Com a liberação de atividades físicas ao ar livre, muita gente correu para a caminhada ou para a pedalada, boas opções também para quem quer fugir do uso de transportes públicos, que têm alto potencial de contaminação pelo novo coronavírus. Especialistas observam que a prática do ciclismo, que já vinha apresentando um importante crescimento nos últimos tempos, teve um aumento significativo em diversos estados e cidades do país por conta da pandemia.

Camila com a família: uso de máscaras na volta à atividade (Foto: Acervo pessoal)

A publicitária carioca Camila Melo Vianna, de 39 anos, não demorou em decidir dar um “up” nas bikes da família. Ela, a filha Mariah e o marido Leonardo começaram a praticar o ciclismo diariamente para manter a forma e também para aliviar o estresse causado pelo dia a dia durante a quarentena.  “A gente sai todos os dias às 8 horas da manhã e depois de um mês praticando diariamente, temos visto ao resultados, que são muito positivos em todos os sentidos”, conta ela.

Comemorado desde 2017 no Brasil, o Dia do Ciclista (19 de agosto) tem o objetivo de fomentar o uso da bike como meio de transporte. A data não poderia ser mais relevante. Com o início da pandemia, houve uma movimentação rápida e única no mundo em torno da mobilidade urbana. Poderes públicos traçaram planos para introduzir e ampliar o uso das bicicletas como meio de transporte fundamental para garantir o afastamento social. E tem dado certo!

Transporte individual e em ambiente aberto é opção para 87%

Uma pesquisa realizada em abril pela Tembici para identificar o perfil dos ciclistas que usam as bikes durante a pandemia mostrou que 87% dos usuários optam por transporte individual e em ambiente aberto como prevenção da Covid-19. A empresa de micromobilidade é responsável por operar o sistema do projeto Bike Itaú, patrocinado pelo Itaú Unibanco.

Em todas as cidades em que o programa está presente, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e Salvador, foi constatado que 54% utilizam a bike para ir e voltar do trabalho. O projeto Bike PE registrou aumento de 170% de maio para julho, e o número de usuários que pedalaram foi 4,5 vezes maior no mesmo período e em julho quase três vezes maior que a projeção.

Com a flexibilização gradual da quarentena, a Tembici acredita que o aumento do uso da bicicleta como meio de transporte também ocorrerá na América Latina, seguindo o cenário que já vem ocorrendo em Pernambuco, por exemplo.

Prática alia prazer de estar ao ar livre

Para o ortopedista Samuel Lopes, especialista em Trauma do Esporte e praticante do ciclismo, a procura cada vez maior pelo ciclismo deve-se ao fato de que além de ser uma atividade extremamente prazerosa e feita ao ar livre. A atividade alia a possibilidade de ir a lugares diferentes e mais afastados, de ser praticado em família e em ambientes naturais.

Por estes motivos, a prática do ciclismo acaba sendo muito positiva para a saúde física e mental do indivíduo. Além disso, tem servido como opção de meio de transporte, sendo uma alternativa para evitar aglomerações, ao contrário do que sempre acontece em transportes públicos, como indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que destaca a bicicleta como principal modal de transporte neste período de pandemia.

Por ser tão completo quanto a caminhada, o ciclismo é muito indicado para combater o sedentarismo. Entre os benefícios da prática estão fortalecer a musculatura; auxiliar na saúde do coração; reduzir o estresse, melhorar a respiração e ajudar no equilíbrio. Dr Samuel lembra ainda que a OMS recomenda que toda pessoa pratique 150 minutos de atividade de intensidade leve a moderada por semana para ter benefícios para a saúde em geral.

Uso de máscara também é necessário

Uso de máscara é obrigatório (Foto: Divulgação)

Dr Samuel lembra que, apesar de contribuir para o isolamento, o ciclismo não elimina a necessidade do uso de máscara, principalmente se for praticada em grupos, como medida para diminuir o risco de acometimento pela Covid-19. 

Além das máscaras para proteção do coronavírus, outros equipamentos de proteção sempre devem ser utilizados. Capacete, luvas e roupas próprias para o ciclismo contribuem para diminuir riscos e também proporcionam mais conforto ao pedalar”, comenta o médico.

Em linha com as recomendações da OMS, a Tembici reforçou a higienização de todas as bikes e estações. Além da limpeza diária com álcool 70%, ainda no centro de operações, todas as bikes são lavadas com cloro diluído em água. Mesmo com a limpeza recorrente, a Tembici recomenda que os usuários também apliquem álcool em gel 70% nas mãos antes e depois de utilizar as bicicletas, além de fazer uso de máscara.

