Depois de uma temporada de tempo quente e seco, chega a estação chuvosa e, com ela, os alertas para as doenças sazonais como intoxicação alimentar, infecções respiratórias por fungos e problemas relacionados à pele, além das já conhecidas dengue e leptospirose.
Principais doenças que atacam no verão
– Doenças Respiratórias [Influenza (gripe), Covid e RSV (Vírus Sincicial Respiratório)]: a forma mais comum de transmissão é por meio de gotículas do indivíduo contaminado ao falar, espirrar e tossir;
– Doenças transmitidas pela água ou alimentos contaminados (Hepatite A): a pessoa infectada elimina o vírus pelas fezes e urina, podendo contaminar um alimento – trata-se de transmissão oral-fecal;
– Gastroenterite: se apresenta clinicamente com vômitos e diarreia, conhecida popularmente como intoxicação alimentar (diarreia infecciosa com inúmeros agentes etiológicos);
– Arboviroses (Dengue, Zika, Chikungunya, Malária, Febre Amarela): doenças transmitidas pela picada de inseto;
– ISTs (Infecção Sexualmente Transmissíveis, como HIV, HPV, Sífilis, Gonorreia): o maior consumo de bebida alcoólica aumenta o risco de exposição a essas infecções, que podem evoluir para doenças (por exemplo, o HIV pode causar a Aids, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), e por diminuir a atenção dada às estratégias de prevenção, daí a importância de utilizar preservativo em todas as relações sexuais;
– Doenças de Pele (Micoses e Dermatites): quanto maior o calor e a umidade, maior a proliferação de fungos e risco de contágio. A transmissão pode ocorrer por meio de contato com a areia e água contaminadas nas praias.
Infectologistas trazem dicas práticas para que a população se previna e evite contratempos à saúde.
Aglomerações fazem aumentar o risco
Seja no centro urbano, em praias ou lugares fechados, é certo que o local das festividades terá bastante aglomeração, e isso pode ser o ambiente perfeito para a transmissão de muitas enfermidades.
Quanto maior o número de pessoas no mesmo local, as chances de disseminação de vírus e bactérias são mais elevadas, resultando nas doenças respiratórias como Covid, Influenza, RSV e até meningite meningocócica em época de epidemia, entre outras”, afirma Alexandre Piva Sobrinho, médico infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid).
Já a biomédica Ertênia Paiva Oliveira, professora do curso de Biomedicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) , diz que para se proteger em meio a aglomerações locais urbanos é preciso higienizar bem as mãos com água e sabão ou álcool 70%. Isso reduz significativamente a transmissão de patógenos entéricos e respiratórios.
Além do cuidado com as mãos, é importante estar em dia com a caderneta de vacinação contra Influenza e Covid-19. Em locais fechados ou situações de alta densidade populacional, o uso de máscaras é recomendado para prevenir a transmissão de doenças respiratórias, especialmente durante períodos de alta circulação viral”, comenta a biomédica.
Ainda de acordo com a professora do Unipê, não compartilhar objetos pessoais é extremamente importante, já que podem atuar como fômites (peças capazes de transportar micro-organismos), principalmente em relação a doenças como mononucleose e herpes simples.
Evite o consumo de alimentos de origem ou manipulação duvidosa, e garanta que a água seja de fonte segura ou tratada. Isso minimiza o risco de doenças transmitidas por via fecal-oral”, afirma Oliveira.
Durante o verão, as picadas do mosquito Aedes aegypti podem transmitir doenças como dengue e chikungunya. Alexandre Piva Sobrinho, médico infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), afirma que as férias no litoral podem transmitir diversas enfermidades diferentes, devido a fatores ambientais, comportamentais e biológicos.
Infecções causadas por vetores possuem maior presença em regiões litorâneas, como Aedes Aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika e chikungunya, devido ao acúmulo de água. Daí a importância do uso de repelente, ter telas nas janelas, evitar regiões com água parada e vacinar-se”, afirma
O combate ao mosquito foi um grande desafio para toda a população, governo e comunidade médica em 2024. Foram registrados 6,5 milhões de possíveis casos de dengue no Brasil, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde.
O combate ao mosquito é um cuidado constante e necessário. Além da prevenção para não permitir a reprodução das larvas, o uso de repelente e mosquiteiros é muito importante. Atenção se sentir os sintomas: febre alta, manchas vermelhas, dor muscular, dor de cabeça, no fundo dos olhos e perda de apetite, procure atendimento médico”, alerta a infectologista da Afya, Raíssa de Moraes.
Na persistência dos sintomas, é importante procurar atendimento médico e seguir as orientações do profissional para uma melhor recuperação. Como não existe tratamento antiviral específico, o foco deve ser a prevenção.
