos. Se continuarmos consumindo e descartando incorretamente plástico como fazemos hoje, esta projeção pode se tornar realidade.

A presença de lixo nas areias das praias também é uma preocupação real. Estudos apontam que mais de 95% dos resíduos sólidos encontrados são provenientes de condutas de descarte indevidas e têm plástico em sua composição, como copos descartáveis, canudos, garrafas, embalagens de sorvete e redes de pesca.

Musical sobre limpeza de praias
Musical que trata de limpeza das praias será apresentado antes da saída da marcha no Leme (Foto: Divulgação)

Para tentar dar visibilidade ao problema, no Rio de Janeiro e em diversos outros locais ao redor do mundo acontece neste domingo (10), a Marcha pelos Oceanos, um movimento global realizado pela primeira vez no Brasil. Será um dia depois do Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho), no ano em que a ONU chama a atenção para o problema dos plásticos nos oceanos.

No sábado (9), a ONG Bota pra Girar mobiliza parceiros e a população para uma nobre atitude: limpar a Praia de Ipanema, a partir das 8h. O evento “Vamos Limpar Juntos”, além de recolher o lixo da areia da praia, tem como objetivo conscientizar a população de que “lugar de lixo é no lixo”. Entre as atrações, está a escultura da baleia cachalote coordenada pelo artista plástico e grafiteiro Acme nas areias da praia.

No domingo (10), também haverá limpeza da Praia Vermelha, na Urca, das 9 às 12h, com ajuda de mergulhadores, numa iniciativa do projeto Verde Mar, com apoio do Projeto Meros do Brasil.  Nesta sexta-feira (8), o projeto Meros do Brasil, que defende a preservação do habitat e na conservação do mero, Epinephelus itajara, peixe marinho criticamente ameaçado de extinção no país, apresenta seu vídeo institucional na Mostra de Filmes Ambientais do Morro da Urca.

Marcha dos Oceanos neste domingo no Leme

O Rio de Janeiro passa a fazer parte da programação mundial March for the Ocean (marchfortheocean.org), que estará sendo realizada simultaneamente em diversas cidades do mundo, como Washington, Chicago, Nova York, Las Vegas, São Francisco, Londres, Dublin e muitas outras. Por aqui, a programação começa às 10h, na Praia do Leme, onde haverá apresentação de peça infantil “Um passeio Mar Adentro” (foto), um musical para crianças e adultos que busca sensibilizar a sociedade na proteção ao meio ambiente marinho, combatendo a poluição das praias e mares.

Logo em seguida, tem oficina de criação de cartazes, onde cada defensor dos oceanos poderá criar seu próprio cartaz, com mensagens que representem sua percepção sobre a importância dos oceanos. Uma minibateria vai esquentar o clima até a realização da caminhada pacífica e simbólica, que sairá pela orla do Leme até Copacabana (altura do Posto 4). A organização pede que todos vistam camisetas azuis.

Mutirão para limpar a Praia de Ipanema no sábado

ONGs, escolas e comércio de Ipanema vão juntos limpar a praia, fazer arte e conversar sobre meio ambiente e sustentabilidade neste sábado. Após o mutirão, que acontece em frente à Rua Teixeira de Melo, o projeto promoverá palestras gratuitas sobre o tema na Casa de Cultura Laura Alvim. Quanto maior a adesão, maior o resultado. Para isso, colaboradores dos hospitais da Rede D’Or São Luiz e das clínicas Oncologia D’Or participarão da ação, de forma voluntária, se unindo a outros cariocas nessa causa. A ação chama atenção para que a atitude se torne um hábito de todos.

A Comlurb dará apoio aos voluntários na coleta de lixo e será responsável pela gravimetria dos resíduos, um estudo do lixo que tem o intuito de analisar a composição e estimar o potencial de recuperação dos materiais.  Parte dos objetos recolhidos serão utilizados pelo artista ACME – Carlos Esquivel, que é pioneiro no grafismo carioca e conhecido internacionalmente pelo trabalho com arte urbana. O evento tem outros apoiadores, como Meu Copo Eco, Universo ACME, Prorecicle, HTZ águas, KRC distribuidora de alimentos, Green People, Instituto E, Favela Mais Limpa, Movimento Lixo Zero, Plurale em revista e Plurale em site, Editora Posto Seis, Solar Meninos de Luz. Confira no Portal Plurale mais detalhe sobre a programação.

Documentário Baía Urbana no Morro da Urca

Os visitantes da Semana do Meio Ambiente do Morro da Urca podem participar de oficinas para alunos de escolas participantes do Projeto Educa Bondinho, com pintura em desenho; dobradura/origami e jogo da memória com motivos marinhos nesta sexta-feira (8). Haverá exposição fotográfica ‘Praia Vermelha visita o Pão de Açúcar” e mesa redonda ‘Biodiversidade e conservação da Baía de Guanabara’ após a exibição do documentário “Baía Urbana”. O evento tem como parceiros Bondinho Pão de AçucarMonumento Natural dos Morros do Pão de Açucar e Urca, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.

