No Brasil, cerca de cinco mil crianças e adolescentes não são reintegrados à família por alguma impossibilidade e também não são adotados porque não existem candidatos querendo adotar naquele perfil. No Estado do Rio de Janeiro, existem atualmente 283 crianças disponíveis para adoção, de acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desse total, 89% são declaradas pardas ou pretas, a maioria é do sexo masculino (57,6%) e mais da metade tem mais de 12 anos de idade.

Com o objetivo de mostrar para a sociedade que existem crianças maiores que estão elegíveis para a adoção em abrigos e com famílias acolhedoras e incentivar a adoção tardia, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro levou, nesta sexta-feira (25/3), 34 meninos e meninas entre seis e 17 anos abrigados no Centro Social Reviver para visitar o Cristo Redentor, em mais uma edição da campanha “Braços Abertos para Adoção”. “

A ideia é dar visibilidade a essas crianças e adolescentes, que vivem em abrigos e instituições do Rio e Grande Rio parceiras das Varas da Infância, Juventude e Idoso, sob Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância e da Juventude e do Idoso (Cevij).

“As pessoas quando querem adotar idealizam muito um bebê, mas a experiência pode dar muito certo com crianças mais velhas também. Quem quer adotar quer ter uma família. Elas também querem uma família. Então, é uma questão de promover esse encontro de quem quer adotar com quem precisa ser adotado”, ressaltou a desembargadora Daniela Brandão Ferreira, coordenadora da Cevij.

Encantada com o visual do alto do Morro do Corcovado, Sophia Rodrigues, de 12 anos, contou que sonha em ser modelo quando crescer e que quer muito conhecer uma nova família, outros lugares, e ter irmãos. “Eu imagino uma pessoa que me dê saúde, carinho, me acolha do jeito que eu preciso”, afirmou a menina ao idealizar como seria a adoção. “Eu quero uma família que me ame e me dê carinho porque é triste ficar no abrigo”, acrescentou a amiga Marcelle Minas, também de 12 anos, que vive na mesma unidade de acolhimento que Sophia.

Direito à convivência familiar e comunitária

Para o juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, titular da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, é preciso fazer ou tentar fazer com que os habilitados repensem a ampliação do perfil. O magistrado lembrou ainda que a visita ao Cristo Redentor pretende também  assegurar o direito à convivência familiar comunitária das crianças e adolescentes que participam do projeto “Braços Abertos para Adoção”.

“Na convivência comunitária temos a escola, o médico, mas também os passeios e o lazer. E, para eles, ter essa experiência de vir a esse ponto turístico e serem abençoados como fomos há pouco aqui no Santuário do Cristo Redentor, certamente, foi uma experiência inesquecível e muito enriquecedora”, concluiu o juiz, referindo-se à benção do diácono Alexandre Pinheiro a todos que participaram do evento.

                                                 Equipe do Tribunal de Justiça do Rio com crianças para adoção durante visita ao Cristo Redentor

“Estou amando isso daqui! É um sonho para mim!”, declarou a adolescente Thaylaine Martins, de 14 anos, ao descer do trem de acesso ao Cristo Redentor. Para Gabriel Silva Penha, de 16 anos, foi uma experiência muito bonita. “Eu nunca tinha vindo aqui e parece uma pintura que desenharam, muito bem feito. Estou gostando muito”, disse o jovem que afirmou já estar na expectativa dos próximos passeios.

A primeira edição do “Braços Abertos para Adoção” foi realizada no dia 23 de dezembro de 2021. Na ocasião, por causa do mau tempo, o evento, que estava previsto para ser realizado no Cristo Redentor, foi transferido para a Paróquia São José, na Zona Sul do Rio. A juíza Juliana Kalichsztein, titular da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Duque de Caxias também participou da visita.

Fotos: Brunno Dantas/TJRJ 

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