As relações sexuais desprotegidas são uma realidade comum durante o Carnaval. Neste período festivo as pessoas estão mais abertas a relacionamentos fortuitos e por isso é preciso de cuidados redobrados. O comportamento de risco pode estar relacionado ao descuido do sujeito com a própria a saúde, ao consumo de álcool ou à “paixão de folia”. Porém, o sexo sem camisinha é a porta de entrada para diferentes infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Carnaval é um período de diversão, mas onde devemos manter as precauções. A preocupação médica sobre esse período em relação às infecções sexualmente transmissíveis é grande. A gente sabe que nessa época as pessoas acabam tendo mais relações sexuais e tem que lembrar que tem que ser protegida, porque de forma desprotegida está exposto a todas as ISTs’’, alerta a infectologista Juliana Barreto.

Para que os dias após a folia não sejam repletos de preocupação, é preciso aproveitar a festa cuidando da saúde sexual. Em 2023, foram registrados 46.495 novos casos de infecção pelo HIV, um aumento de 4,5% em relação ao ano anterior, com alta incidência entre jovens de 15 a 24 anos.

Para diminuir os riscos, o ideal é procurar por atendimento médico para realização de exames e, caso necessário, iniciar o tratamento do problema. Nesses casos sem proteção, é possível transmitir sífilis, hepatites B e C, HPV, HIV, entre outros problemas de saúde.

Infecções podem levar semanas para ser detectadas

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) podem ser causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Entre as mais comuns estão herpes genital, sífilis, HPV, HIV/aids, cancro mole, hepatites B e C, gonorreia, clamídia, doença inflamatória pélvica, linfogranuloma venéreo e tricomoníase.

Algumas ISTs, em seu estágio inicial, são silenciosas, não apresentando sinais ou os sintomas iniciais podem desaparecer espontaneamente, dando a falsa impressão de que a doença foi curada, o que pode atrasar o tratamento e agravar as complicações e as consequências, que podem ser infertilidade, câncer e até mesmo a morte.

Entre os sintomas mais comuns das ISTs estão feridas, corrimento, verrugas, dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas. As infecções nem sempre são sintomáticas e podem demorar semanas para serem detectadas em exames laboratoriais.

No caso da sífilis, a testagem positiva ocorre depois do surgimento da úlcera causada pela doença. Porém, o sinal aparece após três semanas depois da relação sexual, mas também pode não emergir ou ser imperceptível. Por isso, a realização da testagem o quanto antes é essencial. A especialista ressalta que algumas doenças podem ser facilmente contraídas. ‘

A sífilis, por exemplo, é super fácil de pegar e está super em alta, porque todo mundo não está usando preservativo, encostou, pegou. A sífilis tem vários nomes, inclusive um que é a mãe de todas, porque ela pode se manifestar clinicamente como qualquer outra doença’’, exemplifica. ‘‘Lesões por HPV podem ser contraídas pelo beijo. O HPV também é uma IST, mas não é exclusivamente de transmissão sexual’’, completa.

HIV é  única IST que possui tratamento: conheça a Profilaxia Pós-Exposição (PEP)

Atualmente, o HIV é a única IST que possui tratamento de Profilaxia Pós-Exposição (PEP) regulamentada. A PEP evita o contágio de vírus e pode ser realizada gratuitamente nos postos de saúde pública.  Para ser efetiva, deve ser iniciada em até 72h após a relação desprotegida. No caso das demais infecções, o protocolo é realizado por meio de acompanhamento médico e exames em intervalos pré-definidos para identificação e tratamento das doenças.

Atenção, homens cisgênero e mulheres trans (sem uso de hormônios) que tomam medicação para evitar a infecção por HIV sob demanda, ou a PrEP sob demanda. O tratamento de Profilaxia Pré-Exposição ao vírus do HIV sob demanda é efetiva quando a ingestão do medicamento ocorre entre 24h e 2h antes da relação sexual.

Ingerir a medicação pouco antes do ato não garante o efeito. Lembre-se de que a melhor estratégia contra as ISTs é o uso combinado de diferentes métodos preventivos, ou seja, o uso de camisinha associado à PrEP.

O infectologista Josias Aragão, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), reforça que a agilidade em casos de possível contaminação por ISTs é essencial. “Em caso de exposição, procure o serviço de saúde o mais rápido para iniciar a Profilaxia Pós-Exposição, a PEP, e o acompanhamento para investigar possíveis infecções”, explica o especialista.

Conheça os principais métodos disponíveis para prevenção ao HIV

A forma principal de evitar o contágio, seja em época de folia ou em outras, já é conhecida de todos. O preservativo é um método conhecido, acessível e eficaz para prevenir a infecção pelo HIV e outras ISTs.  Mas, hoje em dia, ele não é mais o único método distribuído gratuitamente para a prevenção ao HIV.

Felizmente, existem diversas formas de prevenção ao vírus, incluindo opções disponíveis gratuitamente no SUS. Logo, é possível aproveitar o Carnaval com segurança e consciência. Uma das principais maneiras de se evitar a transmissão é com a Prevenção Combinada, que consiste no uso simultâneo de diferentes métodos de prevenção.

Entre os métodos de prevenção que podem ser combinados estão:

  • testagem regular para o HIV, disponível gratuitamente no SUS;
  • prevenção da transmissão vertical, que evita a passagem do vírus da mãe para o bebê durante a gestação;
  • profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste no uso de medicamentos antes da exposição para reduzir o risco de infecção; e
  • profilaxia pós-exposição (PEP), uma medida de emergência que utiliza medicamentos após uma situação de risco para minimizar as chances de infecção;
  • tratamento para todas as pessoas que já vivem com HIV; entre outros. 

O uso do preservativo previne tudo, lembrando que a hepatite B, uma infecção também transmitida sexualmente, tem vacina, quem não é vacinado, já procura um médico para poder vacinar. O HIV você previne com o uso do preservativo e com o uso da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que deve ser feita com orientação médica’’, orienta Juliana Barreto.

O uso do preservativo, por exemplo, pode ser combinado com a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) oral, um medicamento que reduz significativamente o risco de infecção pelo HIV e está disponível no SUS. Também temos aprovada no Brasil a PrEP injetável bimestral, que traz a comodidade de aplicação a cada 2 meses. Porém, ainda não está disponível no SUS.

Já para quem passou por uma situação de risco, como rompimento do preservativo, sexo sem camisinha ou violência sexual, há a opção da PEP (Profilaxia Pós-Exposição), a qual deve ser iniciada preferencialmente nas duas primeiras horas e no máximo em até 72h do ocorrido e utilizada por 28 dias.

Testagem para HIv é gratuita pelo SUS

A testagem para HIV e outras ISTs deve ser realizada regularmente. Há testes rápidos disponíveis gratuitamente no SUS.

Os métodos de prevenção ao HIV são para qualquer pessoa com vida sexual ativa e que ache que pode estar em risco de contrair o HIV, independente de gênero, orientação sexual, estilo de vida, idade ou outros fatores”, afirma o infectologista Rodrigo Zilli, diretor médico da GSK/ViiV Healthcare.

Segundo ele, as diferentes opções disponíveis atualmente nos permitem ter mais liberdade de escolha, mas o ideal é ter orientação para que as medidas sejam individualizadas, garantindo bem-estar e boa adesão.

Quando as estratégias são usadas de forma combinada, as chances de infecção pelo HIV diminuem consideravelmente. Essas ações podem ser combinadas de acordo com as características individuais e o momento de vida de cada pessoa. O folião bem informado pode curtir o Carnaval com segurança!”, esclarece o especialista.

Com Assessorias

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