“Destino não é uma questão de sorte, mas uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas o que se busca.”(William Jennings Bryan)
A cena é recorrente: em meio aos corredores de um mercado a criança começa a chorar, gritar e espernear, exigindo que os pais comprem um determinado produto. Os adultos tentam, sem sucesso, acalmar o filho. Todos dentro do estabelecimento começam a observar a situação com olhares de julgamento. Neste momento, pressionados a tomar uma medida definitiva para resolver a questão, os pais acabam por gritar com a criança, reagir com agressividade ou simplesmente acabam cedendo ao apelo do filho.
Mas afinal, como saber a coisa certa a se fazer ou a se dizer em casos como este? Como ter maturidade emocional para dizer ‘não’ ao seu filho e lidar com outras crises relacionadas ao comportamento infantil?
Para a psicóloga e pedagoga Tania Queiroz, mãe de três filhos e autora do livro ‘Pais Imaturos, Filhos Deprimidos e Inseguros’, a maturidade emocional não é algo que necessariamente cresce com a idade cronológica: não nos tornamos emocionalmente maduros quando envelhecemos. A maturidade emocional é geralmente aprendida e não instintiva – e este é uma das principais dificuldades apontadas pelos adultos que têm a tarefa de educar uma criança.
Só podemos vencer o mau comportamento se tivermos consciência de que se origina em nós e depois nas crianças e jovens, por isso precisamos primeiramente conhecê-los, aceitá-los, amá-los, para então transformá-los. Algumas crianças pensam que o mau comportamento é capaz de colocá-las em evidência, de se tornarem o centro da atenção dos seus pais” , alerta Tania.
A especialista reforça ainda que os filhos refletem as atitudes dos pais, aprendendo com o que fazemos e não com o que falamos. “Cada pai e mãe tem dos seus filhos exatamente o estilo de vida que fornece a eles. Os filhos reagem segundo o que veem e são ensinados através dos exemplos de seus responsáveis”.
Tania ressalta entre as características dos pais que qualifica como maduros emocionalmente está a capacidade de saber dizer não, saber perdoar, não reclamar o tempo todo, possuir empatia, não castigar e nem punir quando estão no auge de suas emoções.
Conhecer e gerenciar as próprias emoções, assumir os próprios erros e as consequências das próprias escolhas e compreender o estado emocional dos filhos são habilidades que podem ser desenvolvidas e trabalhadas. Pais maduros usam a sabedoria para cativar, instruir e enfrentar as dificuldades emocionais dos filhos”, reforça.
10 conselhos práticos para encarar a criação dos filhos
Para auxiliar pais a desenvolverem a maturidade necessária para lidar com os desafios na criação dos filhos, Tania Queiroz lista dez conselhos práticos:
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1. Desenvolver autoestima e autoconhecimento
Pais precisam perceber a si mesmos, as emoções e sentimentos para chegarem às emoções e aos sentimentos de seus filhos. Precisam tornar-se emocionalmente conscientes, ou seja, ter capacidade de reconhecer e identificar as próprias emoções positivas e negativas
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2. Desenvolver autocontrole
Pais com maturidade emocional contornam a situação, são instruídos a passar pelas fases de sucesso e pelas fases de fracasso com esperança de dias melhores. E aproveitam essas lições para ensinar aos filhos que a vida não é “somente flores”, como diz o ditado popular
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3. Aprender a lidar com sentimentos de raiva, medo e tristeza
A maturidade emocional tem como características o autodomínio, o que significa manter as emoções sob controle, resolver problemas com calma, coragem e sabedoria, tomar decisões, ter atitudes positivas, ser resiliente e grato. Examine-se e tente detectar se há imaturidade no seu comportamento para poder alterá-lo com o esforço da sua vontade
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4. Aprender com erros e aceitar que não é perfeito
Nada ensina mais que o exemplo e já sabemos disso, seus filhos precisam enxergar em você um pai real, de carne e osso, que está expostos a decepções, desenganos e erros. Eles poderão observar a forma que você atua no palco da vida e seguir seus passos
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5. Reconhecer e apreciar as conquistas pessoais
Quando os pais têm um mindset de crescimento acreditam que qualquer criança ou adolescente pode crescer e se aperfeiçoar por meio de dedicação e esforço, eles são mais comprometidos com o desenvolvimento de seus filhos e com o próprio. Notam melhoras no desempenho dos filhos e recebem bem suas críticas.