Em agosto, a Tembici estreou no Bike PE a liberação de bicicletas por meio de verificação de QR Code, inovação que casa com os novos hábitos de cuidados pessoais exigidos durante a pandemia, uma vez que o usuário não precisa digitar os códigos no dock das estações para destravar a bicicleta, basta aproximar o celular, evitando contato com o equipamento.

Dicas para quem está iniciando suas pedaladas agora

O ortopedista Samuel Lopes alerta para os cuidados para quem está começando ou recomeçando a pedalada, assim como outra atividade física. Segundo ele, é preciso evoluir gradativamente e no seu ritmo, ao invés de tentar acompanhar o ritmo de outras pessoas mais experientes e regulares no ciclismo.

O aumento da intensidade de suas atividades deve ser gradual para evitar que seja gerada uma sobrecarga no seu corpo e para que a prática não deixe de ser prazerosa. Por isso, se tiver algum profissional que possa orientá-lo nos primeiros passos, é sempre melhor”, destaca.

E para não causar danos ao corpo, é necessário atentar-se à postura correta ao pedalar, bem como os ajustes da bicicleta de acordo com seu usuário. “Uma boa iniciativa para realizar esses ajustes é a realização de uma avaliação chamada bike fit, que ajusta a bicicleta ao tipo físico do ciclista”, afirma o ortopedista.

O médico também ressalta a importância da prevenção de dores e lesões por sobrecarga. Segundo ele, é bem provável que pessoas que já praticam o ciclismo há bastante tempo, já tenham vivido algum momento de dor ou desconforto após pedalar.

As regiões mais frequentemente implicadas são a coluna e os joelhos. Ele aponta alguns fatores os mais associados às dores: a má postura na bicicleta, fraquezas musculares ou mesmo excesso de treinamento.

Para prevenir essas dores, corrigir a postura é fundamental, além de realizar um treinamento orientado dos grupos musculares que são fundamentais para o pedal, contando com um profissional que te oriente nos seus treinos e possa te ajudar a pedalar melhor”, completa o Dr. Samuel Lopes.

O meio ambiente agradece por redução de gases poluentes no ar

Os possíveis impactos do uso mais intensivo da bicicleta como meio de transporte poderiam ser extremamente relevantes para a melhoria de diversos aspectos da vida na cidade. O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Ceprab) apontou em estudo que, considerando os deslocamentos realizados de automóvel, se até 43% deles fossem de bicicleta, seria criado um potencial de redução de 10% das emissões de CO2.

Até pouco tempo atrás, as pessoas não queriam aceitar as ciclovias, seja por conta do espaço ou pelas reformas que são necessárias nas vias. Hoje o pensamento vem mudando, com tudo que está sendo fomentado, em questão de qualidade de vida e sustentabilidade. Ainda há muitos investimentos a serem feitos, mas enquanto isso, esperamos que o Dia do Ciclista possa cada vez mais conquistar o respeito e segurança no trânsito tão necessários para uma mobilidade urbana funcional.

Uso de bike para ir ao trabalho ou entrevista de emprego

Para fomentar o uso da bike, em parceria inédita com a Catho, site de vagas de emprego, a Tembici criou a ação social “Bike Pra Entrevista”, que visa facilitar às pessoas que voltaram a buscar inserção no mercado de trabalho e precisam comparecer às entrevistas presenciais com segurança.

O projeto dá aos cadastrados na plataforma da Catho acesso gratuito às bicicletas do Bike Sampa para realizarem seus deslocamentos para entrevistas de emprego. Os candidatos receberão gratuidade no plano diário para ir e vir das entrevistas com as laranjinhas e, para participar, os interessados devem se cadastrar no aplicativo ou site do Bike Itaú e inserir o código de desconto.

Cuidados especiais onde não há ciclovia

Mas o que fazer nas grandes cidades, em bairros e localidades onde não há ciclovias? Dá para se arriscar em meio aos carros? Dr Samuel listou, a pedido do ViDA & Ação, alguma dicas de segurança importantes para pedalar fora de ciclovias:

 – respeitar as leis de trânsito, andar na mão de circulação
– atentar-se à distância entre carros
– cuidado com as portas ao passar ao lado de carros parados

– respeite as calçadas e deixe-as para os pedestres
– pratique a direção defensiva sempre
– cuidado redobrado em cruzamentos
– sinalize com as mãos a sua direção ao fazer mudanças de direção
– usar luzes na bicicleta, especialmente para andar à noite; utilizar luz branca na frente e vermelha atrás, de preferência luzes piscantes

E então, vamos pedalar?

Com Assessorias

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