Por quanto tempo um ser humano consegue conviver com a dor crônica? A dor indica que algo não anda bem em nosso organismo… e pode ser tanto física quando emocional. Mas como mensurá-la? Como tratar? Tem gente que não sente dor?
Questões como estas são respondidas pelo neurocirurgião especialista em dor pela Unifesp, Claudio Corrêa, no Dia Mundial da Dor, celebrado neste 17 de outubro, quando diversas sociedades e serviços de saúde públicos disseminam informações de conscientização e de boas práticas para a melhor condução da dor.
Segundo ele, a dor é uma experiência desagradável, que pode acometer qualquer indivíduo ao longo da vida. “Quando contínua, pode comprometer funções de trabalho e vida pessoal, com consequências às vezes irreversíveis, como a perda de emprego e de relacionamentos”, destaca.
O especialista reuniu 10 tópicos que podem ser úteis a médicos e pacientes em busca de uma melhor qualidade de vida no diagnóstico e prevenção de dores em geral. Confira:
1 – A dor, por si só, é um sinal vital que nos avisa de que algo no organismo não está bem, nos dando condição de procurar por ajuda profissional. Esta condição é importante para o rápido atendimento de um infarto do coração, derrame, cólica renal, apendicite, pancreatite, entre outros.
2 – Há dois tipos de dor: crônica e aguda. A dor aguda pode ter duração de até três meses, sendo sintoma de alguma doença que pode ser tratada. A dor crônica é aquela que tem duração de mais de três meses, podendo ela mesma ser considerada uma enfermidade. Um exemplo é a dor neuropática, causada por lesão no tecido nervoso, como vemos em rupturas de raízes, medula, encéfalo e na doença do diabetes mellitus, por exemplo.
3 – A dor pode ser física e ter componente emocional que a agrava. Exemplo: uma doença que dura por muito tempo poderá afetar o equilíbrio emocional de uma pessoa no longo prazo e desencadear ansiedade, irritabilidade e depressão.
5 – O tratamento da dor é mais efetivo quando é multidisciplinar, ou seja, envolvendo profissionais de diversas especialidades, como médicos, fisioterapeutas e psicólogos, que integram diferentes terapias complementares para o melhor atendimento das necessidades do paciente.
6 – Existe uma doença chamada analgesia congênita em que a pessoa é incapaz de sentir dor. Embora possa parecer algo bom, não é, uma vez que não há o sinal de alerta sobre machucaduras importantes, bem como doenças agudas sinalizadas pelo alerta do sinal doloroso.
7 – A dor pode sofrer interferências de mudança de temperaturas, especialmente de climas quentes para muito frios. Crises também podem ser desencadeadas com traumas emocionais.
8 – A automedicação, além de mascarar e dificultar o diagnóstico de doenças, ainda pode gerar o efeito rebote da dor, em que a pessoa precisa de doses cada vez mais intensas para sair da crise.
9 – Atividades físicas bem orientadas e a manutenção das atividades intelectuais ajudam o indivíduo a enfrentar melhor os quadros dolorosos e manter uma vida com mais qualidade.
10 – O tratamento da dor inerente a qualquer doença é um direito do paciente. Se informe e busque ajuda. Sentir dor pode ser comum, mas não é normal.