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6. Não dramatizar os fatos da vida
Para estabelecer uma relação emocional profunda com seus filhos, é importante que eles falem para você sobre o que estão sentindo, o porque estão sentindo, de onde veio esse sentimento negativo, a tristeza, a frustração, quando tudo começou, sem se irritar, sem castigá-los caso se expressem de forma negativa ou até irada. Ouça seus filhos, seja amigo deles, evite julgamentos, depreciações e intimidações
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7. Desenvolver pensamentos otimistas
Os pais maduros aprendem, evoluem e ensinam aos seus filhos que a felicidade é fruto da vontade e está relacionada à maneira de ser no mundo, no gerenciamento das próprias emoções, na utilização das habilidades pessoais, emocionais e sociais, no otimismo, na responsabilidade com o próprio destino, no compromisso em construir uma vida mais feliz.
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8. Agir mais e reclamar menos
Pais maduros ensinam que há situações em que é necessário sair da posição de rigidez, que ter razão nem sempre é uma virtude, que ceder é louvável, que palavras brandas afastam a fúria
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9. Desenvolver empatia
Muitas vezes, as crianças expressam as emoções de forma indireta, com agressividade e mau comportamento. O papel dos pais maduros é reconhecer esses sentimentos sem agredir ou punir seus filhos, mas com compreensão e amor. Ao contrário do que dizem, isso não é intencional. Por isso, entender sinais e ler comportamentos é importante.
10. Aprender a lidar com perdas e frustrações
As pessoas emocionalmente maduras experimentam dor? Sim, mas quando sofrem uma perda, elas se permitem sentir completamente a tristeza e o vazio que representa essa perda. Elas são honestas consigo mesmas quanto a seus sentimentos. Essa honestidade lhe permite avançar, superar a sua dor.
“Os pais planejam a vida dos filhos desde o nascimento. Querem que sejam bonitos, inteligentes, magros, obedientes, que estudem, trabalhem, namorem, casem e sejam ricos. Quando um filho(a) pratica automutilação, usa drogas, tem uma orientação sexual diferente da esperada, engorda, engravida e sonha em ter uma profissão não muito rentável, é o caos”, explica Tania Queiroz, psicoterapeuta e autora do livro Pais Imaturos, Filhos Deprimidos e Inseguros.
Inconscientemente, muitos pais projetam nos filhos o que não conseguiram realizar em suas própria vidas. ‘A pressão pela perfeição pode prejudicar crianças e jovens. Muitos desenvolvem o medo de fracassar, baixa autoestima, depressão, ficam ansiosos, tristes e começam a cobrar esta perfeição de si próprios’, diz a autora.
Nayara, de 19 anos, cresceu com as altas expectativas de seus pais que, além lhe exigirem muito, sempre fizeram questão de compará-la à irmã mais velha: “Eu tenho uma irmã mais velha bastante exemplar, então cresci com expectativas sobre ser como ela, ser perfeita segundo o que os meus pais consideram como perfeição. Então foi difícil crescer sendo cobrada indiretamente para cumprir com certos requisitos.” relata a jovem.
Para Tania Queiroz, os pais deveriam fazer uma autoavaliação e refletir sobre a forma com que estão gerando expectativas sobre seus filhos, e mensurar as consequências de suas atitudes ou da falta delas. Desta forma seria possível operar as mudanças necessárias de maneira a garantir uma educação de qualidade, estabelecendo um vínculo emocional e não apenas material com os filhos, aceitando suas imperfeições e escolhas.
“Algumas das cobranças que ouvi durante a vida foi sobre ser uma mulher perfeita, especialmente como esposa e dona de casa. Meus pais sempre tiveram expectativas sobre eu aprender a fazer todos os afazeres domésticos com perfeição, já que só assim, segundo eles, eu poderia ter êxito no futuro”, relatou Nayara.
Segundo a psicoterapeuta, a busca dessa perfeição dentro de valores rígidos tem destruído milhares de jovens que, quando não conseguem ser o que os pais sonharam e planejaram, ficam confusos, estressados, sem recursos emocionais e psicológicos adequados e alguns chegam a até tentar o suicídio.
“É preciso aceitar a realidade tal qual se apresenta bem diante do nosso nariz e resgatar a tolerância à frustração e à dor, aos problemas inerentes à existência humana que nos fazem amadurecer. É hora de aprendermos a lidar com os problemas reais dos nossos filhos” finaliza a escritora.
Torre forte ou prego na areia?
