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Dia Mundial do Rim pede exame de creatinina para todos

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A doença renal crônica (DRC) afeta cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo e muitas vezes passa despercebida até que os danos aos rins sejam irreversíveis. Atualmente, mais de 20 milhões de brasileiros têm algum tipo de DRC, mas apenas uma pequena parcela destes sabe. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), mais de 140 mil pessoas são portadoras da doença no Brasil e precisam fazer de três a seis vezes por semana uma terapia chamada hemodiálise para sobreviver.

Mas a a adoção de um hábito simples por parte dos profissionais de saúde – pedir a dosagem de creatinina nos check-ups anuais – pode salvar vidas. Um simples exame que custa cerca de R$ 11 (na média nacional) e é coberto pelos planos de saúde, a medição de creatinina no sangue, é capaz de sinalizar que a saúde renal de um indivíduo pode não estar bem.

Com objetivo de conscientizar a população, profissionais de saúde e agentes públicos de todo mundo, na segunda quinta-feira de março comemora-se o Dia Mundial do Rim. Em 2023 essa data está sendo celebrada em 9 de março, com uma série de ações de prevenção e orientação em todas as regiões para chamar a atenção para a doença renal crônica (DRC).

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), quem já recebeu o diagnóstico sofre com falta de vagas para fazer hemodiálise no Sistema Único de Saúde, muitos deles morrem por complicações da doença sem conseguir tratamento. Por conta desse cenário triste e extremamente preocupante que a SBN e suas regionais realizam neste dia 9 uma grande mobilização nacional para celebrar o Dia Mundial do Rim com duas mensagens de conscientização: exame de creatinina para todos; cuidar dos vulneráveis e estar preparado para desafios inesperados.

Existem outros exames mais precisos como o de Cistatina C, mas a medição de creatinina é mais acessível e deve chegar a todos. Sobretudo aos que precisam ao menos uma vez por ano ter esse exame solicitado por um médico. A creatinina é uma substância presente no sangue que funciona como um marcador para avaliar o funcionamento dos rins. O exame, feito a partir de uma amostra simples de sangue, consiste em verificar o nível de creatinina. Se ele estiver alto ou em elevação, há indícios de problemas renais.

“Este exame é uma alternativa simples e viável para conseguirmos detectar a doença precocemente e dessa forma aumentar as chances de tratamento adequado para retardar a progressão para estágios mais avançados”, explica José Moura Neto, nefrologista e presidente da SBN.

Crise da diálise no Brasil

O “estágio mais avançado” ao qual Moura Neto se refere é a dependência de terapia renal substitutiva, que é feita por meio de hemodiálise ou transplante. O número de pacientes renais crônicos que aguardam vaga para realizar diálise na rede pública de saúde é alto e tende a se aumentar se não houver uma ampla reformulação desse setor.

“Estamos vivendo uma crise humanitária importante que a sociedade precisa tomar conhecimento. Precisamos urgentemente melhorar o financiamento do setor para ampliar o número de vagas e serviços de diálise para atender aqueles que estão mais vulneráveis”, alerta o presidente da SBN.

A estratégia de detecção precoce e a falta de vagas foram notificadas à ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, logo após a sua posse. A Sociedade Brasileira de Nefrologia solicitou uma audiência para discutir a crise na diálise, colocando membros e especialistas à disposição para a elaboração de planos e políticas públicas que tragam mais sustentabilidade ao setor e garanta aos brasileiros com doença renal crônica o direito de assistência à saúde assegurado na Constituição.

Campanha alerta para inclusão do exame no check-up anual dos brasileiros

Para especialistas da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), esse é um exemplo claro de como a patologia clínica é fundamental para o diagnóstico precoce de doenças, sobretudo doença renal, que é muito silenciosa e não costuma dar sinais antes do estágio grave.

A entidade é uma apoiadora da SBN na causa e mobilização para o Dia Mundial do Rim 2023, que tem como tema “Saúde dos rins (e exame de creatinina) para todos”. A médica patologista clínica Maria Gabriela de Lucca, coordenadora Comitê Pré/Pós-analítico da SBPC/ML, participa nesta quinta (9), às 19h, de uma live sobre doença renal e cuidado com os rins com o nefrologista João Fernando Picollo, pelo Instagram (Link).

“Pode ser clínico, ginecologista ou outro especialista qualquer. Mas precisa ser feito, pois a doença renal é silenciosa e evolui ao óbito sem que o paciente perceba a ponto de iniciar um tratamento”, explica a Dra Maria Gabriela.

Segundo ela, algumas doenças renais são provocadas por malformações, e não é possível revertê-las, mas muitas vezes há outras causas, como diabetes e hipertensão, uso continuado de medicamentos ou o próprio envelhecimento dos rins, e se descobertas em fases iniciais, o final pode ser outro. Mas no Brasil, muitas pessoas ainda não fazem esse exame.

Exames para monitorar a função renal

Quando a quantidade de creatinina encontrada no sangue está alta, significa que os rins não estão conseguindo filtrar essa substância produzida pelos músculos e que deveria estar sendo eliminada do organismo pela urina, concluindo-se pela necessidade de fazer outros exames que poderão definir o diagnóstico definitivo da doença renal crônica. É considerado alta quando apresenta resultado superior a 1,2mg/dL em homens e 1,0mg/dL em mulheres.
Além da creatinina que mostra a taxa de filtração glomerular estimada, a ureia também pode ser verificada. Resultados anormais dessas duas substancias são, com frequência, os primeiros sinais de uma doença renal. Para um diagnóstico mais preciso, recomenda-se ainda exame de urina para verificar se há presença de hemácias, leucócitos ou proteínas.

