Maurren Maggi-leishmaniose
Campeã olímpica do atletismo brasileiro pegou a doença em um reality show e já começou o tratamento (Foto: Reprodução de Internet)

Diagnosticada com leishmaniose, a campeã olímpica do atletismo brasileiro Maurren Maggi pegou a doença durante sua participação no reality show Exhatlon Brasil, da Band, que foi gravado na República Dominicana. Ela usou seu Instagram para confirmar o diagnóstico e diz que já começou o tratamento.

“Eu não sabia que ia dar a repercussão por conta da leishmaniose. A gente não sabe ainda como é. Eu ainda estou com dor na perna, tomando um antibiótico forte, semana que vem farei mais um monte de exames e também vou fazer biópsia. Agora estou descansando”, disse a ex-atleta em vídeo.

A zoonose é considerada um grande problema de saúde pública e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), está entre as seis endemias consideradas prioritárias no mundo. Estima-se que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco da leishmaniose no mundo, com registro aproximado de dois milhões de novos casos das diferentes formas clínicas ao ano no mundo.

Dos casos registrados na América Latina, 90% ocorrem no Brasil, onde houve 3.200 notificações em 2016, segundo o Ministério da Saúde. Campeã olímpica de salto em distância em Pequim (2008), a ex-atleta diz não ter se arrependido de participar do programa da Band na República Dominicana. “Eu só quero ficar curada e começar a contar o que aconteceu por lá. Estou só esperando sarar para poder conversar”, disse.

Entenda a doença e como é transmitida

A leishmania visceral também é conhecida como calazar ou febre dundun. É uma doença sistêmica, caracterizada por febre intermitente com semanas de duração, hepatoesplenomegalia, fraqueza, perda de apetite, anemia, diarreia e sangramentos. Quando não tratada, pode evoluir para óbito.

Caracterizada por feridas na pele de lenta cicatrização, a leishmaniose é causada por protozoários do gênero Leishmania. Costuma ser transmitida ao ser humano e a outros mamíferos pela picada de mosquitos flebótomos, que se alimentam de sangue, como o “birigui”, “mosquito-palha” ou “cangalhinha”.

Na maioria dos casos ocorre em área rural, mas está se expandindo para a área urbana. Ao contrário do Aedes aegypti, que transmite a dengue, chikungunya e zika, não é fácil localizar os criadouros dos mosquitos flebótomos.

Nas zonas rurais os agentes transmissores são animais silvestres como raposas, gambás e tamanduás. Já nas áreas urbanas, os cachorros, gatos e ratos são as maiores fontes de infecção.

Estima-se que para cada caso em humano, há 200 cães infectados. Até recentemente, os animais com a doença eram obrigatoriamente sacrificados.

Em 2017, o Ministério da Saúde aprovou o primeiro tratamento para a LVC no Brasil, que proporciona melhora clínica do animal e reduz o potencial de transmissão da doença. Porém, muitos veterinários ainda optam pelo sacrifício dos animais, o que faz com que tutores prefiram esconder seus cães para não perdê-los, aumentando, assim, o risco de contágio.

Remédio caseiro na Amazônia

Um fruto amazônico amplamente utilizado como remédio caseiro pelas populações ribeirinhas da região pode ser a chave para ajudar a baratear e simplificar o tratamento da leishmaniose, doença que provoca ulcerações na pele e que atinge cerca de 3 mil pessoas ao ano no Brasil.

Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) testa um creme fitoterápico à base do jucá (Libidibia ferrea) como terapia alternativa às dolorosas injeções do tratamento contra a leishmaniose do tipo tegumentar (LT).

Os testes iniciais com o creme, em roedores, foram animadores. Segundo os pesquisadores, os animais tratados com o preparado à base do jucá tiveram 25% de crescimento de lesões relacionadas à doença, em comparação ao aumento de 300% dos animais que não receberam nenhum tratamento.

A Anvisa aprovou recentemente os kits IF: Leishmania donovani IgG e IF: Leishmania donovani IgM (catálogo: FI 2231). Os kits de imunofluorescência são oferecidos pela EuroImmun e têm como substrato esfregaços de Leishmania donovani que são incubados com amostra de pacientes, levando a resultados confiáveis. Doadores de sangue devem ser testados para anticorpos contra Leishmania para minimizar o risco de infecção via transfusão de sangue.

Novas pesquisas

Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) começam a desvendar os mecanismos moleculares pelos quais o parasita causador da leishmaniose cutânea consegue driblar as defesas do organismo hospedeiro e infectar novas células.

De acordo com as informações relatadas pelo grupo da USP na revista Scientific Reports, o simples fato de o patógeno entrar no macrófago – célula de defesa que representa o principal alvo da Leishmania nos mamíferos – é suficiente para alterar a expressão gênica no hospedeiro. Como resultado, há uma diminuição na síntese de óxido nítrico, uma espécie de “arma química” usada pelo sistema imune no combate a invasores.

“Nossa linha de pesquisa tem como objetivo entender como se dá essa interação entre a Leishmania e o macrófago para, assim, identificar alvos moleculares que permitam interromper a infecção e matar o parasita”, contou Lucile Maria Floeter-Winter, professora do Departamento de Fisiologia do IB-USP e coordenadora do projeto apoiado pela FAPESP.

Fonte: Fapesp, BBC Brasil e EuroImunn

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