Benjamin Franklin disse: “Viver é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença”. Será que você tem enfrentado seus problemas e crises de maneira assertiva? Será que na hora da tempestade você se mostra fraco? Na hora dos conflitos seus filhos lhes enxergam como uma torre forte ou como um prego na areia?
O ser humano enfrenta diversos momentos difíceis ao longo dos anos, mas quando ele não está preparado emocionalmente para encará-los, sua vida pode ser afetada severamente. Os problemas afetivos e familiares geralmente causam um forte impacto na vida dos envolvidos, podendo desencadear problemas graves de estresse e sofrimento psicológico nos pais e, principalmente, nos filhos.
Mesmo que seja um processo complexo, é possível superá-lo quando há um gerenciamento assertivo dessa crise, mas para isso, é necessário estar disposto a assumir a responsabilidade de suas ações e ressignificar-se. O desenvolvimento da inteligência emocional é o fator chave para agir diante dessas questões com sabedoria, pois ela permite avaliar os problemas de maneira mais equilibrada e coesa, evitando reações impulsionadas por sentimentos negativos.
Segundo Tânia, todo e qualquer problema pessoal, por pior que possa parecer, é uma oportunidade de aprendizado e, sempre que possível, deve ser encarado com uma perspectiva positiva. É evidente que essa habilidade demanda esforço e comprometimento diário, e nem todas as pessoas estão dispostas a isso, mas é possível evitar situações bastante prejudiciais quando ao menos um dos envolvidos consegue desenvolvê-la.
Digo isso porque, antes que uma crise se manifeste, existem sinais que demonstram que há algum problema e uma pessoa emocionalmente inteligente consegue contornar a situação por meio de um diálogo franco e coerente para que o problema não se agrave ainda mais no futuro.
Possuir boas relações com os pais é o pilar para uma vida equilibrada e harmoniosa e o que forma adultos felizes. A ausência de empatia, elogios, respeito e amor provoca um estrago tão intenso nos filhos, que descaracteriza a personalidade deles de maneira fugaz e é capaz de alterar a percepção que os filhos têm de si próprios. mesmos.
As consequências desta descaracterização é o transtorno de ansiedade, a incapacidade de adaptação em ambientes psicossociais normais, a baixa autoestima, o transtorno da identidade, sentimento incontrolável de culpa e isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla personalidade e, em casos extremos, suicídio.
O perigo da alienação parental
Crianças são indefesas, fisicamente fracas, emocionalmente vulneráveis, intelectualmente crédulas e financeiramente dependentes. Filhos que, além de presenciarem brigas, separações e a dor das mudanças, não podem expressar o amor pelo pai, pois tem a sensação de estarem traindo a mãe, caso amem o pai que foi embora. Filhos que cresceram ouvindo histórias de como a mãe não presta, e como ela foi fria ao abandoná-los, sofrem absurdamente.
Podemos nominar também estes casos como relações abusivas, quando o pai ou a mãe se sente no direito de destruir as emoções dos filhos contra um dos pais. Geralmente quando acontece uma separação ou um divórcio e essa ruptura não é bem elaborada pelos pais, as dores da mãe traída, ou do pai rejeitado, torna-se uma questão que os filhos devem vingar.
Não é levado em conta que um mau marido ou uma má esposa, não é necessariamente um pai ruim, ou uma mãe degenerada. Relações abusivas são quando um dos pais destroem as pontes de relação dos filhos com o outro genitor. Os pais que fazem isso acreditam ter a posse dos filhos e são extremamente imaturos e egoístas.
Essas relações abusivas acontecem sorrateiramente e silenciosamente, quando o filho percebe já se passaram anos e a relação foi perdida, porém os traumas são reais. Pais imaturos que obrigam seus filhos a se esquecerem de que possuem um pai ou mãe por capricho, ego e egoísmo, que proíbem visitas ou a ter qualquer tipo de contato, roubam a saúde mental dos seus filhos e certamente no futuro colherão os frutos dos seus atos.
Pais imaturos fazem ‘lavagem cerebral’ nos filhos
Muitos pais, diante de separações e divórcios, praticam a alienação parental, difamam a imagem do pai ou da mãe para os filhos. Sem pudor, difamam o outro genitor, não levam em conta que, o que eles pronunciam para os filhos sobre o pai ou a mãe deles, afeta seu mundo emocional.
Pais imaturos manipulam, usam e expõem os filhos contra o outro genitor, incutindo neles o ódio, a raiva e afastando-os de qualquer contato e convívio. Eles fazem uma “lavagem cerebral” na mente dos filhos e não se importam com a fragilidade, frustração e expectativas dos filhos, apenas com seus interesses egoístas.