Em adesão à campanha da ONU #AcabeComAPoluiçãoPlástica, o projeto Meros do Brasil promoveu diversas atividades ao longo da semana, com patrocínio da Petrobras e apoio de outras instituições parceiras nos noves estados onde atua: Pará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Foram brincadeiras, apresentações audiovisuais, exposições, palestras, rodas de conversa, entre outras tantas tarefas para comemorar a Semana Mundial do Ambiente.

A limpeza dos rios, das praias e dos mares também não ficou de fora. Pensando na diminuição do consumo excessivo de plásticos por todas as regiões, o PMB criou Ecocopos – um copo ecológico de papel – que está sendo distribuído como brinde e utilizados nas ações de todos os pontos focais, para que as pessoas levem a mensagem de conservação para casa e a incorpore no seu dia a dia.

2 milhões de toneladas de lixo podem chegar aos mares do Brasil

Segundo pesquisa recente da Associação Internacional de Reciclagem (ISWA), publicada em março de 2018, mais de 25 milhões de toneladas de resíduos plásticos são lançadas anualmente nos oceanos. O trabalho levou em conta estimativas sobre quanto resíduo não é coletado no mundo – algo entre 500 milhões e 900 milhões de toneladas e cruzou esse dado com o mapeamento de pontos de descarte irregular em cidades perto do mar ou de corpos hídricos – daí a estimativa mínima de pelo menos 25 milhões chegando ao mar.

A metodologia foi adaptada para o Brasil pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) – braço da Iswa – no Brasil, que concluiu que aqui pelo menos 2 milhões de toneladas de lixo podem chegar aos mares. “Se fosse todo espalhado, esse monte de resíduos ocuparia a área de 7 mil campos de futebol”, segundo Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe. Vale ressaltar que. áreas alagadas, como Pantanal, Amazônia, muito longes do mar, ficaram de fora do cálculo. Se fossem incluídas, poderíamos chegar a um valor de 5 milhões de toneladas de resíduos.”Para o Brasil, Silva diz que não foi possível estimar exatamente quanto desses resíduos é plástico, mas lembra que 15% do resíduo sólido gerado no Brasil tem essa origem.

Atualmente, 95% do plástico são desperdiçados após a primeira utilização por descarte inadequado e 8 bilhões de toneladas de plástico são despejadas por ano nos mares. O resultado é que todo este plástico vai parar no estômago de aves marinhas e tartarugas. Estudo recente da Ocean Conservancy apontou que 100% das tartarugas coletadas e amostradas tinham em seu estômago algum tipo de plástico e 90% das aves marinhas têm plástico em seus estômagos. Isso não significa que eram quantidades altas o suficiente para matá-las, mas mostra o quanto o problema é real e urgente.

Além dos impactos causados pelo plástico nos ambientes marinhos, há impactos para humanos: a diminuição da produção de peixes afetará atividades de comunidades que dependem da pesca para a sobrevivência.

Basicamente o que está acontecendo é que um caminhão de lixo vem sendo despejado por minuto nos nossos oceanos!  Isso vem acontecendo por causa do baixo custo do plástico e tem uma série de benefícios econômicos, mas precisamos também pensar nos nossos oceanos. E não podemos esperar 10 anos para reverter este cenário”, alerta Gabriela Yamaguchi, diretora de Comunicação e Engajamento do WWF-Brasil.

Projetos para coibir canudinhos e sacolas plásticas

Segundo Gabriela, cidadãos conscientes e engajados diminuem seu consumo de plástico, com atitudes simples, não usando canudinhos e substituindo sacolas plásticas, por exemplo. Mas governos engajados também são essenciais para a mudança deste quadro. A Marcha pelos Oceanos apoia o Projeto de Lei do Senado n° 92 e a Sugestão nº 10, oriunda do Programa e-Cidadania, ambas de 2018.

O projeto de lei prevê a retirada gradual de plástico em bandejas, pratos, talheres e copos descartáveis, sugerindo que, no prazo de 10 anos, o plástico seja substituído por materiais biodegradáveis nos itens destinados a alimentos prontos para consumo. Já a sugestão oriunda do Programa e-Cidadania propõe a proibição de distribuição de canudos, sacolas plásticas e uso de microplástico em cosméticos no Brasil.

Da Redação, com assessorias da WWF Brasil, Rede D´Or São Luiz, Volvo Ocean Race e Ambev e Portal Plurale

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