Prevenir as picadas de mosquito é essencial para evitar essas doenças. Repelentes, roupas adequadas e a eliminação de criadouros são medidas simples, mas eficazes. Além disso, no caso da dengue, temos a vacina disponível na rede pública de saúde para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e na rede privada, indicada para pessoas de 4 a 60 anos”, destaca Dra. Jéssica Ramos.
De olho no que come
Os sintomas dessas doenças geralmente incluem cólicas abdominais, diarreia, náuseas, vômitos e febre. O tratamento varia conforme o agente causador, mas podem incluir hidratação oral para repor os líquidos perdidos, além de medicamentos para controlar os sintomas, como antieméticos e antidiarreicos, e, em casos mais graves, o uso de antibióticos ou antivirais”, explica a especialista.
Com prevenção, atenção e cuidados básicos de higiene, é possível transformar o verão em um período de diversão e bem-estar para toda a família, sem colocar a saúde em risco”, afirma a médica.
Intoxicação alimentar
Alimentos mal armazenados em locais suscetíveis às águas das chuvas, podem ser facilmente contaminados e levar a pessoa que os consumiu a uma série de problemas gastrointestinais. Por isso, ao alimentar-se em quiosques, barracas e espaços de rua, que estão mais expostos a essas condições, observar a cor, sabor e odor antes da ingestão do alimento é fundamental.
A especialista explica que, mesmo em casa, a atenção à higienização dos alimentos e a forma de preparo são importantes.
Lavar as mãos antes de se alimentar ou manusear alimentos, higienizar bem frutas e legumes e evitar alimentos crus ou mal-passados reduz a chance de se expor aos microorganismos que levam à intoxicação”, reforça.
Outras dicas compartilhadas por Raíssa são aquecer os alimentos apenas na hora do consumo e evitar fazer isso, caso estejam em temperatura ambiente por muito tempo.
Em geral, a intoxicação alimentar pode ser tratada em casa, sem uso de medicação, apenas com hidratação e alimentação leve. Porém, em caso de febre, dor abdominal, vômito e diarreia intensa, muco ou sangue nas fezes é necessário procurar atendimento médico.
Infecções relacionadas a fungos
Assim como o tempo seco compromete o sistema respiratório, o excesso de umidade também não é favorável às pessoas. O acúmulo de umidade em ambientes fechados favorece a proliferação de fungos, que podem causar rinite, sinusite, conjuntivite e até infecções fúngicas mais graves em pessoas vulneráveis, como a histoplasmose.
Para evitar essa proliferação é preciso ter atenção à limpeza da casa, deixar sempre o ambiente arejado, manter o banheiro ventilado, limpar com frequência os armários e impermeabilizar lajes e paredes. Se for, por exemplo, limpar telhado, um porão ou uma casa que está há muito tempo fechada, é importante usar os equipamentos de proteção adequados para não respirar a poeira que está ali há muito tempo parada”, esclarece a doutora.
Biquíni molhado e muito suor
Os sintomas incluem coceira, vermelhidão, bolhas e descamação e o tratamento envolve o uso de antifúngicos tópicos ou orais que só podem ser recomendados após avaliação médica. Por isso, é importante tentar manter a pele limpa e seca, evitando roupas apertadas que dificultam a ventilação, não ficar com roupas úmidas por muito tempo e não compartilhar itens pessoais, como toalhas e roupas, para prevenir o contágio”, explica a especialista.
O infectologista ressalta que ao fazer festas na praia é importante evitar permanecer por tempo prolongado com roupas úmidas, além de ficar por muito tempo na areia molhada, e ao ir aos banheiros públicos, as pessoas devem utilizar algum tipo de calçado, com o objetivo de evitar infecções.
Piva faz um alerta para os viajantes: “Neste período de verão são bastante comuns as viagens em cruzeiros marítimos, que pode aumentar consideravelmente o risco de contaminação, principalmente por doenças respiratórias e diarreicas. Portanto, vale adotar os cuidados contra infecções”, finaliza.
Doenças de pele
A umidade do ar associada a temperaturas mais elevadas pode resultar em doenças de pele como a micose e outras irritações. “Em geral, essas irritações não geram um quadro clínico preocupante, porém é preciso cuidado e higiene para que as lesões não evoluam”, diz.
No caso de aparecimento de dermatites ou micoses é recomendável manter a pele limpa e hidratada, evitar roupas molhadas no corpo por muito tempo e não compartilhar objetos pessoais como toalhas e calçados. “A higiene regular ajuda a prevenir infecções cutâneas e evita a proliferação de fungos”, pontua Raíssa.
Com Assessorias