Com 217.633 casos prováveis desde o início do ano, contra 339.604 ao longo de todo o ano de 2023, e 31 mortes até o momento, o Estado de São Paulo decretou estado de emergência por dengue nesta terça-feira (5/3). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, até segunda-feira (4), foram confirmados cerca de 138 mil casos da doença no estado. Estão em investigação mais 79 mil contágios e 122 óbitos, segundo o Centro de Operações de Emergências de São Paulo. 

Os estados do Acre, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina, além do Distrito Federal, também decretaram estado de emergência devido à alta de casos de dengue. Em todo país já são 1,2 milhão de casos da doença, com 278 mortes confirmadas neste ano e 744 em investigação.

A decisão em São Paulo foi tomada pelo governador Tarcísio de Freitas após os casos ultrapassarem a marca de 300 por grupo de 100 mil habitantes. A medida facilita acesso a recursos federais e agiliza processos voltados ao combate da dengue no estado.

Para o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Renato Grinbaum, a necessidade de decretar estado de emergência devido a alta de casos de dengue mostra a falta de ações para conter o avanço da doença.

“Eu entendo a emergência como até um improviso, um improviso que é necessário. No emergencial não tem o que fazer, é o que sobra, é comprar sem licitação com todas as suas consequências”, critica o especialista ao comentar a medida tomada pelo governo de São Paulo nesta terça-feira (5).

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Aviso sobre risco de epidemia de dengue em setembro de 2023

Segundo Grinbaum, desde setembro de 2023 havia indícios de clima propício para uma grande proliferação do mosquito transmissor da doença. “A própria imprensa divulgou em setembro e outubro que seria um verão quente e chuvoso. A gente não teve uma campanha preparatória, a gente teve as vigilâncias trabalhando”, afirma.

Para além de investimentos estruturais, como ampliação do saneamento básico, o infectologista destaca a necessidade de equipar as vigilâncias sanitárias, principalmente com pessoal, para que sejam feitos os trabalhos de busca e eliminação dos focos de reprodução dos mosquitos.

“A questão básica é a eliminação de focos, que aí tem um trabalho de contratação de pessoal, de visitas domiciliares, todo um preparo que você não faz da noite para o dia, sem contar o próprio atendimento. É uma história que se repete no Brasil há muito tempo”, enumerou.

Durante o anúncio do estado de emergência, o Governo de São Paulo informou que pretende investir os recursos federais principalmente para aquisição de máquinas de nebulização, insumos e contratação de pessoal, de forma a ampliar a capacidade da rede de saúde.

A Secretaria Estadual de Saúde atualizou as orientações do sistema de distribuição de leitos hospitalares para que os pacientes com dengue tenham prioridade no atendimento de alta complexidade.

Há cerca de um mês, o governo estadual criou o Centro de Operações de Emergências (COE) de combate ao Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão da dengue. A primeira ação do grupo foi a liberação de R$ 200 milhões para as 645 prefeituras de São Paulo adotarem medidas para enfrentar os focos de reprodução do inseto.

O monitoramento realizado pelo estado, desde o ano passado, apontava aumento expressivo no número de casos e a antecipação dos registros em cerca de dois meses. Esse trabalho permitiu que uma série de ações fosse tomada, evitando cenários mais críticos como os enfrentados pelos estados vizinhos”, ressaltou o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás durante reunião do COE que anunciou o estado de emergência.

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6 unidades da federação têm mais casos que 2023

Com a medida adotada por São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, sobe para seis número de unidades da federação que já acumulam mais casos de dengue nas primeiras semanas de 2024 do que em todo o ano de 2023, segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde.

Das unidades federativas com casos que superam os de 2023, Acre, Distrito Federal, Goiás e Rio de Janeiro decretaram emergência em saúde pública em razão da explosão de casos de dengue. Minas Gerais também decretou emergência e já registra, em 2024, um número bem próximo ao total de casos prováveis de 2023: são 407.977 casos contabilizados nas primeiras semanas deste ano, contra 408.393 ao longo de todo o ano passado.

Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo também decretaram emergência em saúde pública – o primeiro tem 43.743 casos prováveis de dengue contra 138.426 no ano passado, o segundo, 35.536 casos contra 144.368 em 2023 e o terceiro, 217.633 contra 339.604.

Até esta segunda-feira (4), o Amapá contabilizava 1.950 casos prováveis da doença contra 1.237 no ano passado. No Amazonas, são 8.304 casos prováveis contra 6.450.  Em Goiás, a proporção é de 69.737 casos prováveis contra 69.718. No Rio de Janeiro, são 92.445 casos prováveis contra 49.330. Em Roraima, a proporção é de 299 casos prováveis contra 237. Já o Distrito Federal tem 117.588 casos prováveis contra 38.584 em 2023.

No Amapá, o coeficiente de incidência da dengue é de 265,9 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. No Amazonas, são 210,7 casos para cada 100 mil habitantes. Em Goiás, 988,4 casos para cada 100 mil habitantes. No Rio de Janeiro, são 575,8 casos para cada 100 mil habitantes. Em Roraima, 47 casos para cada 100 mil habitantes. E no Distrito Federal, 4.174,1 casos para cada 100 mil habitantes.

 

Agenda Positiva – Dengue

Manejo clínico da dengue em tempos de epidemia

Só neste ano, o Rio Grande do Sul já registrou mais de 11,2 mil casos confirmados de dengue e 11 mortes em decorrência da doença. Frente ao avanço da doença em todo o país, o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), promove, nesta quinta-feira (7), o evento “Manejo Clínico da Dengue: abordagem em tempos de epidemia”. Voltado para médicos e profissionais da saúde, o encontro online vai discutir aspectos práticos do atendimento dos pacientes com a infecção.

Gratuita, a atividade terá como palestrantes o médico infectologista Antônio Carlos de Albuquerque Bandeira, membro da equipe técnica do Laboratório Central da Bahia e do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, e o médico veterinário Marcelo Jostmeier Vallandro, mestre em microbiologia e diretor adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde.

O moderador do evento será o médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento Paulo Ernesto Gewehr Filho, pesquisador do Centro de Pesquisa da instituição, diretor científico da Sociedade Gaúcha de Infectologia e coordenador da Câmara Técnica de Infectologia do (Cremers). E o debatedor será o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, Alexandre Prehn Zavascki. 

O evento tem apoio do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Sociedade Gaúcha de Infectologia e Secretaria Estadual da Saúde.  Inscrições gratuitas pelo link.

Com Agência Brasil e Assessorias

 

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