Em meio à grave crise de saúde pública que o país atravessa, não há espaço para ofensas, chacotas ou disse me disse. Mas é exatamente assim que se comporta o presidente da República, Jair Bolsonaro, ao minimizar os impactos da pandemia do novo coronavírus, alheio à dor de milhares de famílias brasileiras que já perderam seus entes queridos para a Covid-19 e sabem que ela não é a “gripezinha” que ele, como “atleta” que é, julgou ser inofensiva.
Aficcionado pela cloroquina, por interesses até agora não muito esclarecidos, ele voltou a ignorar a Ciência e a Medicina e conclamar a população a usar em massa um medicamento que até agora não tem propriedades eficazes contra a Covid-19. “Quem é de direta toma cloroquina; quem é de esquerda, tubaína”, disse ele, referindo-se ao nome dado aos refrigerantes populares, em tom de ironia. A declaração foi dada durante uma live nesta terça-feira (19), mesmo dia em que o país registrou, pela primeira vez, mais de mil mortes por coronavírus em 24 horas.
A brincadeira de mau gosto dessa vez também atingiu a indústria de bebidas, um importante ramo da economia, com o qual o presidente deveria se preocupar, já que para ele a economia é mais importante que a saúde dos brasileiros. Em nota, a Afrebras – Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil – representa mais de 100 indústrias de bebidas regionais no Brasil, entre as quais os produtores de tubaína – repudiou a “infeliz declaração” do presidente.
A entidade defende que o governo, em vez de politizar o uso do medicamento, deve acabar com as regalias fiscais milionárias concedidas a multinacionais de bebidas na Zona Franca de Manaus, para amenizar o momento de crise econômica agravada pela pandemia no país. O presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, aproveitou para pedir que Bolsonaro revogue um decreto presidencial que concede benefícios fiscais de até R$ 2 bilhões para grandes indústrias de bebidas multinacionais.
Se o presidente Bolsonaro, de fato, se preocupa com o Brasil, neste momento em que o país está prestes a registrar 20 mil mortes por Covid-19,  agora é a hora de acabar de vez com a concessão de benefícios fiscais para multinacionais na Zona Franca de Manaus e o governo federal reverter o dinheiro de incentivos fiscais para o combate ao coronavírus”, alfinetou.

Ainda de acordo com a Afebras, boa parte das fábricas regionais está se mobilizando para fazer doações de alimentos e álcool em gel a comunidades pobres para tentar diminuir os impactos da crise. A entidade destaca que vários hospitais ou leitos de hospitais de campanha poderiam ser construídos com o dinheiro da farra de benefícios fiscais. A revogação do Decreto 10.254/2020, segundo ele, poderá representar uma economia de quase R$ 2 bilhões aos cofres públicos.

Assim, prevendo o risco de grande período de recessão econômica e grave crise financeira que encontraremos nos próximos meses, como desfecho da paralisação industrial que temos visto devido à Covid-19, todos os entes da federação poderão ter mais recursos para poderem enfrentar esse momento de tamanha dificuldade”, afirma o presidente da Afrebras.
 Veja a íntegra da nota da Afebras aqui.
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