“Em pessoas com diabetes ou com hipertensão arterial, pesquisa-se microalbuminúria anualmente para detectar a lesão renal inicial. Se há suspeita de infecção, ela pode ser confirmada pela cultura de urina”, explica a médica da SBPC/ML. Em pacientes com lesão renal, os níveis sanguíneos de ureia e de creatinina também são medidos periodicamente para acompanhar a evolução da doença. Cálcio e fósforo no sangue, e eletrólitos no sangue e na urina podem ser afetados por doenças renais.
Por meio de um hemograma avalia-se o grau de anemia resultante da falta de eritropoietina, hormônio produzido nos rins que estimula a produção de hemácias. Já a proteinúria é usada para avaliar o resultado do tratamento na síndrome nefrótica. O paratormônio (PTH) pode estar elevado em doenças renais.

Como é feito o exame Creatinina?

Existem duas formas, a mais comum é com a coleta de sangue. Mas também pode ser feito na urina. É necessário fazer a higienização da área genital e anal, descartar a primeira urina do período, aquela que se faz logo ao acordar e após esse descarte, o paciente começa coleta de amostras de todas as urinas durante esse período de 24h. Deve-se usar o pote fornecido pelo próprio laboratório (ou comprado em farmácias), em todas as coletas e deixar armazenado na geladeira. Em alguns casos, o especialista pode indicar que o paciente não consuma proteína ou outros alimentos específicos um dia antes do início do ciclo de coleta.

Entenda a Doença Renal Crônica

  1. A DRC é uma condição em que os rins perdem gradualmente a capacidade de filtrar os resíduos e o excesso de líquidos do corpo, resultando em um acúmulo de toxinas no organismo. A doença pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em indivíduos com mais de 60 anos e em pessoas com diabetes, hipertensão arterial ou histórico familiar de doença renal3. Além disso, se não tratada corretamente, pode favorecer o desenvolvimento de outras doenças como a insuficiência cardíaca.
  1. A DRC tem uma forte associação com outras condições crônicas, como o diabetes e a insuficiência cardíaca. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 70% dos pacientes em tratamento de hemodiálise no Brasil têm diabetes como causa da DRC.
  2. Além disso, a insuficiência cardíaca (IC) também é uma das principais causas de mortalidade entre pessoas com DRC. De acordo com um estudo publicado na revista Heart Failure Reviews em 2020, a insuficiência cardíaca e a DRC são duas condições que frequentemente coexistem e que têm efeitos negativos mútuos, levando a um aumento da morbidade em pacientes com ambas as doenças.
  3. Sintomas, prevenção e tratamento

  4. Entre os principais sintomas da DRC estão a fadiga, inchaço nas pernas e tornozelos, alterações na cor e quantidade da urina, dificuldade para dormir, perda de apetite e dores nas costas.
  5. A prevenção é fundamental para evitar a progressão da DRC. Alguns hábitos que podem ajudar a manter a saúde renal incluem: manter uma dieta equilibrada e com baixo teor de sal, beber bastante água, evitar o consumo excessivo de álcool e cigarros, controlar a pressão arterial e o açúcar no sangue, e realizar exames regulares para verificar a saúde renal.
  6. Caso sejam identificados sintomas da doença, é importante procurar um médico nefrologista, especialista em doenças dos rins.
  7. Por isso, no Dia Mundial do Rim é importante lembrar que a prevenção da doença renal crônica é fundamentais para evitar complicações graves e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Cuidar da saúde renal é cuidar da saúde do corpo como um todo.
  8. Referências bibliográficas:
  9. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Dia Mundial do Rim 2023. Disponível em: Link. Acesso em: fevereiro de 2023.
  10. Kovesdy CP. Epidemiology of chronic kidney disease: an update 2022. Kidney Int Suppl (2011). 2022 Apr;12(1):7-11. doi: 10.1016/j.kisu.2021.11.003. Epub 2022 Mar 18. PMID: 35529086; PMCID: PMC9073222.
  11. National Kidney Foundation. Chronic Kidney Disease. Disponível em: Link. Acesso em: fevereiro de 2023.
  12. Wolfson E, Thompson S, Shukla A, et al. Chronic kidney disease and heart failure: a review of the epidemiology, pathophysiology, and management of two interconnected diseases. American Journal of Physiology – Renal Physiology. 2020;318(5):F1090-F1101. doi:10.1152/ajprenal.00108.2020
  13. Ministério da Saúde. Insuficiência Renal Crônica. Disponível em: Link. Acesso em: fevereiro de 2023.
  14. Butler J, Fonarow GC, Zile MR, et al. Developing therapies for heart failure with preserved ejection fraction: current state and future directions. Current Opinion in Cardiology. 2016;31(3):256-271. doi:10.1097/HCO.0000000000000272.
  15. Martens P, Verbrugge FH, Nijst P, Dupont M, Mullens W. Coexistence of Heart Failure and Chronic Kidney Disease: A Narrative Review on Pathophysiological Mechanisms, Clinical Presentation, Prognosis, and Management. Heart Fail Rev. 2020 Mar;25(2):201-213. doi: 10.1007/s10741-019-09834-5. PMID: 31583546.
  16. Com Assessorias
  17. Confira a série Especial Rins no Portal ViDA & Ação

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