O ideal era se importar com os sentimentos dos filhos e ensiná-los a superar as separações, os traumas e dramas com segurança, sem acusar, denegrir e atacar o genitor, mas não é bem assim que muitos adultos resolvem o fim dos seus relacionamentos.
Filhos de pais imaturos ficam desamparados emocionalmente, e este episódio se estende pelo decorrer da vida. As consequências só ficam claras quando esses filhos crescem e não conseguem estabelecer vínculos afetivos estáveis e duráveis. Quando não se estabilizam em nenhum emprego, quando se tornam carentes e necessitados de afeto e atenção alheia, quando necessitam ser aprovados constantemente.
Pais maduros conversam de maneira respeitosa e buscam uma alternativa para as suas dificuldades emocionais enfrentadas diante de separações ou divórcios, mesmo quando a relação chega ao fim, o respeito pelo outro permanece. Pais maduros sabem que independentemente do término, haverá um laço eterno com os filhos.
Sobre o livro
Como mãe de três filhos, palestrante, coach, psicoterapeuta holística, familiar, infantil e juvenil, Tania testemunhou em seu consultório e nas escolas em que atua o que funciona. Quando as crianças têm pais emocionalmente mais maduros e equilibrados, elas lidam com os desafios cotidianos de suas vidas e superam perdas e frustrações mais facilmente, o que permite que se desenvolvam emocionalmente, socialmente, psicologicamente e cognitivamente.
Com base em suas experiências e resultados, “Pais imaturos, filhos deprimidos e inseguros” combina pesquisas, estudos de caso, dicas práticas, estratégias e inúmeras sugestões com o intuito de ajudar os pais a melhorarem o relacionamento com os filhos, a evitarem que tenham baixo desempenho escolar, que pratiquem a automutilação, que usem drogas e que tentem o suicídio.
Na primeira parte do livro, a autora conceitua a imaturidade familiar e suas graves consequências na vida das crianças e jovens. Na segunda parte, desenvolve um trabalho propositivo, um forte chamado para o despertar da consciência, para que os pais encontrem recursos para amadurecer e talentos para lidar melhor com os desafios atuais da educação dos filhos. Na terceira parte, enfatiza a importância do resgate dos valores do coração a fim de formar filhos éticos, honrados, equilibrados, mais felizes e bem-sucedidos.
“Pais imaturos, filhos deprimidos e inseguros” é uma obra que se concentra nos pais, ensinando-os a criar crianças e jovens emocionalmente mais equilibrados, autoconfiantes, gentis, éticos, responsáveis e felizes. As crianças e os jovens não têm maturidade para lidar com os desafios da vida em um mundo cada vez mais consumista, insano e tóxico.
Com conceitos, orientações e dicas pautadas em mais de dez anos de pesquisa e atendimento, a autora desvenda com profundidade e amplitude a importância dos pais se voltarem para si mesmos, reverem suas crenças, valores e posturas para educarem os filhos com uma mente mais madura e amorosa. A autora identificou as características que os pais emocionalmente maduros compartilham e agora oferece a todos os pais, educadores e mentores as ferramentas necessárias para amadurecerem e se tornarem verdadeiros mestres para esta geração.
Enquanto outros livros dizem aos pais como educar os filhos, Tania os ensina sobre a necessidade de se reeducarem e adquirirem mais controle emocional para, então, educarem de forma mais eficaz os filhos.
Sobre Tania Queiroz
Tania Queiroz é Personal & Professional Coaching e membro da Sociedade Brasileira de Coaching. Possui formação e certificação internacional reconhecida pela Graduate School of Master Coaches e Institute Coaching Council (ICC). É Diretora Geral do Instituto Tania Queiroz, palestrante, escritora, psicoterapeuta holística familiar, infantil e juvenil, consultora e assessora em gestão escolar, atua na formação de gestores, educadores e pais, é ainda facilitadora em workshops e treinamentos.
Atua na área da educação corporativa e do desenvolvimento humano, treinando gestores, inspirando educadores, orientando crianças, jovens, pais e inúmeros outros profissionais há mais de 25 anos. É responsável por transformar equipes e pessoas por todo o país. Em 2017 fundou o Instituto Tania Queiroz para ajudar as pessoas de todas as idades a resgatar a alegria de viver e a força interior para valorizar a vida e construir um destino incrível.